Contacto Pele-a-Pele

Após tanto tempo de ansiedade, espera e receios, chegou finalmente a hora de se encontrar face a face com o seu bebé pela primeira vez. O nascimento é o momento em que mãe e bebé se encontram numa ligação emotiva, intimista e muito profunda.

        Neste momento, tanto o seu corpo quanto o corpo do seu bebé são inundados de ocitocina como nunca acontece em nenhuma outra situação, promovendo o vínculo, a paixão entre mãe e bebé. O contato pele-a-pele promove ainda a regularização da respiração, do batimento cardíaco e da temperatura do bebé. O recém-nascido pode ser observado no seu colo e os procedimentos não-vitais podem ser adiados para depois. Caso não possa fazer o contacto pele-a-pele, este pode ser feito pelo acompanhante. Por outro lado, se preferir, o bebé pode ser observado e limpo imediatamente após o parto e ir para junto de si após ser pesado e vestido.

O contacto pele a pele promove:

  1. Controle da temperatura corporal do bebé: quando o bebé nasce, ele passa por uma mudança brusca de temperatura (a temperatura no útero é cerca de 35-36ºC). Quando o bebé é imediatamente colocado sobre o corpo da mãe, ocorre uma troca de calor e juntos eles vão equilibrar a temperatura. Com o esforço do parto, a mulher tem sua temperatura elevada, então essa troca beneficia ambos. Evitar a hipotermia com o calor da pele da mãe é de suma importância;
  2. Estabilização mais rápida da frequência cardíaca;
  3. Estabilização mais rápida da glicemia;
  4. Contacto do bebé com a flora da pele da mãe, isso estimulará a sua imunidade levando a uma melhor adaptação à vida extrauterina.

Os estudos mostram que recém-nascidos que passam por esse processo são mais saudáveis, têm menos risco de infeções e mais oportunidades de serem amamentados exclusivamente durante os seis primeiros meses de vida. O contato pele a pele é muito simples de ser feito: logo que o bebé nasce, não importa se de cesariana ou de parto normal, ele é colocado em contacto com a pele da mãe. Isto não poderá ocorrer se houver alguma alteração da vitalidade do bebé.

 

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Laqueação e Corte do Cordão Umbilical

A laqueação do cordão umbilical é muito mais que uma separação entre a mãe e o bebé. Ela envolve uma sequência de eventos fisiológicos que vão ser responsáveis pela adaptação circulatória e respiratória do bebé após o nascimento. Portanto, o momento da laqueação do cordão parece ter um grande impacto no bem-estar do recém-nascido.
 
A laqueação precoce do cordão é definida como aquela que é realizada nos primeiros 60 segundos após o nascimento. Por exclusão, a laqueação tardia é aquela que acontece após o 1º minuto de vida ou quando o cordão deixar de pulsar.
O momento ideal para a laqueação do cordão umbilical tem sido alvo de discussão. Atualmente, há evidências científicas suficientes que sugerem que o atraso na laqueação do cordão é seguro, não compromete a fase inicial de adaptação do recém-nascido, nem causa efeitos adversos maternos, resultando em benefícios significativos para os recém-nascidos de termo e pré-termo.
A OMS publicou algumas recomendações baseadas na compreensão de que o atraso da laqueação do cordão umbilical permite:

  1. a oferta de um volume de sangue adequado para que ocorram as adaptações do bebé à vida extrauterina reduzindo a necessidade de procedimentos de reanimação neonatal;
  2. a manutenção da oferta de oxigénio, enquanto o bebé não respira espontaneamente;
  3. o aumento nas reservas de ferro do bebé até 50% aos 6 meses de idade nos bebés nascidos a termo;
  4. a transferência adequada de imunoglobulinas e células estaminais;
  5. a redução de anemia infantil, de hemorragia intraventricular, de enterocolite necrotizante, de sépsis infantil e de transfusões de sangue.

Entretanto, existem algumas situações emergentes e urgentes em que poderá haver necessidade de fazer a laqueação precoce do cordão umbilical como p. ex., hemorragias maternas graves, estado fetal não tranquilizador que não responde a manobras de reanimação com o cordão intacto.

 

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Criopreservação de Células Estaminais

O efeito da laqueação tardia na colheita de sangue do cordão umbilical tem sido alvo de debate nos últimos anos também devido ao crescente uso da criopreservação das células do cordão umbilical. A laqueação tardia diminui significativamente o volume da colheita e a contagem total de células nucleadas do sangue do cordão umbilical.

A laqueação precoce aumenta o rendimento do sangue do cordão umbilical obtido. Portanto, a decisão de criopreservar ou não o sangue do cordão umbilical trata não só decidir guarda-lo ou não. Trata-se de escolher para onde deverá ir o sangue: para o laboratório de criopreservação (deverá ser feito a laqueação precoce do cordão umbilical) ou se será transferido para a circulação do recém-nascido (far-se-á a laqueação tardia do cordão umbilical).

Segundo o Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia (ACOG), o tempo de laqueação do cordão não deve ser alterado com a justificação da colheita posterior de sangue do cordão. Se não houver um destino imediato para o sangue do cordão umbilical (para a transfusão de um irmão, p. ex.), os benefícios para o recém-nascido da transfusão de um volume adicional de sangue, excedem os benefícios de guardar esse volume para o possível uso futuro.

 

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Placenta

Após o bebé nascer, aguarda-se a dequitadura (o nascimento da placenta). É a terceira fase do trabalho de parto e pode ocorrer entre poucos minutos até algumas horas. Pode aguardar a expulsão espontânea da placenta, vigiando a hemorragia, ou pode aceitar a realização de intervenções para abreviar este período como por ex.: o bebé mamar na 1ª hora de vida; verticalizar-se; a administração de ocitocina sintética pois esta ajuda a contração do útero e respetiva diminuição da hemorragia; realização de massagem uterina (através da sua barriga), com ligeira tração do cordão umbilical. Estes procedimentos, por vezes, são desconfortáveis e nem sempre necessários. Mas se estiver com uma hemorragia significativa irão massajar-lhe o útero para ajudá-lo a contrair e parar de sangrar.

 

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Amamentação

O leite materno é o alimento mais completo e adequado a cada bebé, dando-lhe não só os nutrientes, mas também enzimas e anticorpos que o ajudam a proteger. É a primeira “vacina” do bebé. Caso pretenda e possa amamentar, há benefício em iniciar a amamentação na primeira hora de vida do bebé. Logo após o parto, aquando do contacto pele a pele, poderá tentar dar a mama, colocando-o no seu peito para ele procurar a mama e iniciar espontaneamente a mamada. Outra vantagem da amamentação precoce é que ela “inunda” de ocitocina o organismo materno. Esta hormona está envolvida na vinculação mãe-bebé, é a hormona do amor: ela diminui a possibilidade do abandono materno, dos riscos de depressão pós-parto e também ajuda na contração uterina diminuindo as perdas de sangue.

A amamentação é um fenómeno intuitivo mas que, em alguns casos, poderá requerer alguma aprendizagem, tanto da sua parte como do bebé. Se necessário, peça ajuda. Às vezes o uso de biberão, chupetas ou bicos de silicone podem levar à confusão do bebé por causa do tipo de sucção pois exigem ação diferente da língua. Se não for possível o aleitamento materno, podem ser usados outros métodos para dar leite materno ao bebé, tais como: colher, conta-gotas, seringa ou um copinho. Na eventualidade de ter dúvidas sobre a compatibilidade de medicação que esteja/tenha que tomar durante a amamentação, sugerimos a consulta do site www.e-lactancia.org.

 

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Cuidados ao Recém-Nascido

Nascer é um tremendo esforço, não só por parte da mãe, mas também do bebé. É importante o respeito pela fisiologia na transição do recém-nascido para a vida extrauterina. Adaptar-se ao mundo aqui fora não é tarefa fácil. Suavizar o nascimento do bebê deveria ser a regra.
Seria maravilhoso se todos os bebés pudessem fazer isso com calma, sem pressa e num ambiente amoroso e delicado.
Afinal de contas, para humanizar o nascimento não é necessário “fazer coisas”. Justamente ao contrário, para suavizar o nascimento precisamos apenas “não fazer nada”.
 
 
Colírio/ Pomada
Assim que o bebé nasce, é aplicado um colírio/ pomada oftalmológica. Trata-se de um antibacteriano e tem por objetivo prevenir as infeções oculares causadas por bactérias como o gonococos e a clamídia que podem ser transmitidas pela mãe durante o nascimento por contacto vaginal. Com o surgimento desta prática houve uma redução da incidência da conjuntivite neonatal no final do século XIX, quando o problema acometia mais de 10% dos bebés e era a principal causa de cegueira infantil. Atualmente parece haver evidências científicas que apontam o benefício da profilaxia da conjuntivite neonatal.
 
 
Administração de Vitamina K
A vitamina K é uma vitamina com propriedades anti-hemorrágicas. É obtida através da dieta e também é sintetizada pelo microbioma da flora intestinal. Porém, ao nascer o intestino do RN é estéril e só será colonizado após a amamentação (o leite materno, porém, contém níveis baixos de vitamina K). Daí a necessidade de administrar um suplemento logo ao nascimento.

O défice de vitamina K pode causar hemorragia nas primeiras semanas de vida do bebé. Este problema é chamado Doença Hemorrágica do Recém-Nascido. A administração de vitamina K logo após o nascimento é uma prática comum, por prevenção. 

A administração desta vitamina pode ser feita via intramuscular ou oral, ambas com boa eficácia, sendo, a administração intramuscular feita em dose única e a oral em múltiplas doses.

Assim:

Via intramuscular – dose única – na face externa da coxa esquerda – após o nascimento. Esta via é a recomendada pela maioria dos centros de referência.

Via oral – foram propostos diferentes esquemas de administração. A posologia para a reposição é feita na forma de fitometadiona 2 mg no 1º, 7º e 30 dias de vida.

Portanto, se pretende fazer a administração de vitamina K via oral ao seu bebé, é importante assegurar que a administração ocorra de forma correta, para evitar eventos hemorrágicos que, embora raros, podem ser catastróficos. Deve, no entanto, estar atenta à grande dificuldade na aquisição deste medicamento na comunidade extra-hospitalar.

Também é importante perceber, que é possível fazer a administração intramuscular da vitamina K (assim como vacinas, testes e outras medicações injetáveis) de forma gentil e humanizada, com o bebé no seu colo, se esta for a sua escolha, sempre após a primeira hora de vida.

Existem algumas situações em que o risco de hemorragia cerebral ou gastrointestinal estão aumentados: parto prematuro, trabalho de parto prolongado e partos instrumentados. Nestes casos principalmente, aconselhamos ponderar fortemente a via de administração intramuscular.

 
 
Aspiração

A aspiração de vias aéreas do um recém-nascido ainda é, em alguns hospitais, prática de rotina. Uma sonda suga o muco na boca, no interior de cada bochecha, sem se aproximar da garganta. As narinas também são aspiradas, uma de cada vez. Raramente, este procedimento pode complicar-se com paragem respiratória.
De acordo com a recomendação da Organização Mundial da Saúde em Cuidados Intraparto para uma Experiência Positiva no Parto, 2018: “não deve ser efetuada a aspiração da boca e nariz se o líquido amniótico for claro e respiração espontânea”. A verdade é que ao nascer, os bebés são capazes de limpar as vias aéreas com tosse e espirro; bebés que nascem de parto normal têm os seus pulmões massageados na passagem do canal vaginal, de modo que acontece uma expulsão natural dos líquidos.
 
 

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Alojamento Conjunto

No princípio dos tempos, tal como já referimos, os partos eram realizados em casa e as crianças, permaneciam sempre junto das mães.

Quando os partos começaram a acontecer nos hospitais, como medida de contenção das infeções, as crianças foram colocadas em unidades à parte, chamadas de berçários, onde as mães para lá se deslocavam para amamentá-los. Nestas unidades os cuidados eram da responsabilidade das enfermeiras.

Atualmente os recém-nascidos voltaram para junto das suas mães a tempo inteiro, uma vez que verificou-se haver vantagens para ambos. A essa “nova”(velha) prática, chamou-se alojamento conjunto.

Uma vez que existe uma participação cada vez mais ativa, por parte dos progenitores acredita-se que este alojamento conjunto deve ser estendido a eles também.

Assim, desde 2014 que este alojamento está legislado pelo decreto lei nº 15/2014, de 21 de março.

 

VANTAGENS DO ALOJAMENTO CONJUNTO
  • favorece o relacionamento entre mãe e bebé, fortalecendo a vinculação;
  • proporciona satisfação, tranquilidade e confiança a ambos;
  • observação constante do bebé diminuindo a ansiedade
  • mais segurança da mãe na sua nova função;
  • observação constante do seu bebé e seu comportamento, identificando qualquer alteração do normal e comunicação à equipa de saúde;
  • mais oportunidades de ensino/ aprendizagem equipa de enfermagem e progenitores, sobre os cuidados necessários ao RN, como banho, alimentação;
  • facilita o contato e esclarecimento de dúvidas com equipa de saúde, que faz as visitas médicas quer ao bebé quer á mãe;
  • promove a participação ativa do pai nos cuidados ao bebé, reforçando a vinculação e união da família;
  • favorece a amamentação, pois recém-nascido e mãe estão lado a lado permanentemente e pode mamar sempre que quiser, sem horários e com ajuda da equipa de enfermagem, se necessário.

 

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Banho do recém-nascido

Segundo diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS) para os cuidados com o recém-nascido, a remoção da vernix deve ser adiada por pelo menos 24 horas após o nascimento. A vernix caseosa é uma substância gordurosa branca, que é formado pelo acumular de secreção das glândulas sebáceas e inclui células epiteliais e lanugem, que recobrem a pele ao nascimento. Essa substância pode estar presente sob a forma de uma camada muito fina ou muito espessa e que normalmente é todo reabsorvido em torno de 24 horas.

Na maior parte das vezes, bebés mais maduros, com mais de 40 semanas, apresentam menos vernix. Já os mais prematuros costumam nascer protegidos por essa barreira. Durante a vida intrauterina, a vernix protege a pele do bebé impermeabilizando-a fazendo uma barreira contra ações bacterianas. Após o nascimento ela continua a proporcionar proteção ao bebé, portanto, exceto em situações específicas, NÃO deve ser retirada.

Também porque esta pasta é rica em bactérias que vieram da mãe e que irão formar o microbioma que vai colonizar os intestinos e todo o corpo do bebé, evitando que outras bactérias prejudiciais possam fazer esta colonização. A manutenção da barreira protetora da pele logo após o nascimento é de fundamental importância para uma boa adaptação à vida extrauterina e também para uma boa regulação da temperatura corporal do bebé.

A remoção precoce da vernix deve ser feita em caso de RN de mães com HIV, história de infeções prévias e perinatais e também em casos de líquido amniótico meconial ou fétido.

O banho acaba por ser uma experiência sensorial muito intensa para o bebé, pois ele vivenciará inúmeras sensações novas: a ação da gravidade, o quente e o frio, o toque, sensação de estar molhado, seco, o cheiro… quanto mais tempo ele tiver para se adaptar ao ambiente extrauterino, menor será o desconforto que vai sentir.

Muito importante: o banho deve ser dado pelos pais, pois este é um momento de conexão muito grande para a família. Quando o bebé chorar, o colo dos pais estará ali para aconchega-lo oferecendo a sensação de segurança para ele, tão importante nesta fase.

 

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Vacinas

A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ter diversas causas, sendo a mais comum a vírica. A hepatite causada pelo vírus da hepatite B é, talvez a mais perigosa e grave, podendo ser fatal. As principais formas de contágio são o contacto sexual e a partilha de seringas entre os que utilizam drogas injetáveis. A transmissão trans-placentar também pode ocorrer se a mãe for portadora.  A hepatite pode ser prevenida, pela vacinação que tem uma eficácia de cerca de 95% e é administrada em três doses. De acordo com o Plano Nacional de Vacinação vigente em Portugal ,  a administração da vacina contra a hepatite B ( Engerix B) deve ser feita antes da alta hospitalar.

A tuberculose é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como Bacilo de Koch. A sua transmissão ocorre de pessoa para pessoa por via aérea e, por isso apenas são contagiosas as pessoas com tuberculose pulmonar ou laríngea. Cada vez que um doente tosse, espirra ou fala liberta pequenas gotículas que transportam o bacilo de Koch e podem contaminar. A vacina contra a tuberculose (BCG) desde 2015, só é administrada, nos Centros de Saúde, aos bebés de risco.

 

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