As células estaminais (também conhecidas como células-tronco ou células-mãe) são um tipo especial de células que têm uma capacidade incrível: podem transformar-se noutros tipos de células do corpo, como células do sangue, da pele, dos ossos ou dos músculos.

Estas células existem no nosso corpo desde o nascimento e ajudam a reparar os tecidos sempre que há uma lesão ou quando algumas células morrem naturalmente. Por isso, têm um papel essencial na manutenção da nossa saúde ao longo da vida.

O que torna as células estaminais tão especiais?

As células estaminais têm três características principais:

  1.  Podem transformar-se em vários tipos de células do corpo (este processo chama-se diferenciação).

   2.  Podem multiplicar-se, criando novas células estaminais idênticas a si mesmas.

   3.  Podem dividir-se muitas vezes, ao longo do tempo, sem perderem a sua função.

De onde vêm as células estaminais?

As células estaminais podem ser recolhidas de várias partes do corpo, entre as quais:

    •  Sangue e tecido do cordão umbilical, logo após o nascimento;

    •  Medula óssea;

    •  Tecido adiposo (gordura);

    •  Sangue periférico (através de recolhas específicas).

sangue do cordão umbilical, por exemplo, é sempre 100% compatível com o bebé de quem foi recolhido, e pode também ser compatível com irmãos (com uma probabilidade superior a 25%).

Para que servem as células estaminais?

Atualmente, as células estaminais já são usadas para tratar doenças do sangue e do sistema imunitário, como leucemias e linfomas, através de transplantes de medula óssea ou de sangue do cordão umbilical. Nestes casos, as células saudáveis ajudam a substituir a medula óssea doente do doente.

tecido do cordão umbilical, por sua vez, é uma fonte rica em células chamadas mesenquimais, que são diferentes das do sangue do cordão. Estas podem transformar-se em tecidos como osso, cartilagem ou músculo, e estão a ser estudadas com grande interesse na área da medicina regenerativa — uma área que procura desenvolver novos tratamentos e até reconstruir órgãos danificados.

O que nos reserva o futuro?

Alguns estudos mostram que, quando combinadas com outras terapias, as células estaminais do tecido do cordão podem até ajudar a reduzir a rejeição em transplantes entre pessoas diferentes, graças à sua capacidade de modular a resposta do sistema imunitário.

Apesar do grande potencial, a maioria das utilizações das células estaminais ainda está em fase experimental. Em 2016, já existiam mais de 1000 ensaios clínicos com terapias baseadas em células estaminais (Pham, 2016), e esse número tem vindo a aumentar.

No entanto, atualmente, apenas algumas terapias estão aprovadas para uso clínico regular, nomeadamente:

    •  Transplantes de células estaminais para tratar doenças do sangue e do sistema imunitário;

    •  Tratamentos para queimaduras graves e lesões na córnea.

Outras aplicações muito promissoras, como o tratamento de doenças neurodegenerativas (como o Parkinson), problemas cardíacos ou doenças autoimunes, ainda estão a ser investigadas e testadas.

Em resumo

As células estaminais são uma esperança real no tratamento de várias doenças, e já estão a ser usadas com sucesso em alguns casos. No entanto, é importante ter expectativas equilibradas: ainda há muito por investigar, e muitas das suas utilizações ainda não estão prontas para uso generalizado.

O futuro da medicina regenerativa é promissor — mas para lá chegarmos com segurança, é essencial continuar a apoiar a investigação científica rigorosa e baseada em evidência.

Laqueação tardia ou recolha do sangue do cordão umbilical? O que diz a evidência científica?

Com base nas evidências científicas disponíveis, a recolha e armazenamento do sangue do cordão umbilical por até 25 anos não apresenta justificativas robustas para a maioria dos indivíduos. Eis os principais pontos a considerar:

1. Probabilidade de uso: A chance real de um indivíduo precisar usar suas próprias células estaminais recolhidas ao nascimento é muito baixa. Estudos estimam que a probabilidade de uso autólogo (para o próprio indivíduo) seja de aproximadamente 1 em 2700 (0,04%) até aos 21 anos de idade.

2. Benefícios da laqueação tardia: Há evidências significativas dos benefícios da laqueação tardia do cordão umbilical. O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas recomenda um atraso no clampeamento do cordão umbilical em bebés de termo e pré-termo vigorosos por pelo menos 30-60 segundos após o nascimento.

3. Benefícios para o recém-nascido: A laqueação tardia do cordão está associada a:

   –  Aumento dos níveis de hemoglobina e hematócrito ao nascimento

   –  Melhoria das reservas de ferro nos primeiros meses de vida

   –  Possível efeito favorável no desenvolvimento neurológico

   –  Redução da necessidade de transfusões sanguíneas em prematuros

   –  Diminuição da incidência de enterocolite necrosante e hemorragia intraventricular em prematuros.

4. Riscos mínimos: Os riscos associados à laqueação tardia são mínimos, com apenas um pequeno aumento na incidência de icterícia que requer fototerapia em bebés de termo.

5. Impacto a longo prazo: Estudos mostram que a laqueação tardia pode reduzir an anemia infantil e melhorar o desenvolvimento neurológico até aos 4 anos de idade.

Considerando estes fatores, a laqueação tardia do cordão umbilical parece oferecer benefícios mais imediatos e tangíveis para o recém-nascido do que a recolha e armazenamento do sangue do cordão para uso futuro incerto. A decisão deve ser individualizada, mas as evidências atuais favorecem a prática da laqueação tardia para a maioria dos bebés.

Então, o que escolher?

A decisão entre laquear o cordão mais tarde ou recolher o sangue deve ser informada, personalizada e baseada nas prioridades da família.

Se o objetivo principal é otimizar a saúde imediata do bebé e apoiar a transição fisiológica após o parto, a laqueação tardia é a escolha recomendada pela maioria das entidades científicas internacionais.

Se a família tem histórico de doenças hematológicas ou interesse pessoal na medicina regenerativa, pode ponderar a recolha do sangue do cordão, reconhecendo que isso implica abrir mão, parcial ou totalmente, dos benefícios da transfusão do sangue da placenta para o seu bebé.

Conclusão

A laqueação tardia do cordão umbilical traz benefícios comprovados e imediatos para a saúde do recém-nascido.

A recolha do sangue do cordão pode ser útil em contextos muito específicos, mas deve ser ponderada cuidadosamente.

Converse com a sua equipa de saúde, informe-se sobre os protocolos da sua maternidade e tome uma decisão alinhada com os seus valores e prioridades.

 

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