A Versão Cefálica Externa (VCE) é um procedimento oferecido a grávidas cujo bebé se encontra em apresentação pélvica (sentado, com as nádegas para baixo) ou situação transversa (atravessado), desde que não existam contraindicações clínicas para a sua realização.
Apesar do nome parecer complexo, trata-se de uma técnica relativamente simples: um médico, com experiência específica neste procedimento, tenta mudar manualmente a posição do bebé, aplicando uma pressão controlada na barriga da grávida, com o objetivo de colocar o bebé de cabeça para baixo — a posição ideal para o parto vaginal.
Quando pode ser feita?
O momento ideal para realizar a VCE é por volta das 36 semanas de gravidez, uma vez que:
• Até essa fase, ainda há possibilidade de o bebé virar espontaneamente;
• A partir daí, o espaço no útero diminui, o que dificulta mudanças espontâneas de posição;
• Caso seja necessária uma cesariana, o bebé já terá maior probabilidade de ter atingido a maturidade pulmonar.
Em alguns casos selecionados, a VCE pode ainda ser tentada durante o início do trabalho de parto, desde que as membranas amnióticas estejam intactas e haja condições clínicas para tal.
Como é feita?
• A versão pode ser realizada por um ou dois profissionais de saúde, geralmente obstetras treinados nesta técnica.
• Todo o procedimento é monitorizado por ecografia, garantindo a segurança da mãe e do bebé.
• Costumam ser feitas até três tentativas, com pequenos intervalos entre elas, mas isso pode variar consoante o protocolo de cada hospital e as condições da grávida e do bebé.
• A grávida está acordada, consciente e acompanhada, podendo solicitar a interrupção da manobra em qualquer momento.
Para aumentar a taxa de sucesso e o conforto da grávida, pode ser administrado um medicamento que ajuda a relaxar o útero (tocolítico), reduzindo o desconforto e facilitando a mobilidade fetal.
É seguro?
A VCE é um procedimento seguro quando realizado por equipas experientes, em ambiente hospitalar e com os devidos cuidados. Contudo, como qualquer intervenção médica, não é isenta de riscos, embora estes sejam raros e geralmente reversíveis.
A complicação mais comum é uma diminuição transitória da frequência cardíaca do bebé, que costuma melhorar com a interrupção da manobra e com a grávida colocada em posição lateral esquerda. Por precaução, a VCE é feita com a grávida em jejum e com acesso imediato a uma sala de cirurgia, caso seja necessária uma cesariana de emergência — o que é extremamente raro.
Taxa de sucesso
A taxa de sucesso da VCE varia entre 30% e 80%, dependendo de vários fatores, como:
• Experiência da equipa;
• Posição e peso do bebé;
• Tonicidade do útero;
• Número de gravidezes anteriores.
Menos de 5% dos bebés que são virados com sucesso voltam à posição de pelve.
Importa referir que a VCE tem significativamente menos riscos do que uma cesariana, e quando bem-sucedida, permite um parto vaginal, com todos os seus benefícios para a mãe e para o bebé.
E se o bebé não virar?
É possível que o bebé ainda mude de posição espontaneamente até ao final da gravidez, especialmente até às 34–35 semanas. Caso isso não aconteça, existem abordagens complementares que algumas grávidas optam por tentar, tais como:
• Acupunctura;
• Moxabustão (uma técnica da Medicina Tradicional Chinesa com aquecimento de pontos específicos);
• Técnicas de alinhamento corporal como o Spinning Babies®, que podem ajudar a criar mais espaço na pelve e facilitar a rotação do bebé.
É importante que qualquer abordagem complementar seja feita com profissionais qualificados e com o conhecimento da sua equipa de saúde.
Na Unidade Local de Saúde do Médio Ave
Na Unidade Local de Saúde do Médio Ave, dispomos de uma equipa especializada na realização de Versão Cefálica Externa, com formação e experiência nesta técnica. Se o seu bebé estiver em apresentação pélvica ou transversa, poderá ser avaliada por esta equipa e receber informação individualizada e adequada ao seu caso.