Durante a preparação para o parto vai descobrir que alguns acessórios ou técnicas poderão aumentar o seu conforto e aliviar a dor durante o trabalho de parto. Vai aprender a usá-los e descobrir quais são aqueles que poderão ajudá-la.
Verifique se a maternidade possui os equipamentos que acha que lhe serão úteis. Contacte a instituição para saber se é possível levar o seu próprio material, se assim o desejar.
Porque são importantes?
Os equipamentos e técnicas de apoio no trabalho de parto não são apenas acessórios – são ferramentas valiosas que podem transformar a sua experiência de parto. Estudos científicos mostram que o uso destes recursos pode:
- Reduzir significativamente a perceção da dor
- Diminuir a necessidade de analgésicos
- Encurtar o tempo de trabalho de parto
- Aumentar a sua sensação de controlo durante o processo
- Diminuir a probabilidade de intervenções médicas
- Promover uma experiência de parto mais positiva
Como escolher o que é melhor para si?
Cada mulher é única, e o que funciona para uma pode não funcionar para outra. Ao preparar-se para o parto, considere:
- As suas preferências pessoais
- A sua condição física
- O tipo de parto que deseja
- As recomendações do seu médico ou parteira
- O que está disponível na sua maternidade
Nas aulas de preparação para o parto, poderá experimentar diversos equipamentos e técnicas para descobrir quais lhe trazem mais conforto. Esta experiência prévia será valiosa quando estiver em trabalho de parto.
Como incluir no seu plano de parto?
No seu plano de parto, pode indicar os equipamentos e técnicas que gostaria de utilizar. Por exemplo:
“Gostaria de ter acesso a uma bola de parto durante o trabalho de parto.”
“Pretendo utilizar água quente (chuveiro ou banheira) para alívio da dor.”
“Desejo poder movimentar-me livremente e utilizar diferentes posições durante o trabalho de parto.”
Verificação Prévia com a Maternidade
Diferentes instituições têm diferentes recursos disponíveis. Algumas semanas antes da data prevista para o parto, recomendamos que verifique:
- Quais os equipamentos disponíveis na maternidade
- Se pode levar o seu próprio material (como bola de parto, rebozo, etc.)
- Se existem restrições ao uso de certos equipamentos em determinadas situações
- Se é necessário fazer alguma reserva prévia (por exemplo, para uma sala com banheira)
Esta verificação pode ser feita durante uma visita à maternidade ou através de um outro contactocom o Serviço de Obstetrícia.
Flexibilidade é a chave
É importante manter a mente aberta e ser flexível durante o trabalho de parto. Algo que pensou que seria muito útil pode não ser tão eficaz como esperava, enquanto outro recurso que não tinha considerado pode revelar-se extremamente valioso.
A equipa de profissionais que a acompanha poderá sugerir alternativas adequadas ao seu caso específico e à forma como o seu trabalho de parto está a progredir.
Nas secções seguintes, vamos explorar em detalhe os diferentes equipamentos e técnicas disponíveis para apoiar o seu trabalho de parto, explicando como funcionam e quais os seus benefícios específicos.
BOLA DE PARTO



O que é?
A bola de parto é uma bola grande e resistente, feita de material antirrebentamento, semelhante às utilizadas em aulas de pilates ou fisioterapia. É um dos instrumentos mais populares e eficazes para ajudar durante o trabalho de parto.
Como pode ajudar?
Qualquer atividade física durante o trabalho de parto é sempre muito bem-vinda, e a bola de parto é uma excelente aliada neste processo. Estudos científicos mostram que usar a bola durante o trabalho de parto pode:
- Reduzir a intensidade da dor em cerca de 40%
- Encurtar o tempo de trabalho de parto
- Diminuir a necessidade de medicação para a dor
- Facilitar a descida do bebé pelo canal de parto
- Melhorar a satisfação com a experiência do parto
Como utilizar?
Existem várias formas de utilizar a bola durante o trabalho de parto:
Sentada na bola: Balance-se suavemente para a frente e para trás, ou de um lado para o outro. Pode também fazer movimentos circulares ou em forma de oito com a anca. Estes movimentos ajudam a aliviar as dores e facilitam a descida do bebé, pois permitem um relaxamento na região lombar e um alongamento do pavimento pélvico.
Abraçada à bola: Ajoelhe-se no chão ou na cama, abraçe a bola contra o peito e incline o corpo para a frente, apoiando os ombros e peito na bola. Esta posição pode ser extremamente relaxante para a região lombar e abdominal, especialmente se o bebé estiver posicionado com as costas contra as suas costas.
Encostada à parede: Coloque a bola entre a parede e as suas costas, e dobre ligeiramente os joelhos. Esta posição permite-lhe descansar as costas enquanto se mantém de pé.
Ao libertarmos a tensão dos músculos da região pélvica, melhoramos a circulação sanguínea e os estímulos nervosos, favorecendo o trabalho de parto como um todo.
Qual o tamanho certo para si?
É importante escolher uma bola com o tamanho adequado à sua altura, para que possa sentir-se segura e confortável:
- Se tiver até 1,60m de altura: bola de 55cm de diâmetro
- Entre 1,60m e 1,73m: bola com 65cm de diâmetro
- Mais de 1,73m de altura: bola com 75cm de diâmetro
Quando sentada na bola, os seus joelhos devem estar aproximadamente ao mesmo nível das ancas, ou ligeiramente mais baixos, formando um ângulo de 90° a 100°.
É preferível que a bola não esteja totalmente cheia, pois poderá reduzir a sua sensação de segurança e dificultar os exercícios. Deve conseguir afundar ligeiramente quando se senta, mas não demasiado.
Preparando-se para o grande dia
Informe-se com antecedência se vai precisar de levar a sua própria bola para o hospital, ou se a maternidade disponibiliza este equipamento. Se for comprar uma bola, procure modelos anti-derrapante e anti-perfuração, que são mais seguros.
Pratique com a bola durante a gravidez para se familiarizar com ela. Isto ajudará a fortalecer os músculos das pernas e do pavimento pélvico, e dará mais confiança para a utilizar durante o trabalho de parto.
Dicas úteis
- Utilize a bola numa superfície não escorregadia
- Tenha alguém por perto para apoio e segurança
- Alterne entre diferentes posições para descobrir o que funciona melhor para si
- Respire profundamente enquanto faz os movimentos
- Se sentir tonturas ou desconforto, pare e mude de posição
A experiência de outras mães
Muitas mães relatam que a bola foi o seu recurso favorito durante o trabalho de parto. Uma revisão sistemática publicada no Journal of Perinatal Education concluiu que as mulheres que utilizaram a bola sentiram maior controlo sobre o seu parto e uma redução significativa na perceção da dor.
Lembre-se que cada trabalho de parto é único, e o importante é encontrar as posições e técnicas que funcionam melhor para si e para o seu bebé. A bola de parto é apenas uma das muitas ferramentas disponíveis para tornar esta experiência mais confortável.
BOLA AMENDOIM

O que é a bola amendoim?
A bola amendoim tem este nome porque a sua forma lembra a casca de um amendoim – mais estreita no meio e mais larga nas extremidades. É uma versão adaptada da bola de parto tradicional, especialmente desenhada para oferecer mais estabilidade e conforto durante o trabalho de parto.
Como pode ajudar?
A forma única da bola amendoim, com a parte central mais estreita, permite à grávida envolvê-la confortavelmente com as pernas. Esta característica torna-a especialmente útil para:
- Manter a mobilidade mesmo quando está na cama
- Aliviar dores nas costas e na região pélvica
- Facilitar movimentos que ajudam na descida do bebé
- Proporcionar maior estabilidade que a bola redonda comum
É uma preciosa ajuda para aquelas mulheres que não querem ou não podem sair da cama, seja por opção pessoal, por indicação médica ou após receberem analgesia epidural.
Benefícios comprovados
Estudos científicos têm demonstrado que a utilização da bola amendoim durante o trabalho de parto pode trazer vários benefícios:
- Facilita a passagem do bebé: Ao sentar-se sobre a bola, a sua utilização permite modificar os diâmetros da bacia materna, criando mais espaço para o bebé passar pelo canal de parto.
- Reduz o desconforto: Os movimentos suaves na bola amendoim ajudam a aliviar a dor e a pressão, principalmente na região lombar.
- Pode encurtar o trabalho de parto: Investigações mostram que a mobilidade proporcionada pela bola amendoim pode ajudar a reduzir a duração do trabalho de parto.
- Diminui a probabilidade de intervenções: O seu uso está associado a uma menor necessidade de fórceps, ventosas ou cesariana, uma vez que facilita o posicionamento correto do bebé.
- Melhora a circulação sanguínea: Os movimentos suaves estimulam a circulação, o que beneficia tanto a mãe como o bebé.
Como utilizar a bola amendoim
A bola amendoim pode ser usada de várias maneiras durante o trabalho de parto:
- Sentada sobre a bola
- Sente-se na bola com a parte central estreita entre as suas pernas
- Balance-se suavemente para a frente e para trás ou de lado a lado
- Faça pequenos movimentos circulares com a anca
- Mantenha sempre os pés bem apoiados no chão para maior segurança
- Deitada de lado abraçando a bola
- Deite-se de lado na cama e coloque a bola à sua frente
- Envolva-a com os braços e a perna de cima
- Esta posição é especialmente boa para descansar entre contrações
- De gatas apoiada sobre a bola
- Coloque-se de gatas e apoie a parte superior do corpo sobre a bola
- Esta posição é excelente para aliviar dores nas costas, especialmente se o bebé estiver posicionado com as costas contra as suas costas (posição occipito-posterior)
Quando utilizar
A bola amendoim é versátil e pode ser usada:
- Durante a fase de dilatação (primeiro estádio do trabalho de parto)
- Durante a fase de expulsão (segundo estádio, quando faz força para o bebé nascer)
- Mesmo após receber epidural (com a devida supervisão)
- Durante a gravidez para treinar e preparar o corpo
Tamanho adequado
Tal como acontece com a bola redonda tradicional, é importante escolher o tamanho adequado:
- Para mulheres com altura até 1,65m: bola amendoim de 45cm x 90cm
- Para mulheres com mais de 1,65m: bola amendoim de 55cm x 110cm
A bola deve estar suficientemente cheia para oferecer apoio, mas com alguma elasticidade para maior conforto.
Dicas de segurança
- Certifique-se que a bola é anti-furo
- Utilize sempre em superfícies não escorregadias
- Tenha sempre alguém por perto para ajudar a manter o equilíbrio
- Se sentir tonturas ou desconforto, pare e mude de posição
Pergunte na sua maternidade
Muitas maternidades já disponibilizam bolas amendoim para utilização durante o trabalho de parto. Informe-se com antecedência se este é o caso na instituição onde planeia ter o seu bebé. Se não estiver disponível e considerar que este recurso poderá ser útil para si, verifique se pode levar a sua própria bola.
Experiência prática antes do parto
Se possível, experimente utilizar a bola amendoim durante a gravidez. Isto irá ajudá-la a familiarizar-se com o equipamento e a descobrir quais os movimentos e posições que lhe são mais confortáveis.
Algumas aulas de preparação para o parto incluem exercícios com a bola amendoim, o que pode ser uma excelente oportunidade para aprender a utilizá-la corretamente antes do grande dia.
DISCO DINÂMICO

O que é o disco dinâmico?
O disco dinâmico (também conhecido como disco de parto ou almofada de balanço) é uma pequena almofada de ar ou espuma firme, geralmente com cerca de 30 a 35 cm de diâmetro. A sua superfície ligeiramente instável permite pequenos movimentos mesmo quando está sentada ou deitada, o que pode ser extremamente útil durante o trabalho de parto.
Para que serve?
Os discos dinâmicos são usados nas salas de parto quando a grávida perdeu a capacidade de se mover livremente no chão, geralmente devido à anestesia epidural. Usado com a grávida sentada ou deitada, com as nádegas sobre o disco, permite alguns movimentos da bacia, auxiliando o relaxamento dos ligamentos, a libertação do cóccix e, consequentemente, aumentando os diâmetros da bacia.
Esta mobilidade, mesmo que reduzida, é muito importante pois:
- Mantém o trabalho de parto ativo
- Ajuda o bebé a encontrar o melhor caminho para nascer
- Pode aliviar a pressão e o desconforto
- Permite que continue a beneficiar dos efeitos da gravidade
Quando é mais útil?
O disco dinâmico é especialmente útil nas seguintes situações:
- Após a administração da epidural: Quando já não consegue andar, mas ainda pode sentar-se na cama ou numa cadeira
- Em caso de monitorização contínua: Quando precisa de estar ligada a equipamentos de monitorização fetal
- Durante períodos de cansaço: Quando precisa de descansar, mas quer manter alguma mobilidade
- Em fases avançadas do trabalho de parto: Para ajudar na descida do bebé no canal de parto
Como utilizar o disco dinâmico?
Existem várias formas de utilizar o disco dinâmico durante o trabalho de parto:
Sentada na cama:
- Coloque o disco na cama e sente-se sobre ele
- Balance suavemente a anca para a frente e para trás ou em movimentos circulares
- Mantenha as costas apoiadas em almofadas ou no seu acompanhante
Na cadeira de parto:
- Coloque o disco na cadeira de parto e sente-se sobre ele
- Segure-se nos apoios laterais para maior estabilidade
- Faça movimentos suaves com a bacia
Deitada de lado:
- Coloque o disco entre os joelhos
- Este posicionamento ajuda a manter a bacia aberta e pode aliviar a pressão nas costas
Benefícios comprovados
Estudos científicos têm demonstrado que manter alguma mobilidade da bacia durante o trabalho de parto, mesmo com epidural, traz diversos benefícios:
- Trabalho de parto mais curto: A revisão de Lawrence et al. (2013) na Cochrane Library mostrou que manter alguma mobilidade pode reduzir a duração do primeiro estádio do trabalho de parto em cerca de 1,5 horas.
- Menos intervenções: A mobilidade, mesmo que limitada, está associada a uma menor taxa de partos instrumentados (fórceps ou ventosas) e cesarianas.
- Melhor posicionamento do bebé: Os pequenos movimentos da bacia podem ajudar o bebé a rodar e a encontrar a melhor posição para nascer.
- Maior satisfação: As mulheres que conseguem manter alguma mobilidade durante o trabalho de parto relatam maior satisfação com a experiência.
A importância da mobilidade mesmo com epidural
Durante muito tempo, acreditou-se que as mulheres com epidural deveriam permanecer completamente imóveis. No entanto, a investigação atual mostra que manter alguma mobilidade, mesmo com analgesia epidural, pode melhorar os resultados do parto.
As novas fórmulas de epidural (conhecidas como “epidural de baixa dose” ou “epidural móvel”) permitem mais movimento que as fórmulas tradicionais, e o disco dinâmico é um excelente complemento para aproveitar esta vantagem.
Está disponível na sua maternidade?
Nem todas as maternidades disponibilizam discos dinâmicos. Se considera que este recurso pode ser importante para o seu trabalho de parto:
- Pergunte durante a visita à maternidade se têm discos dinâmicos disponíveis
- Se não tiverem, verifique se pode levar o seu próprio disco
- Inclua esta preferência no seu plano de parto
Alternativas ao disco dinâmico
Se a maternidade não dispuser de discos dinâmicos e não puder levar o seu próprio disco, existem algumas alternativas:
- Almofada enrolada: Uma almofada firmemente enrolada pode proporcionar alguma instabilidade e permitir pequenos movimentos
- Toalha enrolada: Semelhante à almofada, uma toalha grossa enrolada pode servir como alternativa básica
- Bola pequena: Uma bola pequena e macia pode ser colocada sob as nádegas para permitir algum movimento
Lembre-se de que qualquer alternativa deve ser discutida com a equipa de profissionais que a acompanha durante o parto para garantir que é segura e adequada à sua situação específica.
Combinação com outras técnicas
O disco dinâmico pode ser combinado com outras técnicas de alívio da dor e promoção do conforto durante o trabalho de parto, como:
- Respiração controlada
- Massagem nas costas
- Aplicação de calor ou frio
- Técnicas de visualização e relaxamento
A combinação de diferentes abordagens pode proporcionar um alívio mais completo e uma experiência de parto mais positiva.
BANCO DE PARTOS

O que é o banco de partos?
O banco de partos é um equipamento especialmente concebido para ajudar no momento do nascimento do bebé. Com uma forma redonda ou semicircular e uma altura normalmente entre 30 e 40 cm, a sua característica mais distintiva é ser aberto na parte da frente, permitindo acesso ao períneo (área entre a vagina e o ânus).
Como ajuda no trabalho de parto?
O banco de partos facilita o nascimento do bebé, uma vez que permite à grávida adotar uma postura mais vertical, o que vai ajudar na fase final do parto. Esta posição vertical traz vários benefícios:
- Aproveita a força da gravidade: Ajuda o bebé a descer naturalmente pelo canal de parto
- Aumenta os diâmetros da bacia: A abertura da bacia pode aumentar até 30% em comparação com a posição deitada
- Melhora a eficácia das contrações: As contrações tornam-se mais fortes e eficientes
- Reduz a compressão dos vasos sanguíneos: Melhora a circulação e o fornecimento de oxigénio para o bebé
Não é um banco comum, pois é aberto na frente para permitir total liberdade do osso do cóccix (o último osso da coluna) e da bacia. Esta abertura é fundamental, pois permite que o cóccix se mova para trás durante a passagem do bebé, criando mais espaço no canal de parto.
Benefícios comprovados
Vários estudos científicos têm demonstrado os benefícios do uso do banco de partos:
- Trabalho de parto mais curto: Investigações mostram uma redução média de 20 minutos na duração da fase de expulsão (quando faz força para o bebé nascer)
- Menor necessidade de episiotomia: A taxa de cortes no períneo pode ser reduzida em até 30%
- Menor necessidade de intervenções: Menor uso de fórceps ou ventosas
- Maior satisfação materna: As mulheres relatam uma experiência mais positiva e maior sensação de controlo
Apoio do acompanhante
Uma das vantagens do banco de partos é que permite a participação ativa do acompanhante. A grávida pode ter o acompanhante ou outra pessoa a dar-lhe apoio nas costas, onde pode receber uma massagem relaxante ou de alívio.
O acompanhante pode sentar-se numa cadeira ou num banco ligeiramente mais alto atrás da grávida, dando-lhe suporte físico e emocional. Esta proximidade fortalece a sensação de segurança e apoio durante o momento do nascimento.
Receber o seu próprio bebé
Parir no banco de parto permite à grávida, se assim o desejar, ser ela própria a receber o seu bebé. Por estar numa posição sentada e com visibilidade do períneo, muitas mulheres conseguem tocar a cabeça do bebé à medida que este vai nascendo e, em alguns casos, ajudar a recebê-lo com as próprias mãos.
Esta experiência pode ser muito especial e empoderamento para a mãe, criando uma ligação imediata com o bebé e reforçando o seu papel ativo no nascimento.
Cuidados importantes a ter
É importante ter em atenção que devemos ir para o banco pouco tempo antes do bebé nascer, pois se ficarmos muito tempo ali podemos desenvolver um inchaço importante no períneo. Idealmente, o banco deve ser utilizado apenas na fase final do trabalho de parto, quando sentir vontade de fazer força.
Outra coisa a ter em consideração é não colocarmos todo o peso do corpo no banco, pois isso pode causar uma distensão excessiva do pavimento pélvico e aumentar o risco de lacerações. É recomendável:
- Distribuir parte do peso nos pés, mantendo-os bem apoiados no chão
- Apoiar-se parcialmente no acompanhante ou em barras laterais, ou pano preso no teto, se disponíveis
- Levantar-se periodicamente para mudar de posição e aliviar a pressão
Quando é mais indicado?
O banco de partos pode ser especialmente útil nas seguintes situações:
- Quando o trabalho de parto está a progredir lentamente
- Quando o bebé está numa posição que dificulta a descida pelo canal de parto
- Quando a mulher sente forte desejo de estar numa posição vertical
- Quando a posição deitada causa muito desconforto ou dor nas costas
Existe na sua maternidade?
Nem todas as maternidades em Portugal dispõem de bancos de parto. Se esta é uma opção que gostaria de considerar para o seu parto:
- Pergunte durante a visita à maternidade se têm bancos de parto disponíveis
- Verifique se a equipa tem experiência com o uso deste equipamento
- Inclua esta preferência no seu plano de parto
Algumas maternidades mais orientadas para o parto natural costumam ter este recurso disponível, mas é sempre melhor verificar com antecedência.
Alternativas ao banco de partos
Se a maternidade não dispuser de um banco de partos, existem outras posições verticais que podem oferecer benefícios semelhantes:
- Posição de cócoras: Aumenta também os diâmetros da bacia (pode ser auxiliada pelo acompanhante ou por barras de apoio)
- De joelhos apoiada na cama: Permite alguma verticalidade e alivia a pressão no períneo
- Em pé apoiada: Aproveita a gravidade e permite movimento livre da bacia
Lembre-se que o mais importante é encontrar posições que sejam confortáveis para si e que ajudem o seu bebé a nascer da forma mais natural possível.
HIDROTERAPIA (PISCINA/ CHUVEIRO)

Hidroterapia no Trabalho de Parto: O Conforto da Água Quente
A utilização da água quente durante o trabalho de parto é uma prática muito antiga — conhecida desde a Grécia Antiga — e continua a ser uma das formas naturais mais eficazes para proporcionar conforto físico e emocional à mulher neste momento tão importante.
A hidroterapia (uso da água como terapia) pode ser feita de várias formas: através de duches com água morna, banhos de imersão ou em piscinas próprias para o parto. Esta técnica tem vindo a ganhar cada vez mais reconhecimento por ajudar a reduzir a dor e melhorar a experiência do parto.
O Que a Água Quente Pode Fazer Por Si
- Alivia a dor: A água morna reduz bastante a dor das contrações, podendo diminuir a necessidade de outros métodos de alívio da dor, como a epidural.
- Ajuda a relaxar: Dentro de água, sentimos uma sensação de leveza e bem-estar que ajuda a relaxar o corpo e a mente.
- Facilita os movimentos: Na água, é mais fácil movimentar-se e mudar de posição, o que ajuda durante o trabalho de parto.
- Melhora a circulação: O calor da água faz com que os vasos sanguíneos se dilatem, melhorando a oxigenação dos tecidos e a elasticidade dos músculos.
- Reduz a necessidade de intervenções: O relaxamento proporcionado pela água está associado a menos intervenções médicas e a uma melhor preservação do períneo.
- Aumenta a privacidade: Muitas mulheres sentem-se mais protegidas e menos expostas, o que pode ajudar o parto a progredir melhor.
Como e Quando Usar a Água?
A hidroterapia pode ser utilizada em diferentes momentos do trabalho de parto:
- Durante a dilatação (fase inicial): Há bons estudos que mostram que a imersão em água morna nesta fase ajuda a aliviar a dor e pode tornar o trabalho de parto mais curto.
- No momento do nascimento: O bebé pode nascer dentro de água, desde que existam as condições adequadas. Esta opção deve ser avaliada caso a caso, sempre com o acompanhamento de profissionais.
A água deve estar a uma temperatura agradável, entre 35°C e 37°C, e deve cobrir o corpo da grávida até ao nível das mamas (quando sentada).
O tempo que cada mulher passa na água varia conforme o seu conforto. Muitas grávidas ficam cerca de 2 a 3 horas, mas ficar demasiado tempo pode, por vezes, fazer com que as contrações abrandem.
Quando É Preciso Sair da Água?
É necessário interromper a hidroterapia nas seguintes situações:
- Se tiver febre ou houver suspeita de infeção;
- Se houver alterações nos batimentos cardíacos do bebé;
- Se o trabalho de parto parar de progredir;
- Se ocorrer sangramento vaginal significativo.
Posso usar a Epidural e a Água ao Mesmo Tempo?
Não. A analgesia epidural não é compatível com a imersão em água, pelos seguintes motivos:
- A diminuição da sensibilidade nas pernas pode ser perigosa ao entrar ou sair da água;
- O local onde o cateter da epidural é colocado pode permitir a entrada de microrganismos presentes na água;
- A epidural exige monitorização constante e, muitas vezes, outros equipamentos (como soro na veia ou sonda na bexiga), que não podem ser usados na água.
Posso Ter o Meu Bebé Dentro de Água?
Sim, é possível. No entanto, o parto na água ainda divide opiniões entre os profissionais. Enquanto o uso da água durante o trabalho de parto é amplamente aceite, o nascimento dentro da água deve ser bem avaliado, considerando:
- Se a gravidez decorreu sem problemas;
- Se a grávida fez uma preparação específica para este tipo de parto;
- Se existem profissionais experientes e locais adequados (como piscinas próprias para parto).
Esta Opção Está Disponível em Portugal?
Atualmente, o acesso à hidroterapia no parto em hospitais públicos e privados ainda é limitado. Por isso, se deseja utilizar este recurso, recomendamos:
- Informar-se com antecedência sobre os hospitais ou clínicas que oferecem esta opção;
- Incluir esta preferência no seu plano de parto;
- Conversar sobre isto com a equipa de saúde que acompanha a sua gravidez.
Resumindo
A hidroterapia é uma forma segura e eficaz de aliviar naturalmente a dor durante o trabalho de parto. Permite à grávida viver o parto com mais autonomia, conforto e tranquilidade. O parto na água, quando possível e adequado, pode ser uma extensão deste cuidado — sempre com base em informação clara, segurança e escolhas conscientes.
No seu plano de parto, cada escolha é importante. A água pode ser uma grande aliada na sua experiência de parto.
Segue o parecer da Direcção do Colégio da Especialidade de Ginecologia/Obstetrícia sobre o uso de água no trabalho de parto:
“Não existem evidências científicas que validem a segurança e a eficiência deste tipo de procedimento, particularmente, no que diz respeito ao recém-nascido. De facto, embora uma análise da literatura científica sobre nascimentos subaquáticos identifique alguns estudos positivos, a falta de controlos científicos adequados, um número significativo de mortes e de doenças infantis não permitem recomendar e apoiar os partos na água. Não há nenhuma evidência convincente de benefício para o recém-nascido, mas alguma preocupação de dano grave. Portanto, o trabalho de parto e/ou o nascimento subaquático devem ser considerados procedimentos experimentais, que não devem ser realizados, exceto dentro do contexto de ensaios clínicos, adequadamente concebidos e após o consentimento informado das parturientes.
As apaixonadas alegações a favor do parto/nascimento na água carecem de fundamento, sendo baseadas em evidências anedóticas, sem ensaios clínicos randomizados que permitam uma avaliação baseada em evidências sobre a segurança e os benefícios dos nascimentos em meio aquático.
A introdução de qualquer procedimento clínico num serviço de ação médica pressupõe que o responsável por essa implementação, assegurou uma cobertura em recursos humanos capaz de garantir assistência sem quebras de continuidade até os procedimentos estarem concluídos. Assim, o responsável pela introdução do procedimento clínico num serviço deve ter em consideração o disposto no artigo 3º. do Código Deontológico destinado a médicos:
(Independência dos médicos)
- O médico, no exercício da sua profissão, é técnica e deontologicamente independente e responsável pelos seus atos.
Acresce, ainda, que, segundo a nossa interpretação do número 3 do referido artigo 3º., apesar da existência de hierarquias técnicas institucionais, legal ou contratualmente estabelecidas, em nenhum caso, um médico pode ser constrangido a praticar atos médicos contra sua vontade, sem prejuízo do disposto no artigo 7º. e 41º., número
- Por outro lado, o Artigo 33º. (Condições de exercício) refere que:
- O médico deve exercer a sua profissão em condições que não prejudiquem a qualidade dos seus serviços e a especificidade da sua Acão, não aceitando situações de interferência externa que lhe cerceiem a liberdade de fazer juízos clínicos e éticos e de atuar em conformidade com as leges artis. Ora, o parto em meio aquático não está incluído como um procedimento que esteja de acordo com as leges artis médicas, não se encontrando referido na maioria dos tratados de obstetrícia ou de medicina materno fetal recomendados na formação médica.
Ainda o Artigo 34ª. (Responsabilidade) refere que:
- O médico é responsável pelos seus atos e pelos praticados por profissionais sob a sua orientação, desde que estes não se afastem das suas instruções, nem excedam os limites da sua competência.
- Nas equipas multidisciplinares, a responsabilidade de cada médico deve ser apreciada individualmente.
Assim, como atribuir responsabilidade a um médico pela execução de um procedimento que não iniciou e com o qual não concorda? Essa responsabilidade teria de ser transferida para o responsável do serviço.
Mesmo tendo em consideração o Artigo 38°. (Objeção técnica) – A recusa de subordinação a ordens técnicas oriundas de hierarquias institucionais, legal ou contratualmente estabelecidas, ou a normas de orientação adotadas institucionalmente, só pode ser usada quando o médico se sentir constrangido a praticar ou deixar de praticar atos médicos, contra a sua opinião técnica, devendo, nesse caso, justificar-se de forma clara e por escrito.
Do exposto, pode concluir-se que o médico tem toda a legitimidade para recusar a realização de procedimentos com os quais não concorda. Em nossa opinião deverá antecipadamente manifestá-lo por escrito, declarando que não aceitará a transferência de responsabilidade de qualquer parturiente que se encontre nas condições referidas. Caberá sempre a quem iniciou o procedimento, terminá-lo ou providenciar a sua substituição por quem esteja de acordo com o procedimento. Em circunstância alguma a parturiente pode ser abandonada, caso o procedimento esteja em curso.
Numa equipa em que nenhum médico esteja de acordo com o procedimento, o mesmo significa que esse procedimento não está disponível, não devendo ser oferecido às parturientes.
Conclusão:
O Colégio da Especialidade de Obstetrícia e Ginecologia da Ordem dos Médicos não recomenda o trabalho de parto e/ou o nascimento em meio subaquático.
BARRAS/ ESPALDAR
O que são as barras de apoio?
As barras de apoio são estruturas fixas ou móveis instaladas nas salas de parto que permitem à grávida apoiar-se, segurar-se e manter posições verticais durante o trabalho de parto. Podem ser barras horizontais fixadas nas paredes, barras verticais ou mesmo estruturas mais complexas como os espaldares.
Como podem ajudar durante o trabalho de parto?
As barras são usadas como apoio para a mulher se sustentar. Agarradas às barras, as grávidas têm toda a bacia livre para se poderem movimentar mais facilmente. Deste modo, ajudam a descida e o encaixe do bebé.
Ao manter-se de pé ou em posição semi-vertical com o apoio das barras, beneficia de:
- Força da gravidade: Ajuda o bebé a descer naturalmente pelo canal de parto
- Maior liberdade de movimentos: Pode balançar a anca, fazer agachamentos parciais ou outros movimentos que aliviam a dor
- Melhor oxigenação: A posição vertical permite uma melhor respiração e circulação sanguínea
- Contrações mais eficientes: A posição vertical e o movimento tornam as contrações mais eficazes
Tipos de barras disponíveis
Barras horizontais de parede
São barras simples fixadas na parede a uma altura conveniente para que a grávida possa segurar-se enquanto permanece de pé. Pode apoiar-se nelas durante as contrações, fazendo movimentos de balanço ou agachamentos suaves.
Espaldares
Também são usados os espaldares, que são várias barras presas na parede (tipo degraus de uma escada) que facilitam o alongamento e agachamento. Oferecem conforto, algum alívio das dores com o alongamento e facilitam o posicionamento do bebé, ao proporcionarem uma maior atividade durante o trabalho de parto.
Os espaldares são particularmente úteis porque:
- Permitem apoiar os pés em diferentes alturas
- Facilitam o estiramento das costas
- Ajudam a realizar posições que aliviam a dor nas costas
- Proporcionam estabilidade durante os agachamentos
Barras móveis
Algumas maternidades dispõem de barras móveis que podem ser posicionadas de acordo com as necessidades da parturiente. Estas oferecem maior flexibilidade e podem ser adaptadas a diferentes alturas e posições.
Posições que pode experimentar com as barras
De pé com apoio frontal
- Fique de pé, virada para a barra
- Segure a barra com as duas mãos à altura dos ombros
- Balance suavemente a anca durante as contrações
- Flexione ligeiramente os joelhos para aliviar a pressão nas costas
Agachamento parcial
- Segure-se na barra
- Dobre os joelhos até uma posição confortável de meio agachamento
- Esta posição aumenta os diâmetros da bacia e facilita a descida do bebé
Alongamento lateral
- De lado para a barra, apoie uma mão
- Alongue o corpo para o lado oposto
- Ajuda a aliviar a tensão na região lombar
Suporte durante o puxo
- No momento de fazer força, pode agarrar-se às barras para ter mais apoio
- Esta posição vertical facilita o trabalho com a força da gravidade
Benefícios comprovados cientificamente
Estudos científicos demonstram que o uso de barras de apoio durante o trabalho de parto pode:
- Reduzir a duração do trabalho de parto: A mobilidade e a posição vertical podem encurtar o primeiro estágio do trabalho de parto em até 1 hora, segundo uma revisão publicada na Cochrane Library.
- Diminuir a necessidade de analgesia: De acordo com estudos recentes, mulheres que permanecem ativas e utilizam barras de apoio relatam menor necessidade de medicação para a dor.
- Melhorar a experiência do parto: Investigações mostram maior satisfação com o processo de parto quando as mulheres têm autonomia para se movimentar e assumir posições confortáveis.
- Reduzir a taxa de partos instrumentados: A posição vertical e a mobilidade estão associadas a menos necessidade de fórceps, ventosas ou cesarianas.
Como incluir no seu plano de parto
Se gostaria de utilizar barras de apoio durante o seu trabalho de parto:
- Informe-se se a maternidade onde planeia ter o bebé dispõe deste equipamento
- Mencione no seu plano de parto que gostaria de ter acesso a barras de apoio
- Discuta com a sua equipa médica como e quando planeia utilizá-las
Dicas para a utilização
- Pratique a utilização de barras durante a gravidez, se possível em aulas de preparação para o parto
- Use calçado antiderrapante ou fique descalça com meias antiderrapantes
- Tenha sempre o acompanhante por perto para ajudar a manter o equilíbrio
- Alterne entre diferentes posições para descobrir o que funciona melhor para si
- Respeite os sinais do seu corpo e descanse quando necessário
Alternativas às barras em ambiente hospitalar
Se a maternidade não dispuser de barras específicas, existem alternativas que pode considerar:
- Segurar-se na cama hospitalar: A maioria das camas tem barras laterais que podem servir de apoio
- Apoiar-se no acompanhante: O seu parceiro/a ou acompanhante pode oferecer suporte físico
- Utilizar uma cadeira: Pode apoiar-se no encosto de uma cadeira firme
- Portáteis de duche: Algumas maternidades têm barras nas casas de banho que podem ser utilizadas
Lembre-se que o mais importante é encontrar formas de se manter ativa e confortável durante o trabalho de parto, adaptando os recursos disponíveis às suas necessidades.
REBOZO
O Rebozo na Gravidez e Parto
Uma Tradição Mexicana que Ajuda as Grávidas
O rebozo é um pano ou manta longa e colorida, tradicional do México, que as mulheres têm usado há séculos no seu dia-a-dia, incluindo durante a gravidez e o parto. Este tecido, que normalmente tem entre 2 a 3 metros de comprimento, tem ganho reconhecimento em todo o mundo como uma ferramenta útil para dar conforto e alívio às mulheres em toda a jornada da maternidade.
Como o Rebozo Pode Ajudar Durante a Gravidez
Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por muitas mudanças que podem causar desconforto. O rebozo oferece soluções simples mas eficazes para vários destes problemas:
Alívio das Dores nas Costas
As dores nas costas afetam cerca de 70% das grávidas. Com movimentos suaves e ondulantes usando o rebozo, é possível relaxar os músculos das costas e aliviar a tensão. Esta técnica, chamada “manteado”, consiste em envolver a região lombar com o tecido e fazer movimentos rítmicos para os lados.
Ajuda a Posicionar o Bebé
Uma das aplicações mais importantes do rebozo é a sua capacidade de ajudar a mover o bebé dentro do útero:
- Quando o bebé está com as costas viradas para as costas da mãe, o “manteado” pode encorajá-lo a rodar para uma posição mais favorável para o parto.
- Em alguns casos, o rebozo pode ajudar a corrigir posições menos ideais do bebé, embora estes procedimentos devam ser sempre acompanhados por profissionais com experiência.
Observações mostram que estas técnicas podem ter bons resultados em muitas situações, embora ainda faltem estudos científicos mais detalhados sobre a sua eficácia.
Como o Rebozo Ajuda Durante o Trabalho de Parto
Durante o trabalho de parto, o rebozo pode tornar-se um aliado muito versátil:
Alívio da Dor das Contrações
A técnica de “manteado” com o rebozo aplicada na zona da anca durante as contrações estimula pontos de pressão que ajudam a bloquear a sensação de dor. Este efeito baseia-se na ideia de que estímulos não dolorosos podem diminuir a perceção da dor.
Facilita os Movimentos
O rebozo pode ser amarrado a algo fixo (como uma barra ou puxador) permitindo que a mulher se apoie e balance durante as contrações, mantendo posições verticais que ajudam o bebé a descer pelo canal de parto. A liberdade de movimentos durante o trabalho de parto está associada a:
- Trabalho de parto mais curto
- Menor necessidade de medicamentos para a dor
- Menor probabilidade de cesariana
Apoio na Posição de Cócoras
A posição de cócoras é considerada uma das melhores para a fase final do parto, pois:
- Aumenta o diâmetro da bacia em até 28%
- Aproveita a força da gravidade
- Alinha o bebé com o canal de parto
O rebozo pode ser usado como apoio, colocado sob os braços da mulher e segurado por acompanhantes ou profissionais, distribuindo o peso do corpo e tornando a posição mais confortável.
Por Que Funciona?
A eficácia do rebozo baseia-se em princípios bem conhecidos do corpo humano:
- Estímulo sensorial: O toque e a pressão ativam recetores na pele que podem modificar a forma como sentimos a dor
- Relaxamento muscular: O movimento rítmico ajuda a libertar a tensão nos músculos
- Produção de hormonas: O toque reconfortante estimula a libertação de ocitocina, a hormona do bem-estar e das contrações
- Facilita o movimento da bacia: O balanço suave permite uma maior mobilidade das articulações da bacia
Estudos recentes sobre como funciona o corpo durante o parto confirmam a importância destes mecanismos para um parto mais natural.
Após o Nascimento do Bebé
Depois do nascimento, o rebozo continua a ser útil:
- Apoio abdominal: Enrolado firmemente à volta da bacia e abdómen, ajuda a dar suporte aos órgãos internos e aos músculos que foram esticados durante a gravidez
- Carregar o bebé: Na tradição mexicana, o rebozo é usado para levar o bebé junto ao corpo da mãe, favorecendo a ligação afetiva e deixando as mãos livres
- Alívio das dores após o parto: As mesmas técnicas de balanço podem ser adaptadas para aliviar o desconforto nos primeiros dias após o parto
Cuidados a Ter
Embora o rebozo seja geralmente seguro, existem algumas situações que requerem cuidado:
- Gravidezes de risco: Mulheres com problemas como tensão alta na gravidez, bebé com crescimento insuficiente ou descolamento da placenta devem evitar técnicas mais intensas
- Quando a bolsa de águas rebenta e o bebé ainda está alto: Existe risco de o cordão umbilical sair antes do bebé
- Hemorragia: Qualquer sangramento vaginal anormal é uma razão para não usar esta técnica
- Dor abdominal forte: Pode indicar complicações que precisam de avaliação médica
É muito importante salientar que a utilização do rebozo deve ser sempre orientada por profissionais que conheçam bem a anatomia e fisiologia da gravidez e parto.
Disponibilidade em Portugal
Em Portugal, o interesse pelo rebozo tem crescido nos últimos anos, sendo cada vez mais incluído em cursos de preparação para o parto. As doulas (acompanhantes de parto) também estão a integrar esta ferramenta no seu apoio às grávidas.
Algumas maternidades portuguesas já permitem e até incentivam o uso desta técnica, reconhecendo os seus benefícios no conforto da mãe e na progressão do trabalho de parto.
Conclusão
O rebozo representa uma ligação entre a sabedoria tradicional e as práticas modernas de apoio à maternidade. A sua simplicidade, versatilidade e fundamentos biológicos fazem dele uma ferramenta valiosa para mulheres que procuram um acompanhamento mais natural da gravidez e do parto.
Embora ainda seja necessária mais investigação científica sobre os seus efeitos, os relatos de profissionais e a experiência acumulada de parteiras e doulas apontam para benefícios significativos no bem-estar físico e emocional das mulheres durante todo o processo da maternidade.
CORDAS E PANOS PARA SUSTENTAÇÃO

O que são?
As cordas ou panos para sustentação são dispositivos fixados no teto das salas de parto que permitem à grávida segurar-se ou pendurar-se durante o trabalho de parto e no momento do nascimento. Estes podem ser cordas resistentes com pegas, faixas de tecido ou panos compridos dobrados (como lençóis), devidamente seguros a ganchos no teto especialmente concebidos para esta finalidade.
Como ajudam no trabalho de parto?
As cordas ou panos estão geralmente presos no teto das salas de parto. São usados como apoio para sustentar a mulher que procura ter a bacia completamente solta, livre para se mover em total liberdade.
A bacia livre e em movimento é uma ajuda preciosa para a descida e encaixamento dos bebés, além de aliviarem a dor e ajudarem no relaxamento da mulher.
Quando a grávida se segura nas cordas ou panos, consegue:
- Manter uma posição vertical, aproveitando a força da gravidade
- Balançar livremente a anca, o que facilita a progressão do trabalho de parto
- Aliviar parte do peso das pernas, reduzindo o cansaço
- Sentir-se mais segura para experimentar diferentes posições
Benefícios comprovados
Investigações científicas têm demonstrado vários benefícios do uso de cordas e panos de sustentação durante o trabalho de parto:
- Trabalho de parto mais curto: Um estudo publicado no Journal of Perinatal Education mostrou que manter posições verticais com liberdade de movimento pode reduzir o primeiro estádio do trabalho de parto em cerca de 1 hora.
- Maior alívio da dor: A suspensão parcial do corpo alivia a pressão nas articulações e facilita a libertação de endorfinas naturais, os analgésicos do próprio corpo.
- Melhor posicionamento do bebé: A liberdade de movimento da bacia ajuda o bebé a encontrar a melhor posição para passar pelo canal de parto.
- Menos intervenções: De acordo com uma revisão da Cochrane, as mulheres que mantêm posições verticais e mobilidade apresentam menor probabilidade de necessitar de episiotomia ou cesariana.
Como utilizar as cordas e panos
Existem várias formas de utilizar as cordas e panos durante o trabalho de parto:
Suspensão parcial
- Segure-se nas cordas com os braços esticados acima da cabeça
- Dobre ligeiramente os joelhos, permitindo que parte do seu peso seja sustentado pelos braços
- Balance suavemente a anca, fazendo movimentos circulares ou em forma de oito
- Esta posição é especialmente útil durante as contrações
Agachamento apoiado
- Segure-se nas cordas para manter o equilíbrio
- Desça lentamente até à posição de agachamento
- Use as cordas para ajudar a levantar-se quando quiser mudar de posição
- Esta posição aproveita ao máximo a força da gravidade e amplia os diâmetros da bacia
Apoio lateral
- Segure uma corda com apenas uma mão
- Incline-se para o lado oposto, criando um alongamento lateral
- Alterne para o outro lado periodicamente
- Este movimento pode aliviar tensões na zona lombar e ajudar o bebé a posicionar-se
Pêndulo ou balanço
- Segure-se nas cordas e faça um movimento pendular para a frente e para trás
- Este movimento suave pode ser muito relaxante e ajuda a lidar com a dor das contrações
- O ritmo do movimento pode ajudar a regular a respiração
Quando são especialmente úteis?
As cordas e panos de sustentação podem ser particularmente benéficos em situações específicas:
- Trabalho de parto prolongado: Quando precisa de mudar frequentemente de posição para estimular a progressão
- Dor nas costas: Especialmente quando o bebé está em posição posterior (com as costas contra as suas costas)
- Fase de transição: Quando as contrações são muito intensas e a suspensão parcial pode oferecer alívio
- Segundo estádio do trabalho de parto: Durante a fase de expulsão, algumas mulheres sentem-se mais confortáveis agarradas às cordas enquanto fazem força
Segurança em primeiro lugar
Para utilizar as cordas e panos com segurança:
- Assegure-se que estão bem fixados ao teto e testados para suportar peso
- Tenha sempre alguém por perto para ajudar em caso de perda de equilíbrio
- Não se pendure completamente na corda (não é como um baloiço)
- Se sentir tonturas ou fraqueza, pare imediatamente e procure apoio
Disponibilidade nas maternidades
Infelizmente, nem todas as maternidades em Portugal dispõem de cordas ou panos de sustentação. Se gostaria de utilizar este recurso:
- Pergunte durante a visita à maternidade se este equipamento está disponível
- Informe-se sobre quais as salas que possuem este tipo de instalação
- Inclua esta preferência no seu plano de parto
- Em alguns casos, pode ser possível improvisar uma solução com a ajuda da equipa de saúde
Alternativas às cordas e panos fixos
Se a maternidade não dispuser de cordas ou panos instalados no teto, existem algumas alternativas:
- Apoio do acompanhante: O seu acompanhante pode oferecer suporte físico enquanto se mantém em posições semelhantes
- Barras de apoio: Podem proporcionar alguma sustentação, embora não permitam o mesmo tipo de movimento
- Cachecol ou tecido resistente: Em alguns casos, um cachecol longo e resistente pode ser usado como apoio quando segurado pelo acompanhante (sempre com supervisão da equipa)
Experiências de outras mães
Muitas mulheres que utilizaram cordas ou panos durante o trabalho de parto relatam:
“Quando me segurava nas cordas, sentia um alívio imediato nas contrações.”
“Poder balançar a anca livremente enquanto me segurava no pano ajudou-me a manter o ritmo da respiração.”
“Foi a única posição que me deu alívio da dor nas costas durante o trabalho de parto.”
Cada experiência é única, por isso o importante é experimentar e descobrir o que funciona melhor para si e para o seu bebé.
AROMATERAPIA


O que é a aromaterapia?
A aromaterapia é uma terapia complementar que utiliza óleos essenciais extraídos de plantas para promover o bem-estar físico e emocional. Estes óleos contêm compostos aromáticos que, quando inalados ou aplicados na pele (devidamente diluídos), podem proporcionar diversos benefícios para a saúde.
Como pode ajudar durante a gravidez e o parto?
Na gravidez e parto, os óleos essenciais podem ser usados para alívio de alguns sintomas incómodos. São usados também para ajudar a iniciar o trabalho de parto. Durante este, podem ser auxiliares preciosos no alívio da dor e como relaxantes para aliviar o stress e a ansiedade.
Estudos científicos têm demonstrado que certos óleos essenciais podem:
- Reduzir a ansiedade durante o trabalho de parto
- Diminuir a perceção da dor
- Aliviar náuseas e enjoos
- Melhorar o humor e promover sensação de bem-estar
- Estimular as contrações em alguns casos
Óleos essenciais mais utilizados durante o trabalho de parto
Para relaxamento e alívio da ansiedade:
- Lavanda: Um dos óleos mais versáteis e seguros, com propriedades calmantes comprovadas. Estudos mostram que pode reduzir a ansiedade durante o trabalho de parto e melhorar a qualidade do sono nos dias anteriores ao parto.
- Camomila romana: Possui propriedades calmantes e anti-inflamatórias. É especialmente útil para acalmar a mente e relaxar os músculos.
- Ylang-ylang: Conhecido pelo seu aroma floral, ajuda a reduzir a tensão e a pressão arterial, promovendo uma sensação de tranquilidade.
Para alívio da dor:
- Jasmim: Investigações sugerem que pode ajudar a reduzir a perceção da dor durante o trabalho de parto e possui propriedades que podem fortalecer as contrações.
- Cravo: Tem propriedades analgésicas naturais, embora deva ser usado com precaução e sempre diluído adequadamente.
- Eucalipto: Pode ajudar a aliviar desconfortos musculares e promover uma sensação de frescura e abertura das vias respiratórias.
Para estimular o trabalho de parto:
- Salvia sclarea (Sálvia-esclareia): Alguns estudos sugerem que pode ajudar a estimular contrações. No entanto, por este motivo, deve ser evitada durante a gravidez até à data prevista do parto.
- Rosa: Tradicionalmente utilizada para equilibrar as hormonas e fortalecer as contrações uterinas.
Como utilizar a aromaterapia durante o trabalho de parto?
Existem várias formas de beneficiar da aromaterapia durante o trabalho de parto:
Difusão no ar
Utilizando um difusor apropriado para dispersar os óleos essenciais no ambiente. Esta é uma das formas mais seguras e eficazes, pois permite beneficiar dos aromas sem contacto direto com a pele.
Inalação direta
Algumas gotas do óleo essencial podem ser colocadas num lenço ou numa bola de algodão para inalação nos momentos de maior ansiedade ou desconforto.
Compressas
Adicionar algumas gotas de óleo essencial em água morna e embeber uma toalha pequena, que pode ser aplicada na zona lombar ou noutras áreas de desconforto.
MASSAGEM
Os óleos essenciais podem ser adicionados a um óleo de base (como o óleo de amêndoas doces) para massagem nas costas, ombros ou pés. A massagem com aromaterapia combina os benefícios do toque com as propriedades dos óleos.
Importante: Para massagem ou aplicação direta na pele, os óleos essenciais devem ser sempre diluídos num óleo de base, geralmente numa proporção de 1 a 3 gotas de óleo essencial para cada 10ml de óleo de base.
Cuidados importantes
Os óleos essenciais usados devem ser certificados e só podem ser usados/indicados por especialistas em aromaterapia. Embora sejam naturais, são também muito potentes e concentrados, por isso:
- Converse sempre com o seu médico antes de utilizar qualquer óleo essencial durante a gravidez ou parto
- Certifique-se de que os óleos são de qualidade terapêutica e certificados
- Evite o uso direto na pele sem diluição adequada
- Alguns óleos são contraindicados durante a gravidez (como o alecrim, zimbro, canela e hortelã-pimenta)
- Pessoas com asma, epilepsia ou outras condições médicas devem consultar um especialista antes de utilizar aromaterapia
- Se sentir qualquer desconforto, irritação ou reação alérgica, interrompa imediatamente o uso
Planeamento para o trabalho de parto
Se deseja incluir a aromaterapia no seu trabalho de parto:
- Consulte um aromaterapeuta qualificado ainda durante a gravidez
- Experimente diferentes óleos com antecedência para descobrir quais são mais agradáveis para si
- Verifique se a maternidade onde vai ter o bebé permite o uso de difusores ou outros métodos de aromaterapia
- Inclua esta preferência no seu plano de parto
- Prepare um kit com os óleos recomendados para o seu caso específico
Aromaterapia nas maternidades portuguesas
Em Portugal, a disponibilidade e aceitação da aromaterapia nas maternidades varia significativamente. Algumas maternidades mais orientadas para o parto natural já disponibilizam este recurso, enquanto outras podem permitir que leve o seu próprio kit.
Informe-se antecipadamente sobre as políticas da sua maternidade e discuta com a equipa médica a possibilidade de incluir esta terapia complementar no seu trabalho de parto.
Conclusão
A aromaterapia pode ser um recurso valioso para tornar a experiência do parto mais confortável e positiva. Quando utilizada com conhecimento e orientação adequada, pode complementar outros métodos de alívio da dor e ajudar a criar um ambiente mais relaxante.
Lembre-se que a aromaterapia funciona melhor como parte de uma abordagem integrada ao trabalho de parto, em conjunto com outras técnicas de conforto e, se necessário, métodos convencionais de alívio da dor.
Massagem durante o Trabalho de Parto
Uma ajuda natural para aliviar a dor
Durante o trabalho de parto, a massagem poderá ser uma aliada poderosa, que acalma a mãe, alivia o cansaço e transmite segurança, carinho e força. Os nervos presentes na pele levam as sensações geradas por esse contacto até ao cérebro, aliviando dores e tensões, principalmente na fase inicial do trabalho de parto.
Como funciona a massagem durante o parto?
A massagem funciona por vários mecanismos que ajudam a tornar o trabalho de parto mais confortável:
- Reduz o stress: O toque relaxante diminui a produção de hormonas do stress (como o cortisol) e aumenta as hormonas do bem-estar (como a ocitocina), que também ajudam nas contrações.
- Alivia a dor: Através da “teoria do portão da dor”, onde o estímulo do toque compete com o sinal de dor, bloqueando parcialmente a sua perceção pelo cérebro.
- Melhora a circulação: Promove melhor fluxo sanguíneo para os músculos tensos, o que reduz a sensação de desconforto.
- Cria conexão emocional: O toque do acompanhante reforça a sensação de segurança e apoio durante todo o processo.
Principais tipos de massagem úteis no trabalho de parto
Massagem lombar
A zona lombar é onde muitas mulheres sentem mais desconforto durante as contrações. Para aliviar:
- Faça pressão firme com os polegares ou os nós dos dedos em movimentos circulares na parte inferior das costas
- Aplique pressão constante durante as contrações nas zonas mais dolorosas
- Movimentos de deslizamento das mãos ao longo de toda a coluna também podem ser muito relaxantes
Massagem nos ombros e pescoço
A tensão acumula-se frequentemente nesta área durante o trabalho de parto:
- Movimentos suaves de amassar os músculos dos ombros e pescoço
- Pressão circular com os polegares na base do crânio
- Deslizamento das mãos desde o pescoço até aos ombros
Massagem nos pés
Os pés contêm pontos de pressão que podem ajudar a relaxar todo o corpo:
- Massagem com pressão moderada na planta dos pés
- Movimentos circulares no calcanhar e na bola do pé
- Alongamento suave dos dedos dos pés
Massagem no baixo-ventre
Em alguns momentos, principalmente entre contrações:
- Movimentos circulares muito suaves na parte inferior da barriga
- Esta massagem pode ajudar a relaxar o útero entre contrações
Como preparar-se para a massagem
Se gosta de massagem, combine com o seu acompanhante para que este possa fazê-la. É aconselhável praticar algumas técnicas ainda durante a gravidez para descobrirem juntos o que funciona melhor para si.
Use um óleo vegetal biológico. Poderá associar aromaterapia se juntar um óleo essencial com propriedades relaxantes, como por exemplo a Lavanda. Mas atenção que a qualidade do óleo é muito importante (veja se o mesmo é certificado) e o tipo de óleo a ser usado faz toda a diferença.
Boas opções de óleos de base:
- Óleo de amêndoas doces (leve e adequado para a maioria das peles)
- Óleo de coco (sólido à temperatura ambiente, derrete com o calor das mãos)
- Óleo de jojoba (muito parecido com os óleos naturais da pele)
Óleos essenciais relaxantes (1-2 gotas por 10ml de óleo base):
- Lavanda (comprovadamente relaxante)
- Camomila (calmante e anti-inflamatória)
- Bergamota (reduz a ansiedade)
Técnicas alternativas
Nem sempre é necessário usar as mãos para fazer massagem:
Pode usar também uma bola de ténis e fazer movimentos circulares nas costas (ombro e lombar). Esta técnica é particularmente útil para pressão mais profunda em pontos específicos de tensão.
Outras ferramentas que podem ser úteis:
- Rolos de massagem
- Sacos de sementes aquecidos (o calor combinado com a pressão pode ser muito eficaz)
- Pinhas de massagem (disponíveis em lojas de produtos naturais)
Quem pode ajudar?
A massagem pode ser feita pelo acompanhante ou por qualquer outra pessoa disposta a mimar a mulher nesta hora tão importante na sua vida. Pode ser o pai do bebé, uma doula, um familiar ou amigo próximo.
O importante é que seja alguém com quem se sinta confortável e que esteja disposto a adaptar-se às suas necessidades, que podem mudar rapidamente durante o trabalho de parto.
Quando e como usar a massagem
Durante o trabalho de parto, as suas preferências podem mudar. Em algumas fases, pode querer uma massagem suave; noutras, uma pressão mais firme; e há momentos em que pode não querer ser tocada de todo.
Dicas importantes:
- Comunique claramente o que está a funcionar e o que não está
- Não tenha receio de pedir para parar ou mudar a técnica
- Respirações profundas durante a massagem aumentam o efeito relaxante
- A massagem pode ser mais eficaz se combinada com outras técnicas de alívio da dor, como respiração, visualização ou uso da bola de parto
O que dizem os estudos científicos?
Investigações recentes confirmam os benefícios da massagem durante o trabalho de parto:
- Um estudo publicado no Journal of Perinatal Education mostrou uma redução de 28% na perceção da dor nas mulheres que receberam massagem durante o trabalho de parto.
- Outro estudo na revista Pain Management Nursing descobriu que 20 minutos de massagem durante o trabalho de parto reduziram significativamente os níveis de ansiedade e aumentaram os níveis de satisfação com a experiência do parto.
- Uma revisão sistemática de vários estudos concluiu que a massagem é um dos métodos não farmacológicos mais eficazes para aliviar a dor durante o parto.
Como incluir no seu plano de parto
Se deseja incluir a massagem como parte do seu trabalho de parto, considere adicionar ao seu plano:
- Quem será responsável por fazer a massagem
- Se pretende utilizar óleos e quais
- Áreas do corpo onde prefere receber massagem
- Se deseja combinar com outras técnicas de relaxamento
Verifique também se a maternidade tem alguma restrição quanto ao uso de óleos ou aromaterapia.
Lembre-se
A massagem é uma ferramenta valiosa, mas é apenas uma parte do conjunto de recursos que pode utilizar durante o trabalho de parto. O mais importante é sentir-se confortável e apoiada durante todo o processo.
CROMOTERAPIA

A cromoterapia, ou terapia das cores, é uma prática que utiliza cores para promover equilíbrio físico, emocional e mental. No contexto do trabalho de parto, ela pode ser uma ferramenta complementar para ajudar a gestante a lidar com o processo, reduzindo o estresse, a ansiedade e até mesmo a percepção da dor. Aqui estão algumas formas como a cromoterapia pode ser aplicada nesse momento:
- Relaxamento e redução da ansiedade: Cores como o azul e o verde são frequentemente associadas à calma e à tranquilidade. Expor a gestante a luzes ou ambientes com essas cores (por meio de iluminação suave, tecidos ou visualizações guiadas) pode ajudar a diminuir a tensão e criar um estado de maior serenidade durante as contrações.
- Estímulo à energia e força: Tons quentes, como o vermelho ou o laranja, são considerados energizantes. Em fases do trabalho de parto em que a mulher precisa de mais vigor ou motivação, essas cores podem ser usadas de forma sutil (como em objetos no ambiente) para estimular a resistência física e mental.
- Alívio da dor: O roxo ou violeta é frequentemente ligado à purificação e ao alívio de desconfortos. Algumas práticas de cromoterapia sugerem que focar nessas cores, seja por visualização ou luz direcionada, pode ajudar a gestante a se distrair da dor ou a reinterpretá-la de forma menos intensa.
- Equilíbrio emocional: O amarelo, associado à clareza mental e à positividade, pode ser útil para manter o ânimo da mulher, especialmente em momentos de exaustão ou dúvida.
Na prática, a cromoterapia pode ser aplicada de maneiras simples durante o trabalho de parto:
- Iluminação: Usar luzes coloridas suaves no ambiente da sala de parto.
- Visualização: Orientar a gestante a imaginar uma cor específica que a conforte ou fortaleça.
- Objetos: Incorporar toalhas, roupas ou itens pessoais nas cores desejadas.
Embora não haja evidências científicas robustas que comprovem a eficácia da cromoterapia isoladamente no trabalho de parto, muitos profissionais de saúde holística e doulas relatam benefícios anedóticos, especialmente quando combinada com técnicas como respiração, aromaterapia ou meditação. O mais importante é que a gestante se sinta confortável e apoiada com o uso dessas cores, respeitando suas preferências e necessidades durante o processo.
BOLA DE MASSAGEM

O que é a bola de massagem?
A bola de massagem é um pequeno acessório esférico, geralmente com saliências ou pontas, que pode ser utilizado para aliviar tensões musculares e dores durante o trabalho de parto. Estas bolas têm normalmente entre 7 a 10 centímetros de diâmetro e podem ser feitas de diversos materiais, como borracha, plástico ou silicone.
A sua textura especial permite estimular diferentes pontos de pressão no corpo, aliviando dores e relaxando músculos tensos sem necessidade de aplicar força excessiva.
Como a bola de massagem pode ajudar durante o trabalho de parto?
Durante o trabalho de parto, é comum acumular-se tensão em diversas zonas do corpo, especialmente nas costas, ombros e região lombar. A bola de massagem pode ser uma ferramenta simples e eficaz para:
- Aliviar a dor e tensão muscular nas costas durante as contrações
- Estimular pontos de acupressão que ajudam a reduzir a perceção da dor
- Melhorar a circulação sanguínea em áreas de desconforto
- Proporcionar uma sensação de relaxamento e bem-estar
- Dar ao acompanhante uma forma concreta de ajudar e participar no processo
Estudos científicos mostram que a pressão aplicada em determinados pontos das costas pode estimular a libertação de endorfinas naturais do corpo – as nossas próprias “hormonas do bem-estar” que ajudam a reduzir a sensação de dor.
Como utilizar a bola de massagem?
Pode usar também uma bola de massagem e fazer movimentos circulares nas costas (ombro e região lombar). Pode ser feita pelo acompanhante ou por qualquer outra pessoa disposta a mimar a mulher nesta hora tão importante na sua vida.
Algumas técnicas específicas para usar a bola de massagem durante o trabalho de parto:
Massagem lombar
- Peça ao seu acompanhante para aplicar a bola na parte inferior das costas
- Movimentos circulares lentos são geralmente mais confortáveis
- Durante as contrações, uma pressão mais firme pode ajudar a contrabalançar a sensação de dor
- Entre contrações, movimentos mais suaves podem ajudar a relaxar
Massagem nos ombros
- A tensão acumula-se frequentemente nos ombros e no pescoço
- A bola pode ser usada para fazer movimentos circulares na zona dos trapézios (os músculos entre os ombros e o pescoço)
- Movimentos descendentes ao longo da coluna podem ajudar a “libertar” a tensão acumulada
Massagem nos pés
- Rolar a bola de massagem na planta dos pés pode ser extremamente relaxante
- Esta técnica baseia-se em princípios de reflexologia, onde determinados pontos nos pés estão ligados a outras partes do corpo
- Pode ser particularmente útil nos intervalos entre contrações
Que tipo de bola de massagem escolher?
Existem vários tipos de bolas de massagem que podem ser utilizadas durante o trabalho de parto:
- Bolas com pontas macias: Ideais para uma massagem mais suave e para peles sensíveis
- Bolas com pontas firmes: Proporcionam uma massagem mais profunda e intensa
- Bolas aquecíveis: Podem ser aquecidas (seguindo as instruções do fabricante) para combinar os benefícios do calor com a massagem
- Rolos de massagem: Não são esféricos, mas funcionam de forma semelhante e podem ser mais fáceis de manusear em algumas áreas
Benefícios comprovados
Investigações científicas têm demonstrado que as técnicas de massagem, incluindo a utilização de bolas de massagem, podem:
- Reduzir significativamente a percepção da dor durante o trabalho de parto
- Diminuir os níveis de ansiedade e stress
- Reduzir a necessidade de analgésicos
- Aumentar a satisfação geral com a experiência do parto
- Fortalecer o vínculo entre a mãe e o acompanhante
Um estudo publicado no Journal of Perinatal Education observou que mulheres que receberam massagem durante o trabalho de parto reportaram níveis de dor significativamente mais baixos e uma experiência mais positiva do que aquelas que não receberam massagem.
Como preparar-se antecipadamente
Se pretende utilizar a bola de massagem durante o trabalho de parto:
- Experimente diferentes tipos antes: Durante a gravidez, experimente vários tipos de bolas de massagem para descobrir qual é mais confortável para si
- Ensine o seu acompanhante: Pratiquem juntos para que o seu acompanhante se sinta confiante na utilização da bola
- Identifique os pontos-chave: Descubra quais as áreas do seu corpo que respondem melhor à massagem com a bola
- Leve a sua própria bola: Inclua-a na mala que vai preparar para levar para a maternidade
Combinação com outras técnicas
A bola de massagem pode ser combinada com outras técnicas de alívio da dor para um efeito ainda mais positivo:
- Com aromaterapia: A massagem com bola pode ser mais eficaz quando combinada com óleos essenciais relaxantes
- Com calor: Uma compressa quente aplicada antes da massagem com bola pode ajudar a relaxar os músculos
- Com respiração controlada: Sincronizar a massagem com técnicas de respiração pode amplificar os efeitos de ambas
Para incluir no seu plano de parto
Se deseja utilizar a bola de massagem como parte da sua estratégia de alívio da dor durante o trabalho de parto, considere incluir esta preferência no seu plano de parto. Pode mencionar:
- Que pretende utilizar uma bola de massagem
- Quem será responsável por aplicar a massagem
- Se deseja combinar com outras técnicas (como aromaterapia ou compressas quentes)
- As áreas do corpo onde prefere que seja aplicada a massagem
Lembre-se que durante o trabalho de parto as suas preferências podem mudar. O importante é ter várias opções disponíveis e sentir-se à vontade para comunicar o que está a funcionar e o que não está.
MUSICOTERAPIA

Música no Trabalho de Parto
Como a música pode ajudar?
A música pode oferecer momentos de grande satisfação, relaxamento e uma maior tolerância a todo o processo do trabalho de parto. Ajuda a diminuir o stress, reduz o cansaço, promove uma sensação de tranquilidade e segurança. Mas atenção, para algumas mulheres a música pode ser um elemento perturbador.
O nosso cérebro responde à música de forma profunda e imediata. Durante o trabalho de parto, esta resposta pode ser particularmente benéfica, alterando a nossa perceção da dor e ajudando-nos a manter um estado emocional mais calmo.
Benefícios da música durante o trabalho de parto
Investigações científicas têm demonstrado vários benefícios da utilização da música durante o trabalho de parto:
- Reduz os níveis de ansiedade e stress: Estudos mostram que ouvir música durante o trabalho de parto pode reduzir significativamente os níveis de cortisol (hormona do stress) no organismo.
- Alivia a perceção da dor: A música atua como uma distração positiva, ajudando o cérebro a focar-se em algo agradável em vez da sensação de dor.
- Regulariza a respiração e batimentos cardíacos: O ritmo da música pode ajudar a manter uma respiração mais regular, especialmente se escolher músicas com um ritmo calmo.
- Cria um ambiente mais familiar e acolhedor: Transformar a sala de parto num espaço mais pessoal através da música pode aumentar a sensação de controlo e conforto.
- Melhora a produção de endorfinas: A música prazerosa estimula a libertação de endorfinas, que são analgésicos naturais do nosso corpo.
- Fortalece a ligação com o bebé: O bebé já reconhece sons a partir do segundo trimestre, por isso, músicas ouvidas durante a gravidez podem acalmá-lo durante e após o nascimento.
Como preparar a sua seleção musical
Se for o seu desejo, durante a gravidez, selecione melodias que possam promover sensações de bem-estar, relaxamento e que produzam uma boa energia.
A partir do 3º trimestre da gravidez deverá fazer sessões de relaxamento com a sua seleção musical para ir treinando. Se gosta de dançar, poderá escolher algumas músicas “mais mexidas” (ou às vezes, mais lentas). Os movimentos, assim como pausas de relaxamento são ambos bem-vindos durante o trabalho de parto (dependendo da fase).
Dicas para criar a sua playlist:
- Inclua músicas significativas: Canções que tenham um significado especial para si ou que estejam associadas a memórias positivas podem ser particularmente eficazes.
- Varie os ritmos: Prepare algumas faixas mais lentas para momentos de relaxamento e outras mais rítmicas para quando precisar de energia.
- Considere músicas instrumentais: Algumas mulheres preferem músicas sem letra durante o trabalho de parto, pois permitem que a mente “flutue” sem se prender às palavras.
- Experimente sons da natureza: Som de ondas, chuva suave ou floresta podem criar um ambiente muito relaxante.
- Pense no volume: Prepare faixas que soem bem mesmo em volume baixo, pois poderá preferir sons mais subtis durante algumas fases.
Tipos de música que podem ser benéficos
Para relaxamento profundo:
- Música clássica suave (Mozart, Debussy, Bach)
- Música ambiente ou new age
- Sons da natureza
- Cânticos ou mantras
Para motivação e energia:
- Músicas positivas e estimulantes
- Ritmos que incentivam o movimento
- Canções que lhe dão força emocional
Para conexão emocional:
- Canções de embalar que planeia cantar ao seu bebé
- Músicas que tocam no seu coração
- Melodias que têm um significado especial para si e para o seu parceiro
Como utilizar a música durante o trabalho de parto
Sabe-se que a primeira leitura que fazemos do mundo que nos rodeia é definida pelos sons, assim acreditamos que a música tem um papel primordial no controlo e alívio da ansiedade e do stress. Pode ter música ambiente previamente escolhida por si. Deve para tal, trazer a sua “playlist” que a poderá acompanhar para o Bloco Operatório se for necessária uma cesariana programada.
Aspetos práticos:
- Escolha equipamento adequado: Colunas bluetooth pequenas, auscultadores confortáveis ou até um pequeno rádio pessoal.
- Verifique as regras da maternidade: Confirme antecipadamente se pode usar dispositivos eletrónicos e em que condições.
- Controle o volume: Mantenha o volume num nível que seja confortável para si, para o seu bebé e para a equipa médica.
- Seja flexível: Esteja preparada para mudar ou desligar a música se sentir que já não está a ajudar.
- Delegue o controlo: Peça ao seu acompanhante para gerir a música, para que possa concentrar-se no trabalho de parto.
O que dizem os estudos científicos?
Uma revisão sistemática publicada no Journal of Obstetric, Gynecologic & Neonatal Nursing analisou vários estudos sobre música durante o trabalho de parto e concluiu que:
- As mulheres que ouviram música durante o trabalho de parto relataram níveis significativamente mais baixos de dor e ansiedade.
- O trabalho de parto pode tornar-se até 2 horas mais curto quando a música é utilizada como método de relaxamento.
- A necessidade de analgésicos foi reduzida em cerca de 30% em grupos que utilizaram música como parte da sua estratégia de gestão da dor.
Quando a música pode não ser adequada
Apesar dos muitos benefícios, é importante reconhecer que a música não funciona da mesma forma para todas as pessoas:
- Algumas mulheres podem sentir-se irritadas ou distraídas com a música durante o trabalho de parto intenso.
- Em certos momentos, pode preferir silêncio total para se concentrar.
- Se tem sensibilidade auditiva aumentada, tenha cuidado com a escolha e volume das músicas.
Lembre-se: não há problema em mudar de ideias durante o trabalho de parto. Se sentir que a música está a incomodá-la em vez de ajudar, peça para a desligar.
Como incluir no seu plano de parto
Se deseja utilizar música durante o trabalho de parto, considere incluir no seu plano:
- A sua intenção de utilizar música como método de relaxamento
- Quem será responsável por gerir o equipamento de som
- Se tem preferência por utilizar música em determinadas fases
- Se deseja que a música continue durante uma possível cesariana
- Quaisquer músicas específicas que gostaria de ouvir no momento do nascimento
Preparando o seu kit de música para o parto
Alguns itens que poderá incluir na sua mala para a maternidade:
- Coluna bluetooth com bateria de longa duração (e respetivo carregador)
- Telemóvel com a sua playlist já preparada
- Auscultadores confortáveis (para momentos em que prefira uma experiência mais íntima)
- Lista impressa das suas músicas favoritas (caso precise comunicar preferências específicas)
- Pilhas sobresselentes, se necessário
A música pode ser uma ferramenta poderosa para tornar o seu trabalho de parto mais tranquilo e personalizado. Prepare-se com antecedência, mas mantenha-se aberta à possibilidade de que as suas preferências possam mudar no momento.
SACO DE SEMENTES AQUECIDO/ BOLSA ÁGUA QUENTE
O poder do calor durante o trabalho de parto
O calor quando aplicado em algumas regiões estratégicas promove conforto e algum alívio da dor. Este método simples e natural tem sido utilizado há séculos por diferentes culturas para ajudar as mulheres durante o trabalho de parto, e estudos científicos recentes confirmam os seus benefícios.
Como funciona?
A aplicação de calor durante o trabalho de parto funciona através de vários mecanismos:
- Relaxa os músculos tensos – O calor ajuda a diminuir a tensão muscular, especialmente na região lombar e abdominal
- Melhora a circulação sanguínea – Promove a dilatação dos vasos sanguíneos, aumentando o fluxo de sangue e oxigénio para os tecidos
- Bloqueia sinais de dor – Estimula os recetores de temperatura na pele, que competem com os sinais de dor enviados ao cérebro
- Proporciona conforto psicológico – A sensação de calor está associada a sensações de aconchego e segurança
Tipos de aplicação de calor
Saco de Sementes Aquecido
Os sacos de sementes são almofadas de tecido preenchidas com sementes como linhaça, trigo ou cereja, que retêm o calor e o libertam gradualmente. As suas vantagens incluem:
- Molda-se facilmente ao corpo
- Mantém o calor por períodos prolongados (geralmente 20-30 minutos)
- Tem peso que pode proporcionar alívio adicional através da pressão
- É reutilizável e ecológico
- Pode ser perfumado com ervas como lavanda para efeito relaxante adicional
Saco de Água Quente
O tradicional saco de borracha que é preenchido com água quente também é uma excelente opção:
- Fácil de usar e reaquecer
- Mantém o calor de forma constante
- Pode ser utilizado com uma capa de tecido para maior conforto
- Disponível em vários tamanhos para diferentes áreas do corpo
Compressas Quentes
Toalhas ou compressas embebidas em água quente:
- Podem ser aplicadas diretamente na região a tratar
- Fáceis de preparar em qualquer ambiente
- Podem ser particularmente úteis no períneo durante a fase final do trabalho de parto
Onde aplicar durante o trabalho de parto?
Região Lombar (Parte Inferior das Costas)
Esta é a área onde muitas mulheres sentem dor intensa durante as contrações, especialmente se o bebé está em posição posterior (com as costas contra as costas da mãe). A aplicação de calor nesta zona pode:
- Aliviar a dor das contrações
- Diminuir a pressão na coluna
- Relaxar os músculos das costas que podem estar em espasmo
Parte Inferior do Abdómen
Em alguns momentos entre contrações, o calor aplicado na parte inferior da barriga pode:
- Ajudar a relaxar o útero
- Reduzir o desconforto geral
- Promover a circulação na área
Virilhas e Ancas
A aplicação de calor nestas áreas pode:
- Ajudar a abrir a pelve
- Relaxar os músculos que ligam a pélvis às pernas
- Facilitar posições como o agachamento
Ombros e Pescoço
Estas áreas acumulam muita tensão durante o trabalho de parto:
- O calor pode aliviar o cansaço e tensão
- Promove uma sensação geral de relaxamento
- Ajuda a manter a parte superior do corpo relaxada
Benefícios comprovados
Investigações científicas têm demonstrado vários benefícios da aplicação de calor durante o trabalho de parto:
- Estudos publicados no Journal of Obstetrics and Gynaecology Research mostram que a aplicação de calor na região lombar pode reduzir a perceção da dor em até 40% durante o primeiro estágio do trabalho de parto.
- Uma revisão sistemática na Cochrane Library concluiu que as terapias com calor são métodos seguros e eficazes para o alívio da dor durante o trabalho de parto, com alto nível de satisfação das mulheres que o utilizaram.
- Investigadores descobriram que as mulheres que usaram aplicação de calor necessitaram de menos medicação para a dor comparativamente aos grupos de controlo.
Como utilizar durante o trabalho de parto
Preparação antecipada
- Se planeia usar um saco de sementes, confirme como pode aquecê-lo na maternidade (geralmente no micro-ondas)
- Para o saco de água quente, verifique se a maternidade possui água quente facilmente acessível
- Leve mais do que uma opção, se possível, para poder alternar enquanto uma arrefece
Durante o trabalho de parto
- Aplique o calor por períodos de 15-20 minutos, seguidos de uma pausa
- Verifique sempre a temperatura antes de aplicar para evitar queimaduras
- Peça ajuda ao seu acompanhante para colocar e remover as aplicações
- Comunique se estiver demasiado quente ou se já não estiver a ajudar
Cuidados importantes
- Nunca aplique calor diretamente na pele; use sempre uma proteção como uma toalha
- Se sentir dormência ou vermelhidão excessiva, remova imediatamente
- Não use após a administração de analgésicos como a epidural, pois a sensibilidade ao calor pode estar diminuída
- Verifique com a equipa médica se tem alguma condição que contraindique a aplicação de calor
Combinação com outras técnicas
A aplicação de calor funciona muito bem quando combinada com:
- Massagem (o calor prepara os músculos para um maior benefício da massagem)
- Movimentação e mudanças de posição
- Respiração controlada
- Banho de chuveiro ou imersão em água
- Aromaterapia
Como incluir no seu plano de parto
Se pretende utilizar o calor como método de alívio da dor, pode incluir no seu plano de parto:
- Que deseja usar sacos de sementes aquecidos ou sacos de água quente
- As áreas do corpo onde prefere a aplicação
- Quem será responsável por preparar e aplicar (acompanhante ou equipa)
- Se planeia levar o seu próprio material
O que levar para a maternidade
- Saco de sementes (de preferência mais do que um, para poder alternar)
- Saco de água quente com capa protetora
- Toalhas pequenas para envolver e proteger a pele
- Informação sobre como aquecer o saco de sementes (tempo no micro-ondas)
Uma opção simples e eficaz
A beleza da aplicação de calor durante o trabalho de parto está na sua simplicidade e eficácia. É um método natural, não invasivo, que pode ser facilmente implementado em qualquer ambiente de parto e que tem pouquíssimas contraindicações.
Muitas mulheres descobrem que este simples recurso faz uma grande diferença na sua capacidade de gerir o desconforto do trabalho de parto, proporcionando não apenas alívio físico, mas também conforto emocional numa altura de grande intensidade.
TAPETE YOGA NO TRABALHO DE PARTO

Benefícios do Yoga na Gravidez e Parto
São conhecidos os benefícios que o Yoga pode trazer para a gravidez, parto e pós-parto. O Yoga, entre outras coisas, melhora a flexibilidade do corpo, aumenta o tónus muscular e a oxigenação da mãe e do bebé; ajuda a diminuir a ansiedade e o stress, aumenta a serenidade e confiança em si própria. Facilita a assimilação das mudanças da gravidez e auxilia na preparação a todos os níveis, sem medo, para o nascimento e maternidade.
A prática de Yoga na gravidez proporciona autoconhecimento, concentração, energia e confiança na intuição e instinto. Ajuda a descobrir que a força para a gestação, o parto e para cuidar do bebé vêm de dentro.
Como o Tapete de Yoga Pode Ajudar Durante o Trabalho de Parto
O tapete de yoga não é apenas um acessório – pode ser uma ferramenta valiosa durante o trabalho de parto por várias razões:
- Oferece uma superfície confortável e higiénica para realizar diferentes posições durante o trabalho de parto
- Proporciona isolamento térmico do chão frio do hospital
- Cria um espaço pessoal que pode trazer sensação de segurança e familiaridade
- Permite praticar posturas aprendidas durante a gravidez
- Facilita a mobilidade e a adoção de posições verticais, que favorecem a descida do bebé pelo canal de parto
Posições de Yoga Úteis Durante o Trabalho de Parto
Um tapete de yoga pode ser particularmente útil para realizar estas posições que ajudam no trabalho de parto:
- Posição de gatas (Marjaryasana)
Esta posição alivia a pressão nas costas, especialmente quando o bebé está em posição posterior (com as costas contra as costas da mãe). No tapete, pode apoiar confortavelmente os joelhos e as mãos sem machucar-se.
- Agachamento com apoio (Malasana adaptada)
O agachamento ajuda a abrir a pelve e a aproveitar a força da gravidade. Com o tapete, pode ajoelhar-se e levantar-se com mais facilidade, além de ter uma superfície antiderrapante que oferece segurança.
- Postura da criança (Balasana)
Esta posição de descanso pode proporcionar alívio entre contrações. O tapete oferece acolchoamento para os joelhos e conforto para a testa ao apoiar-se.
- Alongamento lateral sentada
Sentada no tapete com as pernas abertas, pode fazer alongamentos laterais que aliviam a tensão nas costas e facilitam a respiração profunda.
Evidências Científicas
A utilização de técnicas de yoga durante o trabalho de parto está associada a vários benefícios comprovados cientificamente:
- Um estudo publicado no Journal of Alternative and Complementary Medicine demonstrou que mulheres que praticaram yoga durante a gravidez experimentaram trabalhos de parto mais curtos e menos dolorosos.
- Uma revisão sistemática na Cochrane Library concluiu que posições verticais e a mobilidade durante o primeiro estágio do trabalho de parto (facilitadas pelo uso de um tapete) podem reduzir a duração do trabalho de parto em cerca de uma hora.
- Investigações mostram que as técnicas de respiração do yoga praticadas num ambiente confortável (como um tapete familiar) podem reduzir a perceção da dor e diminuir a necessidade de analgésicos.
Preparar o Seu Tapete para o Grande Dia
Se pretende usar um tapete de yoga durante o trabalho de parto:
- Escolha um tapete adequado: De preferência, opte por um tapete específico para yoga, com boa aderência e fácil de limpar. Existem tapetes ecológicos feitos de materiais naturais, se preferir.
- Familiarize-se com o tapete: Use o mesmo tapete durante as práticas na gravidez para criar uma associação positiva.
- Considere a higiene: Leve um spray de limpeza natural ou toalhitas para higienizar o tapete antes e após o uso no hospital.
- Pense na espessura: Um tapete mais espesso (cerca de 6mm) oferece melhor acolchoamento para os joelhos e articulações.
Combinação com Outras Técnicas
O tapete de yoga pode ser utilizado em conjunto com outras técnicas de alívio da dor:
- Bola de parto: O tapete oferece uma superfície segura para apoiar a bola
- Massagem: O acompanhante pode fazer massagens enquanto está em diferentes posições no tapete
- Técnicas de respiração: O espaço definido pelo tapete ajuda a focar nas técnicas aprendidas
- Visualização: O tapete pode servir como “âncora” para práticas de meditação e visualização
Como incluir no seu plano de parto
Portanto, se é praticante de yoga e acha que esta prática poderá ajudá-la durante o trabalho de parto, pergunte à equipa do hospital onde vai ter o seu bebé se poderá levar o seu tapete ou se o hospital tem tapetes disponíveis.
No seu plano de parto, pode mencionar:
- Que deseja utilizar um tapete de yoga durante o trabalho de parto
- As posições específicas que gostaria de explorar
- Se pretende levar o seu próprio tapete ou utilizar um fornecido pelo hospital
- Que gostaria de ter espaço suficiente para utilizar o tapete
Dicas Práticas
- Dobre o tapete para criar mais acolchoamento em posições que exigem apoio nos joelhos
- Leve uma toalha pequena para colocar sobre o tapete, caso necessário
- Verifique o espaço disponível na sala de parto durante a visita à maternidade
- Considere um tapete de viagem mais fino e leve se o espaço for uma preocupação
- Prepare o seu acompanhante para ajudar com o tapete, especialmente durante as contrações mais intensas
Para Quem Não Praticou Yoga na Gravidez
Mesmo que não tenha praticado yoga durante a gravidez, um tapete ainda pode ser útil para proporcionar uma superfície confortável e limpa para se movimentar durante o trabalho de parto. Converse com a sua parteira sobre posições simples que pode adotar para facilitar o progresso do trabalho de parto e aumentar o conforto.
A utilização de um tapete de yoga durante o trabalho de parto é uma forma simples de trazer mais conforto, familiaridade e possibilidades de movimento para a sua experiência de parto, ajudando a conectar-se com a sabedoria interior que todas as mulheres possuem para trazer uma nova vida ao mundo.
ACUPUNTURA NO TRABALHO DE PARTO

O que é a acupuntura?
A acupuntura é uma técnica milenar com origem na região da atual China, baseada no princípio do equilíbrio de energia que circula pelo organismo e pode ser usada para alívio da tensão, para iniciar ou acelerar o parto.
Esta prática tradicional, com mais de 3.000 anos de história, faz parte da Medicina Tradicional Chinesa e consiste na inserção de agulhas muito finas em pontos específicos do corpo, conhecidos como pontos de acupuntura ou meridianos.
Como pode ajudar durante o trabalho de parto?
Durante a gravidez e o trabalho de parto, a acupuntura pode oferecer diversos benefícios:
- Alívio natural da dor durante as contrações
- Redução da ansiedade e stress, promovendo relaxamento
- Estímulo ao início do trabalho de parto, quando este está atrasado
- Ajuda a posicionar o bebé de forma mais favorável
- Melhora a eficiência das contrações, potencialmente encurtando o trabalho de parto
- Reduz náuseas e enjoos que podem ocorrer durante o trabalho de parto
Uma das grandes vantagens é que esta técnica não altera os níveis de consciência materna, permitindo o seu envolvimento durante todo o processo de parto, melhorando a interação mãe-filho, principalmente logo após o nascimento; ajuda a libertar endorfinas e melhora os processos naturais de mãe e bebé; por ser minimamente invasiva, não impede o uso de outras técnicas de alívio da dor.
O que dizem os estudos científicos?
Investigações recentes têm demonstrado resultados promissores sobre o uso da acupuntura durante o trabalho de parto:
- Estudos publicados na revista Birth mostraram que mulheres que receberam acupuntura durante o trabalho de parto necessitaram de menos medicação para a dor.
- Uma revisão sistemática na Cochrane Library concluiu que a acupuntura pode ajudar a reduzir a dor durante o trabalho de parto quando comparada com cuidados habituais ou placebo.
- Investigações da Universidade de Adelaide, na Austrália, descobriram que a acupuntura pré-parto pode reduzir a necessidade de indução médica em gravidezes pós-termo.
- Em estudos comparativos, mulheres que receberam acupuntura relataram maior satisfação com a experiência do parto e melhor capacidade de lidar com a dor.
Como funciona durante o trabalho de parto?
A acupuntura trabalha de várias formas durante o trabalho de parto:
- Estimula a libertação de endorfinas – os analgésicos naturais do corpo
- Melhora o fluxo sanguíneo para o útero e a placenta
- Equilibra o sistema nervoso, reduzindo o stress e a ansiedade
- Regula as hormonas envolvidas no trabalho de parto
- Relaxa os músculos tensos, facilitando a descida do bebé
Os pontos de acupuntura mais comumente utilizados durante o trabalho de parto estão localizados nas mãos, pés, pernas e região lombar – todos acessíveis mesmo quando está numa cama de parto.
É seguro para mim e para o meu bebé?
Portanto, a acupuntura é uma opção viável economicamente e parece ser uma técnica segura, já que não há registo de efeitos secundários na sua aplicação.
Quando realizada por um profissional devidamente qualificado, a acupuntura é considerada segura durante a gravidez e o trabalho de parto. As agulhas utilizadas são esterilizadas e descartáveis, eliminando o risco de infeções.
Vale ressaltar que:
- Não interfere com os sinais vitais do bebé
- Não causa efeitos adversos no desenvolvimento fetal
- Não interage negativamente com medicamentos ou procedimentos médicos
- Pode ser utilizada em conjunto com outras formas de alívio da dor
Quando começar a acupuntura?
A acupuntura pode ser útil em diferentes momentos:
- Durante a gravidez: Sessões regulares a partir das 36 semanas podem preparar o corpo para o trabalho de parto
- Para induzir o parto natural: A partir das 40 semanas, pode ajudar a iniciar o trabalho de parto de forma natural
- Durante o trabalho de parto ativo: Para alívio da dor e promoção da progressão
- Após o parto: Para ajudar na recuperação e promover a produção de leite
Como incluir a acupuntura no seu plano de parto?
Se estiver interessada em incorporar a acupuntura no seu trabalho de parto:
- Consulte um acupunturista especializado em obstetrícia durante a gravidez
- Discuta esta opção com o seu médico ou parteira
- Verifique se o hospital permite a presença de um acupunturista durante o trabalho de parto
- Inclua este desejo no seu plano de parto
- Considere ter algumas sessões prévias para se familiarizar com a sensação
Disponibilidade em Portugal
Em Portugal, a acupuntura está cada vez mais disponível em contexto obstétrico:
- Alguns hospitais públicos já oferecem acupuntura como parte dos cuidados complementares
- Várias maternidades privadas permitem a presença de acupunturistas durante o trabalho de parto
- Existem acupunturistas especializados em obstetrícia em várias cidades portuguesas
Se esta é uma opção que lhe interessa, recomendamos que se informe com antecedência sobre a disponibilidade deste serviço na unidade de saúde onde planeia ter o seu bebé.
Combinação com outras técnicas
Uma das grandes vantagens da acupuntura é a possibilidade de combiná-la com outras estratégias de alívio da dor:
- Respiração e relaxamento
- Massagem
- Hidroterapia (uso de água quente)
- Movimentação e mudanças de posição
- Medicação, se necessário
Esta abordagem integrada permite personalizar o alívio da dor de acordo com as suas necessidades específicas durante o trabalho de parto.
Perguntas frequentes
A acupuntura dói durante o trabalho de parto?
A sensação da inserção da agulha é mínima comparada com a intensidade das contrações. Muitas mulheres mal notam as agulhas quando aplicadas durante o trabalho de parto.
Quanto tempo dura o efeito?
O alívio da dor pode durar de 1 a 2 horas, e as agulhas podem ser reajustadas ou novos pontos podem ser estimulados conforme necessário.
É preciso ter experiência prévia com acupuntura?
Não, embora seja útil fazer algumas sessões durante a gravidez para se familiarizar com a técnica.
A acupuntura oferece uma abordagem natural e eficaz para o alívio da dor e promoção do progresso do trabalho de parto. Como uma técnica que respeita os processos fisiológicos do nascimento, permite que permaneça presente e participativa durante toda a experiência de trazer o seu bebé ao mundo.
HIPNOSE E HYPNOBIRTHING NO TRABALHODE PARTO

O que é realmente a hipnose?
Quando falamos de hipnose, a primeira coisa que nos vem à mente são aqueles programas de televisão com cenas engraçadas, como por exemplo pessoas a imitar animais… Estas imagens contribuíram para a criação de mitos e crenças acerca do seu uso. A verdade é que atualmente, com a evolução da tecnologia, conseguimos fazer uso desta ferramenta com muita segurança.
A hipnose é uma sugestão, ou um conjunto de sugestões que a pessoa aceita e através das quais é capaz de ser influenciada. Ao contrário da ideia popular, não se trata de um estado de perda de controlo ou de consciência, mas sim de um estado de atenção focada e relaxamento profundo, no qual a pessoa permanece consciente e no comando das suas decisões.
Hypnobirthing: hipnose aplicada ao parto
O Hypnobirthing é um método de hipnose orientada para o trabalho de parto, usado para recuperar a simplicidade do mesmo. São trabalhados o medo e a dor. Ajuda a mãe a libertar-se dos medos, a estar consciente para o parto de forma positiva e alegre. Este método valoriza o que há de bonito no parto e procura desvalorizar a parte difícil, como as contrações, que são chamadas de “ondas” que vão e vêm.
Este método foi desenvolvido pela americana Marie Mongan na década de 1980 e baseia-se no trabalho do Dr. Grantly Dick-Read, que introduziu o conceito de “parto sem medo” na década de 1930. O Dr. Dick-Read observou que quando as mulheres estavam relaxadas e sem medo, os seus partos eram mais rápidos e menos dolorosos.
Como funciona?
O Hypnobirthing trabalha com quatro elementos principais:
- Respiração profunda
Técnicas de respiração específicas que promovem o relaxamento e ajudam a oxigenar o corpo da mãe e do bebé. Uma respiração calma e controlada ajuda a manter os músculos do útero a receber o oxigénio necessário para trabalhar eficientemente.
- Relaxamento profundo
Aprender a relaxar o corpo completamente, mesmo entre contrações, permite conservar energia e reduzir a tensão muscular que pode aumentar a dor.
- Visualização
Utilização de imagens mentais positivas para ajudar a mente a influenciar o corpo, como imaginar o colo do útero a abrir-se suavemente como uma flor.
- Reprogramação mental
Substituição de pensamentos negativos sobre o parto por afirmações positivas e confiantes que ajudam a eliminar o medo.
Benefícios comprovados
Estudos científicos têm mostrado que o Hypnobirthing pode oferecer vários benefícios:
- Redução significativa da dor: Uma investigação publicada no British Journal of Anaesthesia demonstrou que mulheres que usaram hipnose relataram níveis de dor significativamente menores.
- Trabalhos de parto mais curtos: Um estudo na revista Birth mostrou que mulheres que praticaram Hypnobirthing tiveram, em média, trabalhos de parto cerca de 3 horas mais curtos que o grupo de controlo.
- Menor necessidade de medicação: A mesma investigação encontrou uma redução de 60% no uso de epidural no grupo que utilizou hipnose.
- Menor ansiedade: Diversos estudos documentaram níveis mais baixos de ansiedade pré-natal e durante o parto em mulheres que praticaram Hypnobirthing.
- Experiência mais positiva: As mães relatam maior satisfação com a experiência do parto, independentemente de como o bebé acabou por nascer.
Como aprender Hypnobirthing?
O curso poderá ser iniciado a partir do 2º trimestre da gravidez. O ideal é começar entre as 20 e 30 semanas para ter tempo suficiente para praticar as técnicas aprendidas.
Um curso típico de Hypnobirthing inclui:
- Sessões presenciais (geralmente 4 a 6) com um instrutor certificado
- Material para estudo e prática em casa
- Gravações de relaxamento e afirmações positivas para ouvir diariamente
- Exercícios práticos para fazer com o acompanhante de parto
É importante que o seu acompanhante de parto participe nas sessões, pois terá um papel fundamental em ajudá-la a manter o estado de relaxamento durante o trabalho de parto.
O que esperar de um parto com Hypnobirthing?
As mulheres que utilizam Hypnobirthing durante o trabalho de parto frequentemente:
- Mantêm-se calmas e focadas
- Movimentam-se livremente, seguindo os instintos do corpo
- Utilizam vocalizações profundas em vez de gritos
- Parecem estar “noutro mundo”, profundamente concentradas
- Recuperam mais rapidamente após o nascimento
- Descrevem o parto como uma experiência transformadora e positiva
É importante salientar que o Hypnobirthing não garante um parto sem dor ou sem intervenções médicas. O seu objetivo é proporcionar ferramentas para que a mulher possa enfrentar qualquer caminho que o seu parto tome, mantendo-se calma e presente.
Hypnobirthing e plano de parto
Se pretende utilizar o Hypnobirthing, considere incluir no seu plano de parto:
- O desejo de utilizar técnicas de respiração e relaxamento específicas
- A importância de um ambiente calmo e tranquilo
- A preferência por uma linguagem positiva (por exemplo, “ondas” em vez de “contrações”)
- O papel do seu acompanhante como guardião do ambiente e apoio nas técnicas aprendidas
Compatibilidade com outras abordagens
O Hypnobirthing combina bem com:
- Parto natural em meio hospitalar
- Parto na água
- Parto domiciliar
- Uso de outras técnicas de alívio da dor não farmacológicas
- E, se necessário, pode complementar intervenções médicas
Mesmo que acabe por precisar de intervenções não planeadas, como cesariana, as técnicas de Hypnobirthing podem ajudá-la a manter-se calma e presente durante o processo.
Como encontrar um curso em Portugal?
Em Portugal, existem cada vez mais profissionais certificados em Hypnobirthing. Pode encontrar instrutores através de:
- Recomendações da sua parteira ou médico obstetra
- Grupos de apoio à gravidez e parto
- Doulas e outros profissionais de apoio ao parto
- Pesquisa online por cursos certificados
Experiências reais
“Nunca imaginei que conseguiria estar tão calma durante o trabalho de parto. As técnicas de respiração e as afirmações positivas fizeram toda a diferença. Mesmo quando o parto se tornou mais intenso, consegui manter-me focada e presente.” – Maria, mãe de primeira viagem
“Como acompanhante, o curso de Hypnobirthing deu-me ferramentas concretas para apoiar a minha companheira. Em vez de me sentir impotente, tinha um papel claro e importante.” – João, pai pela segunda vez
Uma nota final
O Hypnobirthing não é apenas uma técnica para o momento do parto – é uma filosofia que pode transformar toda a sua perspetiva sobre a gravidez e o nascimento. Ao substituir o medo por confiança e a tensão por relaxamento, muitas mulheres descobrem uma força interior que não sabiam possuir.
Independentemente do tipo de parto que acabar por ter, as ferramentas do Hypnobirthing podem ajudá-la a enfrentar cada momento com calma, consciência e uma sensação de empoderamento.
ACUPRESSÃO NO TRABALHO DE PARTO

O que é a acupressão?
A acupressão é um método alternativo para alívio da dor usado pela Medicina Tradicional Chinesa. Possui os mesmos princípios da acupuntura: manter o equilíbrio de energia nos diversos canais que circulam pelo corpo – os chamados meridianos – que estão ligados a algum órgão, mas sem o uso de agulhas. Os estímulos são feitos através das mãos e dedos em pontos específicos ou, em algumas circunstâncias, combinando esses pontos para alcançar um efeito maior no alívio da dor ou para proporcionar um estado de relaxamento.
Em termos simples, a acupressão consiste em pressionar determinados pontos do corpo para ajudar a aliviar a dor e promover o bem-estar. É como uma massagem muito localizada e específica, baseada nos conhecimentos milenares da medicina chinesa.
Como pode ajudar durante o trabalho de parto?
Há relatos de que a acupressão pode diminuir a dor e encurtar o tempo da primeira fase do trabalho de parto. Portanto, pode ser uma alternativa não invasiva a ser utilizada como meio de obter melhoria na qualidade do atendimento às parturientes.
Estudos científicos têm mostrado que a acupressão pode:
- Reduzir significativamente a intensidade da dor durante as contrações
- Diminuir a duração do trabalho de parto em cerca de 1 a 2 horas
- Reduzir a ansiedade e promover uma sensação de calma
- Estimular contrações mais eficientes
- Ajudar na descida do bebé pelo canal de parto
- Oferecer uma sensação de controlo à mulher durante o processo
O melhor de tudo é que esta técnica é completamente natural, não tem efeitos secundários e pode ser aplicada pelo acompanhante, o que promove o envolvimento ativo do parceiro ou da pessoa de apoio.
Pontos principais de acupressão para o trabalho de parto
Existem vários pontos que podem ser estimulados durante o trabalho de parto. Apresentamos aqui os mais comuns e eficazes:
- Ponto B32 (Parte inferior das costas)
- Localização: Nas pequenas depressões de cada lado da coluna, na altura da região sagrada (cerca de 4 dedos acima da linha onde termina a nádega)
- Benefícios: Alivia a dor lombar durante as contrações, especialmente quando o bebé está em posição posterior
- Como aplicar: Pressão firme com os polegares ou os nós dos dedos durante as contrações
- Ponto SP6 (Três Yin Cruzados)
- Localização: Quatro dedos acima do tornozelo interno, na parte interna da perna
- Benefícios: Pode ajudar a iniciar o trabalho de parto, aliviar a dor e harmonizar a energia do útero
- Como aplicar: Pressão firme durante 1 minuto, seguida de descanso, repetindo várias vezes
- Ponto LI4 (Junção do Vale)
- Localização: Na parte carnuda entre o polegar e o indicador
- Benefícios: Alívio geral da dor e estímulo às contrações
- Como aplicar: Pressão firme seguida de movimentos circulares
- Ponto BL67 (Chegar ao Yin)
- Localização: No canto externo da base da unha do dedo mínimo do pé
- Benefícios: Pode ajudar a posicionar o bebé e a estimular o trabalho de parto
- Como aplicar: Pressão suave mas consistente
- Ponto GB21 (Poço do Ombro)
- Localização: No ponto mais alto do ombro, entre o pescoço e a ponta do ombro
- Benefícios: Ajuda na descida do bebé e alivia a tensão nos ombros
- Como aplicar: Pressão para baixo com os polegares ou com a palma das mãos
Nota importante: O ponto SP6 e o ponto LI4 não devem ser estimulados durante a gravidez antes do trabalho de parto, pois podem induzir contrações.
Como utilizar a acupressão durante o trabalho de parto?
A acupressão pode ser utilizada de várias formas durante o trabalho de parto:
- Durante as contrações: Peça ao seu acompanhante para aplicar pressão nos pontos B32 (parte inferior das costas) quando as contrações começarem a intensificar-se.
- Entre contrações: Os pontos nas mãos, pés e tornozelos podem ser estimulados entre contrações para ajudar a manter o fluxo de energia e o relaxamento.
- Em diferentes fases: Alguns pontos são mais úteis em determinadas fases do trabalho de parto. Por exemplo, o SP6 pode ser mais eficaz no início, enquanto o B32 costuma ajudar durante a fase ativa.
- Em combinação com outras técnicas: A acupressão funciona bem quando combinada com respiração profunda, movimento e outras técnicas de relaxamento.
Preparação para usar acupressão no seu parto
Para tirar o máximo proveito da acupressão durante o trabalho de parto:
- Pratique antecipadamente: Familiarize-se com os pontos e técnicas durante a gravidez, para que se torne mais fácil encontrá-los durante o trabalho de parto.
- Ensine o seu acompanhante: O seu parceiro ou acompanhante de parto deve saber como localizar e estimular corretamente os pontos principais.
- Considere consultar um especialista: Uma sessão com um acupunturista ou terapeuta especializado em medicina tradicional chinesa pode ajudar a aprender as técnicas corretas.
- Prepare materiais visuais: Algumas mulheres acham útil ter um guia visual ou diagrama dos pontos de acupressão para referência durante o trabalho de parto.
O que dizem os estudos científicos?
A investigação científica sobre a acupressão no trabalho de parto tem mostrado resultados promissores:
- Um estudo publicado no Journal of Midwifery & Women’s Health descobriu que mulheres que receberam acupressão durante o trabalho de parto relataram menos dor e maior satisfação com a experiência do parto.
- Uma revisão sistemática na revista Birth encontrou que a acupressão pode reduzir a duração do trabalho de parto em cerca de 1,5 horas, em média.
- Investigadores da Universidade de Teerão (Irão) demonstraram que a acupressão no ponto SP6 reduziu significativamente a intensidade da dor durante a fase ativa do trabalho de parto.
- Um estudo na Coreia do Sul mostrou que a aplicação de acupressão em múltiplos pontos foi mais eficaz que a acupressão num único ponto para o alívio da dor.
Vantagens da acupressão
- Não invasiva: Não requer agulhas ou equipamento especial
- Sem efeitos secundários: Método natural e seguro tanto para a mãe como para o bebé
- Pode ser aplicada a qualquer momento: Não interfere com outros procedimentos médicos
- Promove a participação ativa: Dá ao acompanhante uma forma concreta de ajudar
- Sem custos: Não requer recursos financeiros adicionais
- Complementar: Pode ser usada em conjunto com outras formas de alívio da dor
Incluir a acupressão no seu plano de parto
Se gostaria de utilizar a acupressão durante o trabalho de parto, considere incluir no seu plano de parto:
- A sua intenção de utilizar acupressão como método de alívio da dor
- Os pontos específicos que gostaria que fossem estimulados
- Quem será responsável por aplicar a acupressão (parceiro, doula, etc.)
- Se deseja combinar a acupressão com outras técnicas de alívio da dor
Uma ferramenta acessível e eficaz
A acupressão oferece uma abordagem simples, natural e eficaz para o alívio da dor durante o trabalho de parto. O mais bonito nesta técnica é que coloca literalmente o conforto nas mãos de quem mais ama e apoia a mulher no seu momento especial.
Lembre-se que cada mulher é única, e os pontos que funcionam melhor podem variar. Esteja aberta a explorar diferentes pontos e técnicas para descobrir o que funciona melhor para si durante o seu trabalho de parto.
ESTIMULAÇÃO NERVOSA (TENS) NO TRABALHO DE PARTO
A
O que é o TENS?
O TENS (Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea) é um método complementar não farmacológico e não invasivo utilizado no alívio da dor do trabalho de parto. Consiste em aplicar pequenos elétrodos na região lombar da grávida durante o trabalho de parto. Estes elétrodos geram estímulos elétricos de baixa tensão (a sensação é de formigueiro local) que podem impedir o envio dos estímulos dolorosos para a medula espinhal.
Em termos simples, é um pequeno aparelho portátil que envia impulsos elétricos suaves através da pele para “confundir” as mensagens de dor que o corpo está a enviar ao cérebro. É como criar um “desvio” no caminho da dor.
Como funciona?
O TENS funciona baseado em dois princípios principais:
- Teoria do Portão da Dor
Quando sentimos dor, o nosso corpo envia sinais através dos nervos até à medula espinhal e daí para o cérebro. A teoria do “portão da dor” sugere que podemos bloquear estes sinais de dor ao estimular os mesmos nervos com outras sensações (neste caso, os impulsos elétricos suaves). É como se fechássemos um portão, impedindo que a mensagem de dor chegue ao cérebro.
- Libertação de Endorfinas
O alívio das dores pode ser sentido em média vinte minutos após a colocação do aparelho. A intensidade dos estímulos pode ser controlada pela própria grávida. Parece que o TENS também pode promover a produção de endorfinas, causando uma sensação de bem-estar. As endorfinas são as “hormonas da felicidade” naturais do nosso corpo, que funcionam como analgésicos naturais.
Benefícios do TENS durante o trabalho de parto
Diversos estudos científicos têm demonstrado que o TENS pode oferecer vários benefícios:
- Alívio da dor sem medicamentos: É uma alternativa completamente natural, sem os efeitos secundários associados a analgésicos
- Controlo nas mãos da mãe: A intensidade pode ser ajustada pela própria mulher, dando-lhe maior sensação de controlo sobre o processo
- Mobilidade mantida: Ao contrário de algumas formas de alívio da dor, o TENS permite que a mulher se movimente livremente durante o trabalho de parto
- Pode ser usado em casa: Nos estágios iniciais do trabalho de parto, pode ser utilizado em casa antes de ir para a maternidade
- Compatível com outras técnicas: Pode ser usado em conjunto com outras estratégias de alívio da dor, como respiração, massagem ou hidroterapia
- Não afeta o bebé: Os impulsos elétricos não atravessam a placenta e não têm efeito conhecido sobre o bebé
Eficácia comprovada
Uma revisão de estudos publicada na Cochrane Library indica que:
- O TENS parece ser mais eficaz no alívio da dor durante a fase inicial do trabalho de parto
- Mulheres que usaram TENS relataram maior satisfação com o método de alívio da dor
- A necessidade de outras formas de alívio da dor foi reduzida em algumas mulheres que usaram TENS
- O método mostrou-se particularmente eficaz para dores nas costas durante o trabalho de parto
Como é utilizado?
A aplicação do TENS é bastante simples:
- Colocação dos elétrodos: Normalmente, quatro pequenos elétrodos adesivos são colocados de cada lado da coluna, na região lombar (parte inferior das costas). Em alguns casos, podem ser colocados também na parte superior das costas.
- Ligação ao aparelho: Os elétrodos são ligados por fios a uma pequena máquina portátil, geralmente do tamanho de um telemóvel.
- Ajuste da intensidade: A intensidade dos impulsos elétricos pode ser aumentada ou diminuída pela própria mulher, conforme a sua necessidade e conforto.
- Utilização durante as contrações: Algumas mulheres preferem aumentar a intensidade durante as contrações e diminuí-la nos intervalos. Outras mantêm um nível constante.
Quando começar a usar?
O TENS pode ser utilizado:
- No início do trabalho de parto: Muitas mulheres começam a usar assim que sentem as primeiras contrações regulares
- Durante a fase ativa: Pode continuar a ser útil, embora algumas mulheres sintam necessidade de métodos adicionais de alívio da dor nesta fase
- Em caso de dor lombar: É especialmente eficaz para aliviar dores nas costas, comuns quando o bebé está em posição posterior (com as costas contra as costas da mãe)
Contraindicações: quando não deve ser usado
Nem todas as mulheres podem usar o TENS. Algumas contraindicações são:
- Mulheres que usam pacemaker
- Aquelas que têm arritmias cardíacas
- Dores não diagnosticadas
- Alergias de contacto aos elétrodos adesivos
- Epilepsia (em alguns casos)
- Nas primeiras 37 semanas de gravidez (não deve ser usado antes do trabalho de parto a termo)
Limitações a considerar
Além das contraindicações, existem algumas limitações a ter em conta:
- Durante a realização da monitorização fetal ou outros equipamentos que utilizam corrente elétrica para o diagnóstico, o TENS pode alterar os resultados
- Não pode ser utilizado na água (banheira ou duche)
- Pode não proporcionar alívio suficiente durante as fases mais avançadas do trabalho de parto
- A eficácia varia de mulher para mulher
Como conseguir um aparelho TENS
Existem várias opções para obter um aparelho TENS para o trabalho de parto:
- Alugar: Algumas clínicas, farmácias e algumas maternidades oferecem o serviço de aluguer de TENS
- Comprar: Existem modelos disponíveis para compra, mas verifique se são específicos para trabalho de parto
- Verificar com a maternidade: Algumas maternidades têm aparelhos disponíveis para uso durante o trabalho de parto
É aconselhável familiarizar-se com o aparelho antes do início do trabalho de parto, para que se sinta confortável com a sua utilização quando realmente precisar.
Incluir no seu plano de parto
Se estiver interessada em utilizar o TENS durante o seu trabalho de parto, considere incluir no seu plano de parto:
- A sua intenção de utilizar TENS como método de alívio da dor
- Se planeia levar o seu próprio aparelho
- Em que fase do trabalho de parto pretende começar a utilizá-lo
- Se deseja combiná-lo com outros métodos de alívio da dor
Testemunhos reais
“No início do trabalho de parto, o TENS foi uma verdadeira salvação. Aquela sensação de formigueiro nas costas distraía-me da dor das contrações. Consegui ficar em casa muito mais tempo antes de ir para a maternidade.” – Joana, mãe de primeira viagem
“O que mais gostei foi ter o controlo na minha mão. Podia aumentar a intensidade quando a contração ficava mais forte. Fez-me sentir que estava a fazer algo ativo para gerir a dor.” – Marta, mãe pela segunda vez
Conclusão
O TENS é uma opção de alívio da dor durante o trabalho de parto que vale a pena considerar, especialmente se procura alternativas naturais e não invasivas. Embora possa não ser suficiente como único método de alívio da dor para todas as mulheres, oferece a vantagem de ser controlado pela própria mulher, sem efeitos secundários e compatível com muitas outras técnicas.
Como qualquer método de alívio da dor, a sua eficácia varia de pessoa para pessoa. O mais importante é estar informada sobre todas as opções disponíveis e escolher as que mais se adequam às suas preferências e circunstâncias.itta Nápoles
Licenciada em Medicina pela Universidade Federal do Espírito Santo, no Brasil, com pós-graduação em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Universitário Cassiano António de Moraes, em Vitória, Espírito Santo. Detém o título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.
Em 1992, por razões familiares, estabeleceu-se em Portugal, onde realizou o Internato Complementar da especialidade no Hospital de Famalicão, instituição onde exerce atualmente como Assistente Graduada e Responsável pelo Bloco de Partos.
Em 2016, ao perceber que poderia oferecer uma assistência de maior qualidade durante o parto, decidiu reconsiderar os conhecimentos adquiridos na sua formação inicial no Brasil e investir naquilo em que sempre acreditou: na força, no poder e na fisiologia da mulher, colocando-a no centro de todo o processo. Frequentou diversos cursos para aprofundar conhecimentos que pudessem fundamentar esta sua abordagem de posicionar a mulher como elemento central em todo o processo do seu parto.
Atualmente, lidera a implementação do projeto de Assistência ao Parto Humanizado na Unidade Local de Saúde do Médio Ave (Hospital de Famalicão). Neste âmbito, procura promover entre todos os elementos do Serviço, com resultados muito positivos, o respeito pela fisiologia da gravidez e do parto, a liberdade de movimentos durante o trabalho de parto, assim como a liberdade de escolha da posição para parir. Acreditando que as verdadeiras mudanças nascem da mente e do coração, é com enorme satisfação que as vê a acontecer efetivamente na instituição.
Criou e impulsionou, juntamente com profissionais de saúde do bloco de partos da ULSMAVA e dos Centros de Saúde responsáveis pelas sessões de preparação para o parto, o projeto “Plano de Parto no CHMA”. Foi neste contexto que surgiu a consulta do Plano de Parto na instituição, já uma realidade consolidada.
No último ano, fundo, em conjunto com um grupo multidisciplinar o Grupo de Apoio ao Luto Peri-Natal” que presta assistência aos casais que sofreram a perda de um bebé, desde o primeiro trimestre até 28 dias após o nascimento. Este grupo, extremamente proativo desde a sua criação, atua desde o setor de diagnóstico pré-natal, passando pela sala de partos, internamento e acompanhamento após a alta hospitalar.
Produziu, com a equipa do serviço, o Programa “GravidAtiva”, que incentiva a prática de atividade física durante a gravidez.
O seu mais recente projeto foi a abertura da Clínica Dra. Saritta Nápoles, onde reúne 24 profissionais criteriosamente selecionados pelo modo como encaram o utente: com respeito, carinho e consideração, partilhando uma forma única de viver a medicina. A clínica dispõe de especialistas em diversas áreas, proporcionando um leque alargado de cuidados para toda a família num único espaço.
A Clínica promove diversos cursos voltados para a comunidade, incluindo preparação para o parto, amamentação e primeiros socorros pediátricos. Paralelamente, aposta fortemente na formação contínua dos seus profissionais, organizando regularmente ações formativas em diversas áreas.
Entre os projetos inovadores da Clínica, destaca-se o “Projeto Raízes”, através do qual cada criança que nasce recebe mudas de árvores primitivas da região, como o carvalho e a oliveira, fomentando desde cedo a consciência sobre a importância de cuidar do meio ambiente.
Igualmente relevante é o “Projeto Florir”, uma iniciativa direcionada para jovens adolescentes, criando um espaço seguro onde podem conversar sobre as transformações físicas e emocionais que estão a vivenciar, as relações interpessoais e os cuidados essenciais com o corpo e a mente.
Como acredita que o conhecimento não tem limites, continua a frequentar formações complementares pós-graduadas na área da assistência à mulher, no acompanhamento pré-natal e na preparação e assistência ao parto. Mantém a convicção de que ainda vamos a tempo de voltar a admirar a magia e a beleza natural do nascimento, mesmo que, para isso, seja necessário começar de novo!
Mais projetos hão de vir, pois o compromisso com a humanização dos cuidados de saúde e o bem-estar integral dos seus utentes permanece como o pilar fundamental da sua prática profissional.