Trabalho de parto espontâneo

A data provável do parto está a chegar e o seu bebé ainda não deu sinais de querer nascer. As pessoas não param de perguntar, quase como se fosse um ultimato, exigindo uma data (até parece que este é o único assunto do momento!). Tanta pressão torna a ansiedade inevitável e, por vezes, as dúvidas começam a incomodar: o que fazer? Espero? Induzo? E haverá diferença?

Afinal, o que desencadeia o início do trabalho de parto?

O trabalho de parto não acontece de repente: é o culminar de um processo gradual que ocorre ao longo de dias ou até semanas antes do nascimento do bebé. O corpo da mãe e o do bebé trabalham em conjunto para que tudo aconteça no momento certo.

O Papel do Útero e do Colo do Útero

Durante a gravidez, o útero mantém um estado de repouso para proteger o bebé em crescimento. No entanto, à medida que o parto se aproxima, ocorrem várias mudanças: 1 – Produção de Prostaglandinas – Estas substâncias químicas ajudam a amolecer e afinar o colo do útero e tornam o útero mais sensível às contrações.

2 – Junções Comunicantes no Útero – As células musculares do útero começam a estabelecer mais conexões entre si, permitindo contrações mais coordenadas.

3 – Recetores de Ocitocina – O útero passa a ter mais recetores para a ocitocina, a hormona que desencadeia as contrações.

A “Cascata do Parto”

Os cientistas acreditam que existe uma sequência de eventos – uma espécie de “efeito dominó” – que remove os mecanismos que mantêm o útero em repouso e ativa os que promovem as contrações.

O Papel do Bebé

O bebé também desempenha um papel crucial no momento do parto. Algumas das formas como contribui incluem:

1- Produção de hormonas placentárias, que influenciam o útero e o colo do útero.

2- Distensão do útero, à medida que cresce e envia sinais mecânicos para que o corpo se prepare.

3 – Libertação de hormonas da glândula suprarrenal e hipófise, que estimulam a produção de prostaglandinas e ocitocina.

Os Sinais do Trabalho de Parto

Assim que o corpo está pronto, as contrações passam de irregulares para frequentes e ritmadas. As principais mudanças incluem:

 Diminuição do colo do útero (encurtamento) e dilatação.

 Possível rutura das membranas fetais

 Contrações eficazes que ajudam o bebé a nascer.

 

Conclusão:

O trabalho de parto é um processo complexo e bem coordenado entre a mãe e o bebé. Embora ainda não se conheçam todos os detalhes deste mecanismo incrível, sabemos que envolve uma série de sinais químicos, hormonais e mecânicos que garantem que o bebé chega ao mundo no momento certo.

O Cérebro e a “Dança das Hormonas” no Trabalho de Parto

O início do trabalho de parto não depende apenas do útero e do bebé – há também uma verdadeira “dança hormonal” que envolve ocitocina, prostaglandinas, cortisol, endorfinas e outras substâncias essenciais para a preparação do corpo.

Além das hormonas, o cérebro também desempenha um papel importante. Há duas áreas fundamentais neste processo: ✔ O córtex cerebral (neocórtex) – relacionado com o pensamento racional e a inteligência. ✔ O sistema límbico – responsável pelas emoções e pelo instinto.

Nos últimos dias da gravidez, o neocórtex tende a ficar menos ativo. Isso pode explicar por que muitas mulheres, mesmo as que adoram trabalhar e planear, começam a sentir-se mais desligadas das suas tarefas habituais e mais sintonizadas com o corpo e o bebé. Este é um mecanismo natural que favorece a adaptação ao parto e à maternidade.

A Importância de Esperar pelo Momento Certo

A Unicef já destacou esta questão na campanha “Quem Espera, Espera”, reforçando que o bebé deve nascer quando está realmente pronto. Esta espera traz benefícios tanto para a mãe quanto para o bebé, permitindo um desenvolvimento adequado até ao momento ideal.

A gestação pode estender-se para além das 40 semanas sem ser, necessariamente, motivo de preocupação. No entanto, o acompanhamento da sua gravidez é essencial para garantir que tudo decorre em segurança. Confiar no seu corpo, no seu bebé, e respeitar os seus sinais é importante, mas qualquer dúvida ou ansiedade deve ser partilhada com o profissional de saúde que a acompanha.

O trabalho de parto é um evento único, que pode acontecer a qualquer momento – e quando chegar a hora certa, o seu corpo e o seu bebé estarão preparados.

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Trabalho de parto induzido

A indução do trabalho de parto pode ser um tema complexo e gerar muitas dúvidas. Existem dois principais motivos para induzir um parto:

1️ Razões Clínicas

O trabalho de parto pode ser induzido quando o ambiente intrauterino já não é o melhor lugar para o bebé e o risco de mantê-lo na barriga da mãe é maior do que o risco do nascimento prematuro.

De acordo com o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG), a indução do parto só deve ocorrer quando os benefícios do nascimento superam os riscos de continuar a gravidez.

As indicações clínicas para indução podem ser: ✅ Causas fetais: o bebé não está a crescer adequadamente, a bolsa de águas rompeu sem que o trabalho de parto tenha começado espontaneamente, entre outras. ✅ Causas maternas: patologias como hipertensão arterial, colestase intra-hepática ou diabetes gestacional podem levar à necessidade de antecipar o parto.

Suspeita de bebé grande (macrossomia) não é, por si só, uma razão médica válida para indução, exceto em grávidas diabéticas. Estudos mostram que induzir um parto por macrossomia quase duplica a taxa de cesarianas sem trazer benefícios adicionais para o bebé. Atualmente, considera-se que:

  • Para grávidas diabéticas, uma cesariana eletiva pode ser indicada se o peso fetal for estimado em ≥ 4,5 kg.
  • Para grávidas não diabéticas, a cesariana só é recomendada com uma estimativa de peso ≥ 5 kg.

2️ Indução Eletiva

Esta é a indução realizada sem uma necessidade médica clara, por conveniência pessoal ou do profissional de saúde. Algumas razões incluem: 🔹 “Já estou muito cansada e ansiosa!” 🔹 “Estou com 41 semanas e o bebé ainda não nasceu.” 🔹 “É mais conveniente para mim ou para o meu médico.”

Se lhe propuserem uma indução, pergunte-se: 1️. Porquê induzir? 2️. Há alternativas? 3️. Quais são as consequências de cada opção? 4️. Podemos esperar mais algum tempo? Quanto? 5 O que acontece se decidir não induzir?

A Pressão da Data Provável do Parto

Antigamente, o tempo de gestação era baseado nos ciclos lunares e a data do parto era apenas uma previsão. Hoje, com a ecografia, tornou-se quase um “ultimato”. Mas, para quem espera há 9 meses, as últimas semanas podem ser desafiantes e cheias de ansiedade.

Subitamente, surgem perguntas como: “Será que o bebé está bem?” “Não será melhor induzir ou marcar uma cesariana?” “Como sei se ele está pronto para nascer?” “É seguro esperar?” “Posso fazer algo para acelerar o início do parto?”

Os Riscos da Indução do Trabalho de Parto

É essencial compreender os riscos antes de tomar uma decisão. Cada vez mais estudos apontam que a indução não é um procedimento isento de complicações. As principais são:

⚠ Falha na Indução – pode levar ao aumento das cesarianas ou de partos instrumentados (fórceps/ventosa). ⚠ Prematuridade – erro na datação da gravidez pode resultar num nascimento antes do tempo ideal. ⚠ Trabalho de Parto Mais Prolongado e Doloroso – contrações induzidas atingem o pico rapidamente e mantêm-se intensas por mais tempo. ⚠ Maior necessidade de intervenções médicas – incluindo uso de fármacos para alívio da dor, epidural, rotura artificial das membranas, partos instrumentados. ⚠ Risco de sofrimento fetal – devido à intensidade das contrações induzidas.

Além disso, ainda há muito a descobrir sobre as consequências a longo prazo de induções eletivas ou cesarianas sem indicação médica clara.

O que sabemos com certeza? ➡ Entrar em trabalho de parto espontaneamente é o melhor sinal de que o bebé está pronto para nascer (aliás, o próprio organismo do bebé, faz parte deste processo). ➡ Intervir artificialmente no processo natural do parto, a amamentação e a vinculação pode ter impactos que ainda não compreendemos totalmente. ➡ Os riscos da interrupção eletiva de uma gravidez saudável devem compensar os riscos de esperar.

E se chegar às 41 semanas e o bebé não nascer?

Apesar da ecografia ser a melhor forma de datar a gravidez, ela não é 100% exata. Eis as margens de erro estimadas:

📌 Até 12 semanas: 3 a 5 dias. 📌 12 a 20 semanas: 7 a 10 dias. 📌 20 a 30 semanas: até 2 semanas. 📌 Após 30 semanas: até 3 semanas.

 

Induzir às 41 semanas: O que dizem a evidência científica?

A maioria dos hospitais segue protocolos que recomendam indução a partir das 41 semanas porque há um ligeiro aumento do risco de complicações para o bebé (como insuficiência placentária e morte fetal intrauterina) se a gravidez avançar para além desse tempo. No entanto, a indução não é uma necessidade absoluta para todas as grávidas.

Se quiser esperar mais alguns dias, e desder que o seu bebé esteja saudável, pode conversar com o seu médico sobre um plano de vigilância do bem-estar fetal, que pode incluir: ✔ Ecografia para avaliar a placenta e o líquido amniótico. ✔ Cardiotocografia (CTG) para monitorizar os batimentos cardíacos do bebé. ✔ Acompanhamento frequente (normalmente, 2 a 3 vezes por semana).

Se tudo estiver bem, pode aguardar pelo trabalho de parto espontâneo com segurança. No entanto, se houver sinais de sofrimento fetal ou redução do líquido amniótico, a indução poderá ser recomendada para proteger o bebé.

O mais importante é que se sinta segura na decisão e que o casal esteja alinhado quanto às opções tomadas.

 

Dica Final

Para aliviar as pressões externas, quando alguém perguntar a data provável do parto, acrescente sempre duas semanas! Assim, evita a ansiedade causada pelas constantes perguntas e comentários.

Posso recusar induzir o meu Parto?

Sim, tem o direito de recusar uma indução do trabalho de, desde que esteja devidamente informada sobre os riscos e benefícios da sua decisão e assuma-a.

🔹 Direitos da Grávida e Consentimento Informado

Em Portugal (e em muitos outros países), nenhum procedimento médico pode ser realizado sem o seu consentimento informadoexceto em situações de emergência em que há risco iminente de vida. Isso significa que:

✅ A indução do parto não é obrigatória e não pode ser imposta sem o seu acordo. ✅ O seu profissional de saúde deve explicar-lhe todas as opções disponíveis, incluindo os benefícios e os riscos de esperar versus induzir. ✅ Se decidir não induzir, tem direito a um plano de vigilância da gravidez para monitorizar o bem-estar do bebé.

🔹 O que fazer se sentir pressão para induzir?

Se sentir que a estão a pressionar para aceitar a indução sem que tenha sido devidamente informada: – Pergunte sobre os reais benefícios e riscos da indução no seu caso específico. – Solicite um plano de vigilância para avaliar se o bebé está bem. – Peça uma segunda opinião se tiver dúvidas ou se sentir que as suas preocupações não estão a ser levadas a sério.

Conclusão: A decisão é sua

A indução do parto às 41 semanas é uma recomendação médica, não uma imposição. Se preferir esperar e for seguro para si e para o bebé, tem o direito de recusar e solicitar um acompanhamento adequado. O importante é que tome uma decisão informada, baseada no diálogo com o seu médico e nas suas próprias convicções e que assuma a decisão tomada.

 

Aqui está um modelo de pedido formal para recusar a indução do trabalho de parto, solicitando vigilância adequada para garantir a segurança do bebé e da mãe:

Nome da Grávida Morada Contacto Telefónico E-mail

Exmo./a Sr./a Dr./a [Nome do Profissional de Saúde ou Direção do Hospital Nome do Hospital ou Unidade de Saúde

Morada do Hospital

Data

Assunto: Recusa da Indução do Trabalho de Parto e Solicitação de Vigilância Fetal

Exmo./a Sr./a Dr./a,

Eu, [Nome Completo], grávida de [Número de Semanas de Gestação], seguida no serviço de [Nome do Hospital/Unidade de Saúde], venho, por este meio, manifestar a minha decisão informada e fundamentada de não aceitar a indução do trabalho de parto, desde que a vigilância do bem-estar fetal e materno demonstre que não há riscos acrescidos para mim ou para o meu bebé.

Tendo conhecimento das recomendações médicas e dos riscos potenciais associados tanto à indução como à continuação da gestação para além das XX semanas, exerço o meu direito ao consentimento informado e à recusa de procedimentos médicos, conforme previsto na legislação portuguesa:

📌 Lei n.º 15/2014, de 21 de março (Lei de Bases da Saúde) – Artigo 3.º, que prevê o direito dos utentes a decisões informadas sobre a sua saúde. 📌 Código Deontológico da Ordem dos Médicos – O médico deve respeitar a autonomia da grávida e garantir que qualquer intervenção é baseada no consentimento informado. 📌 Carta dos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto (Direção-Geral da Saúde) – Reconhece o direito à escolha informada sobre intervenções durante o parto.

Desta forma, solicito um plano de monitorização do bem-estar fetal e materno, que inclua:

✅ Ecografia obstétrica

✅ Cardiotocografia (CTG)

✅ Outros exames que possam ser considerados necessários para garantir a segurança da gravidez.

Declaro que esta decisão foi tomada de forma consciente, esclarecida e responsável, após ponderação da informação médica disponível. Assumo a responsabilidade pela escolha feita, desde que a vigilância demonstre que não existem sinais de sofrimento fetal ou outros fatores que exijam uma intervenção urgente.

Solicito que este documento seja anexado ao meu processo clínico e que me seja confirmada a estratégia de acompanhamento que será seguida.

Assumo que esta decisão é da minha inteira responsabilidade e reforço que nenhuma intervenção médica pode ser realizada sem o meu consentimento informado.

Agradeço a vossa compreensão e fico disponível para esclarecer qualquer dúvida.

Com os melhores cumprimentos,

[Nome Completo] [Assinatura]

Devo reconhecer a assinatura?

🔹 Para maior segurança e validade legal, pode reconhecer a assinatura num Cartório Notarial, numa Junta de Freguesia ou através de um Advogado/Solicitador. 🔹 Se entregar pessoalmente no hospital, pode solicitar assinar na presença do profissional de saúde responsável, garantindo que o documento seja anexado ao seu processo clínico. 🔹 Se enviar por e-mail, poderá ser solicitado um comprovativo de identidade, como uma cópia do Cartão de Cidadão.

Caso o hospital insista na indução sem respeitar a sua decisão, pode contactar a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) ou a Ordem dos Médicos para relatar a situação.

 

Métodos de indução

Induzir o trabalho de parto significa preparar o colo do útero para que o parto aconteça. Em alguns casos, a indução pode iniciar o trabalho de parto nas primeiras 24 horas, mas, por vezes, pode demorar até dois ou três dias para que as contrações se tornem regulares e eficazes. Portanto, for internada para uma indução do seu trabalho de parto, não quer dizer que o bebé vai nascer no dia do internamento. Isso pode acontecer após até 2 a 3 dias!

Existem vários métodos de indução, alguns com evidência científica consolidada e outros ainda em estudo. A escolha do método mais adequado depende basicamente das condições do colo do útero, do historial obstétrico da grávida, do protocolo do hospital, da presença de patologias maternas ou fetais entre outros.

Independentemente do método escolhido, é importante conversar com o profissional de saúde que a está a assistir para compreender o plano traçado, os objetivos da indução, como decorrerá o processo e o que pode esperar ao longo do caminho.

 

Vamos expor agora sobre algumas técnicas para indução do trabalho de parto, algumas utilizadas pela medicina tradicional e outras pela medicina alternativa.

É importante que saiba que o uso da medicina complementar ou alternativa durante a gravidez é uma prática bastante comum. Diferente da medicina tradicional, a medicina complementar ou alternativa baseia-se em hábitos culturais e práticas de saúde que são muitas vezes passadas de geração em geração. Embora existam estudos sobre essas abordagens, as conclusões ainda são pouco precisas, e será necessário realizar mais pesquisas rigorosas, com um maior número de participantes, para confirmar suas evidências científicas.

O uso dessas técnicas é, em grande parte, motivado pela crença de que são uma alternativa mais segura aos métodos farmacológicos recomendados pela medicina tradicional.

 

  1. Descolamento de membranas;
  2. Sonda de Foley;
  3. Prostaglandinas (comprimidos orais ou vaginais e fita vaginal);
  4. Ocitocina sintética;
  5. Rotura Artificial de Membranas (RAM);
  6. Relações Sexuais Desprotegidas;
  7. Óleos Essenciais/Aromaterapia;
  8. Rebozo;
  9. Acupuntura;
  10. Outros.

 

  1. Descolamento de Membranas

Durante a consulta de termo, pode ser-lhe proposto fazer o descolamento das membranas.

Fazer ou não fazer? Como funciona?

O descolamento das membranas é um procedimento realizado durante o toque vaginal, no qual o profissional de saúde separa manualmente a bolsa de águas aderida à parede interna do útero. Este processo estimula a libertação natural de prostaglandinas, substâncias que ajudam a amadurecer o colo do útero, aumentar o número de recetores de ocitocina no musculo uterino e podem desencadear o trabalho de parto.

Eficácia do Descolamento das Membranas

🔹 Aumenta a probabilidade de parto espontâneo – Estudos sugerem que este método reduz a necessidade de indução farmacológica e aumenta as taxas de início espontâneo do trabalho de parto.

🔹 Pode reduzir o tempo até ao parto – Uma revisão Cochrane (2020) concluiu que o descolamento das membranas aumenta a taxa de início do trabalho de parto nas 48 horas seguintes.

🔹 Pode ser útil para evitar indução formal – Alguns estudos mostram que, quando realizado a partir das 39-40 semanas, pode diminuir a necessidade de outros métodos de indução.

🔹 Menor necessidade de ocitocina – Um estudo publicado no American Journal of Obstetrics and Gynecology indicou que as mulheres submetidas ao descolamento das membranas tinham menor probabilidade de necessitar de ocitocina para indução.

Limitações e Efeitos Secundários

⚠ Nem sempre funciona – O descolamento das membranas só é eficaz se o colo do útero já estiver favorável (com alguma dilatação e amolecimento).

⚠ Pode causar desconforto ou dor – Muitas mulheres relatam desconforto significativo durante o procedimento, motivo pelo qual é apelidado de “toque maldoso”. Mas lembre-se que, se o procedimento estiver a ser muito desconfortável, pode pedir para interrompê-lo qualquer momento.

⚠ Pode levar a contrações irregulares – Algumas mulheres sentem contrações irregulares que não evoluem para trabalho de parto ativo.

⚠ Pode provocar perda de sangue e rutura prematura de membranas – Pequenos sangramentos são normais, mas existe um pequeno risco de rutura prematura da bolsa de águas, o que pode aumentar a necessidade de indução formal.

O Descolamento das Membranas é Seguro?

📌 A literatura científica indica que é um método seguro para a maioria das mulheres com gravidezes de baixo risco.

📌 Não está recomendado antes das 39 semanas, pois pode levar ao parto prematuro sem benefícios claros.

📌 Não deve ser realizado sem consentimento informado, uma vez que pode ser desconfortável e tem riscos associados.

📌 Contraindicado em algumas situações, como placenta prévia, infeções cervicais ou em grávidas com cesarianas anteriores, caso haja risco de rutura uterina.

Conclusão: Vale a Pena Considerar?

O descolamento das membranas é um método simples, seguro e relativamente eficaz para estimular o trabalho de parto sem necessidade de fármacos. Pode ser uma boa opção para mulheres que desejam evitar indução formal, desde que o colo do útero já esteja favorável.

Se lhe for proposto este procedimento, é importante estar informada sobre os seus benefícios e riscos e garantir que a decisão seja tomada em conjunto com o profissional de saúde, respeitando a sua autonomia e consentimento.

 

3. Sonda de Foley

COLOCAR A IMAGEM DA CABEÇA DO BEBE, DO BALAO E DO COLO UTERINO

2 Indução do Trabalho de Parto com Balão

A utilização de um balão colocado na cavidade uterina para induzir o parto é uma abordagem mecânica que promove a dilatação do colo do útero sem recurso a fármacos, estimulando a libertação natural de prostaglandinas.

Como funciona?

O balão é um pequeno cateter de silicone ou látex que é introduzido através do colo do útero e insuflado com soro fisiológico ou água estéril dentro da cavidade uterina entre a cabeça do bebé e o colo do útero. A pressão exercida pelo balão estimula a dilatação do colo do útero e promove a libertação local de prostaglandinas, ajudando a iniciar o trabalho de parto.

Vantagens da Indução com Balão

📌 Menos riscos para o bebé – Estudos indicam que este método reduz a incidência de hiperestimulação uterina, diminuindo o risco de sofrimento fetal em comparação com a administração de prostaglandinas sintéticas (misoprostol ou dinoprostona).

📌 Menor taxa de complicações maternas – A indução com balão está associada a menor risco de rotura uterina e efeitos secundários, sendo uma opção mais segura para mulheres com cesarianas anteriores ou outras cicatrizes uterinas.

📌 Menos necessidade de analgesia – Como o balão promove um amadurecimento mais lento e progressivo do colo do útero, pode resultar num início de trabalho de parto mais natural e menos doloroso.

📌 Pode ser usado em casa – Alguns protocolos permitem que a grávida vá para casa após a colocação do balão, tornando o processo menos medicalizado e mais confortável.

📌 A combinação do balão com ocitocina ou prostaglandinas pode reduzir o tempo total de indução e diminuir a necessidade de cesariana.

Desvantagens e Limitações

⚠ Desconforto durante a colocação – Algumas mulheres referem dor ou desconforto, mas geralmente é um procedimento bem tolerado.

⚠Dependendo das condições de dilatação do colo uterino, não é possível colocá-lo (como p.ex. num colo já com alguma dilatação)

⚠ Nem sempre inicia o trabalho de parto – Se o colo do útero não responder ao estímulo, podem ser necessários métodos adicionais (como ocitocina ou prostaglandinas).

⚠ Pode causar pequenas perdas de sangue e contrações irregulares – São normais, mas se forem intensas, deve-se avaliar a necessidade de ajuste no plano de indução.

Conclusão: Vale a pena considerar?

A indução com balão é uma alternativa segura e eficaz, especialmente para mulheres que querem evitar fármacos ou que têm um historial de cesariana. Embora possa ser desconfortável no início e nem sempre resulte na primeira tentativa, tem um perfil de segurança superior a muitos métodos farmacológicos, sendo uma boa opção para promover um parto vaginal.

  1. Prostaglandinas (comprimidos orais ou vaginais e fita vaginal)

As prostaglandinas são frequentemente utilizadas na indução do trabalho de parto para ajudar a amadurecer o colo do útero e estimular as contrações. Podem ser administradas de três formas: – por via oral (comprimidos);

– por via vaginal (comprimidos ou cápsulas)

– ou através de uma fita vaginal de libertação lenta.

 

Como qualquer medicamento, o seu uso deve ser bem ponderado, considerando os benefícios e os riscos. Embora sejam eficazes, podem, em alguns casos, causar contrações demasiado fortes e frequentes, o que pode reduzir o fluxo de oxigénio para o bebé (quando isso acontece existem medicamentos que promovem o relaxamento imediato do útero, contrariando este efeito colateral das prostaglandinas).

O que se sabe sobre as prostaglandinas na indução do parto?

📌 Eficácia comprovada – São muito eficazes para ajudar o colo do útero a preparar-se para o parto e podem reduzir a necessidade de outros medicamentos para indução.

📌 Diferenças entre a via oral e vaginal:

🔹 O comprimido oral pode ser mais confortável para a grávida e tem um efeito mais gradual, com menor risco de contrações excessivas.

🔹 A administração vaginal tende a ser mais eficaz na maturação do colo do útero, mas pode causar contrações mais fortes e intensas.

🔹 A fita vaginal liberta a prostaglandina lentamente e pode ser removida quando necessário, cessando o seu efeito num curto espaço de tempo, reduzindo o risco de efeitos secundários.

 

📌 Riscos a ter em conta:

 Contrações demasiado intensas  Em algumas mulheres, o útero pode contrair-se demasiado rápido ou com muita força, o que pode ser desconfortável e afetar o bebé.

 Risco de sofrimento fetal  Se as contrações forem muito frequentes, pode haver uma diminuição do oxigénio que chega ao bebé, exigindo monitorização atenta.

 Nem todas as grávidas podem usar prostaglandinas  Por exemplo, mulheres com cesarianas anteriores ou outras cirurgias no útero têm um risco aumentado de complicações e, nesses casos, este método pode não ser aconselhado.

 

Portanto:

As prostaglandinas são uma opção eficaz para induzir o parto, e o seu uso deve ser avaliado caso a caso. Se a indução for recomendada, o profissional de saúde deve explicar-lhe qual o método mais indicado para si, como funciona e o que pode esperar do processo.

A segurança da mãe e do bebé é sempre a prioridade, pelo que qualquer decisão deve ser tomada com base numa boa comunicação entre a grávida e a equipa médica.

Se tiver dúvidas, pergunte e peça esclarecimentos – compreender o processo ajuda a manter-se tranquila e confiante o que é também uma grande ajuda para a evolução do trabalho de parto

 

4. Ocitocina Sintética

A ocitocina sintética é amplamente utilizada na indução do trabalho de parto, administrada por via endovenosa para estimular contrações uterinas eficazes. A sua eficácia é particularmente alta quando o colo do útero já se encontra maduro, ou seja, amolecido e parcialmente dilatado.

A dose de ocitocina é ajustada conforme a resposta uterina e o bem-estar fetal, permitindo um controlo adequado do processo de indução. A sua administração é feita sempre através de uma bomba perfusoras que é capaz de controlar eficazmente a dose administrada.

Evidências Científicas:

  • Eficácia da Ocitocina: A ocitocina é um método de comprovada eficácia, usada há muitos anos na indução do trabalho de parto, especialmente em pacientes com rotura das membranas amnióticas. Estudos indicam que doses mais altas de ocitocina podem reduzir a duração do trabalho de parto e a taxa de cesarianas, aumentando a probabilidade de parto vaginal espontâneo.
  • Riscos Associados: O uso inadequado de ocitocina sintética pode levar a complicações materno-fetais, como hiperestimulação uterina, rotura uterina, sofrimento fetal, contrações dolorosas, hiponatremia, hipóxia fetal e acidemia, além do aumento da taxa de cesarianas.
  • Considerações Especiais: Em mulheres com cesariana anterior, a indução do trabalho de parto com ocitocina deve feita com parcimónia, uma vez que está associada a um aumento do risco de rotura uterina em comparação com o trabalho de parto espontâneo.

 

Conclusão:

A administração de ocitocina sintética é uma prática comum e eficaz na indução do trabalho de parto, especialmente quando o colo do útero está favorável. No entanto, é essencial uma monitorização cuidadosa da dose e da resposta uterina para minimizar potenciais riscos para a mãe e o feto.

A decisão de utilizar ocitocina deve ser baseada numa avaliação criteriosa das condições clínicas individuais e na disponibilidade de recursos para monitorização contínua da perfusão do medicamento e do estado materno e fetal durante o trabalho de parto.

Comentários:

meia-vida da ocitocina na circulação sanguínea é curta, variando entre 3 a 5 minutos. Isso significa que, após a sua administração, metade da quantidade presente no sangue é eliminada nesse intervalo de tempo.

Implicações Clínicas da Meia-Vida Curta

✅ Ajuste da Dose – Como a ocitocina desaparece rapidamente do sangue, a sua dose pode ser ajustada com facilidade para aumentar ou reduzir a intensidade das contrações.
✅ Efeito Transitório – Quando a administração é interrompida, o efeito desaparece rapidamente, permitindo que o útero retome a sua atividade natural.
✅ Menor Acumulação – Diferente de alguns medicamentos com meia-vida longa, a ocitocina não se acumula no organismo, tornando-a segura para ajuste contínuo conforme necessário.

Essas características fazem da ocitocina um medicamento seguro na sua utilização, sem dispensar os cuidados necessários

 

5. Rotura Artificial de Membranas (RAM)

Durante a gravidez, o bebé cresce dentro do útero, numa estrutura complexa formada por membranas e líquido amniótico, chamada bolsa de águas. Inicialmente, o líquido é produzido pela mãe e a partir do 4º mês, pelo bebé.

A bolsa d’água desempenha várias funções como: proteger o bebé de impactos, de infeções, mantém um ambiente intrauterino constante a nível de temperatura e é nela que o bebé cresce. A rotura da bolsa de águas é passível de acontecer em qualquer altura da gravidez, contudo, o mais natural e habitual é que esta se dê no termo da mesma.

As causas para esta rotura podem ser várias e, esta pode acontecer de forma natural ou artificial.

A rotura artificial das membranas (RAM), também chamada de amniotomia é prescrita por alguns profissionais com o objetivo de acelerar o trabalho de parto ou quando se deseja analisar as características do líquido amniótico. Como método inicial de indução do trabalho de parto, a RAM raramente é utilizada, uma vez que poderá aumentar o risco de infeção, pois ao rompermos a bolsa de água, a barreira entre a vagina contaminada e a cavidade uterina estéril, desaparece. 

Como funciona a RAM para induzir o parto?

A ideia por trás deste método é que, ao romper a bolsa de águas:
✔ Libertam-se prostaglandinas, substâncias naturais que ajudam o colo do útero a amadurecer e a desencadear contrações;
✔ A cabeça do bebé fica mais pressionada contra o colo do útero, o que pode estimular o início do trabalho de parto;
✔ Facilita-se a administração de outros métodos de indução, como a ocitocina intravenosa.

No entanto, a RAM sozinha nem sempre é suficiente para induzir o trabalho de parto, especialmente se o colo do útero ainda não estiver favorável. Nesses casos, pode ser necessário recorrer a medicamentos como prostaglandinas ou ocitocina.

Quando é utilizada a Rotura Artificial de Membranas na Indução?

A RAM pode ser usada na indução do parto quando:
✅ O colo do útero já está parcialmente dilatado e pronto para a fase ativa do parto;
✅ Há necessidade de estimular contrações sem recorrer a medicamentos;
✅ Se pretende avaliar a cor e o aspeto do líquido amniótico, garantindo que o bebé está bem;
✅ A grávida já está em trabalho de parto e deseja-se acelerar o processo.

Quais são os riscos da RAM na indução do parto?

Apesar de ser um procedimento simples, a rotura artificial das membranas não é isenta de riscos:
⚠ Não garante o início do trabalho de parto – Se o colo do útero ainda não estiver preparado, a RAM pode ser ineficaz e será necessário recorrer a outros métodos.
⚠ Aumento do risco de infeção – Com a bolsa rota, a barreira protetora entre o útero e o meio externo desaparece, aumentando o risco de infeção para a mãe e o bebé.
⚠ Pode causar contrações mais dolorosas e intensas – A ausência do líquido amniótico pode tornar as contrações mais fortes e desconfortáveis.
⚠ Risco de prolapso do cordão umbilical – Se o bebé ainda não estiver bem encaixado na pélvis, o cordão umbilical pode descer antes do bebé, comprometendo o fluxo de oxigénio (neste caso, pode ser necessário um parto de emergência).

 

Quando a RAM não deve ser feita?

A rotura artificial das membranas não é recomendada quando:

🚫 O bebé ainda está muito alto e não encaixado na pélvis, aumentando o risco de prolapso do cordão umbilical.
🚫 A grávida tem uma infeção ativa, como herpes genital;
🚫 Existe suspeita de placenta prévia (quando a placenta cobre o colo do útero ou está muito perto dele);
🚫 O bebé não está bem posicionado para o parto (exemplo: apresentação pélvica);

A Rotura Artificial de Membranas pode ser um método útil na indução do trabalho de parto, mas nem sempre é suficiente por si só. O seu sucesso depende da preparação do colo do útero e deve ser realizada apenas quando há uma indicação médica válida.

Se o seu profissional de saúde sugerir este procedimento, pergunte:
✅ Porque é recomendado no meu caso?
✅ Quais os riscos e benefícios?
✅ Há alternativas?
✅ O que acontece se esperarmos mais um pouco?

 

6. Relações Sexuais Desprotegidas

Ao contrário do que muita gente pensa, ter relações sexuais durante a gravidez não faz mal e pode até trazer benefícios. Desde o primeiro até ao último dia da gestação, o sexo é seguro e saudável, a menos que o médico diga o contrário por razões específicas, como risco de parto prematuro ou problemas no colo do útero ou da placenta. “Fazer amor” não só ajuda o corpo, com a libertação de hormonas que relaxam, como também fortalece a ligação emocional entre o casal. Mas será que pode ajudar a induzir o trabalho de parto? Há quem diga que sim, e a ciência tem algumas respostas interessantes sobre isso.

A ideia de que o sexo pode dar um “empurrãozinho” para o parto começar vem de três formas principais como o corpo reage:

  1. A libertação de ocitocina: Fazer amor, assim como beijar, abraçar ou acariciar, estimula o corpo a produzir ocitocina, muitas vezes chamada de “hormona do amor”. Esta hormona é a mesma que o corpo usa naturalmente para provocar contrações uterinas durante o parto. Momentos de intimidade podem, por isso, ajudar o útero a preparar-se.
  2. O efeito do orgasmo: Quando a mulher tem um orgasmo, o corpo liberta mais ocitocina e outras substâncias que fazem o útero contrair. É como se o orgasmo desse um sinal ao corpo para se mexer, o que pode ser útil se o parto já estiver próximo.
  3. As prostaglandinas do sémen: O sémen contém prostaglandinas, que são substâncias naturais que ajudam a amolecer e a abrir o colo do útero — um passo essencial para o trabalho de parto começar. Curiosamente, os medicamentos usados nos hospitais para induzir o parto muitas vezes também têm prostaglandinas sintéticas, o que mostra que este efeito tem uma base real.

Mas será que isto tudo é suficiente para fazer o bebé nascer? Ainda não existe uma resposta consensual. Alguns estudos mostram que as relações sexuais podem ajudar a induzir o parto, mas só quando o corpo da mãe e o bebé já estão prontos. Por exemplo, uma revisão de 2019 analisou vários estudos e concluiu que o sexo no final da gravidez (perto das 39 ou 40 semanas) está ligado a um início mais rápido do trabalho de parto em algumas mulheres. Outro estudo, de 2021, sugere que as prostaglandinas do sémen podem amadurecer o colo do útero, especialmente se ele já está a começar a mudar. Mas, uma pesquisa publicada no Journal of Obstetrics and Gynaecology concluiu que o coito no final da gravidez não acelera o início do trabalho de parto.

E é seguro? Sim, na maioria dos casos. Relações sexuais desprotegidas no final da gravidez não trazem riscos para a mãe ou o bebé, desde que a gravidez seja saudável e sem complicações. Só deve ser evitado se houver ordens médicas.

Embora fazer sexo no final da gravidez possa não ter efeitos comprovados sobre a indução do trabalho de parto, muitas mulheres e casais relatam benefícios emocionais e físicos. Fazer sexo pode ajudar a mulher a sentir-se mais próxima do parceiro, favorecendo um estado de espírito relaxado, o que pode contribuir para um trabalho de parto mais tranquilo quando este se inicia. Muitas mulheres também mencionam que o sexo as ajuda a relaxar e a dormir melhor.

Além disso, mesmo que o sexo não induza diretamente o parto, essa conexão emocional pode ser muito importante à medida que o casal se prepara para a chegada do bebé. A paciência, a compreensão e a criatividade são fundamentais para manter a relação saudável e reforçar o vínculo entre o casal nesse momento especial.

 

7. Óleos Essenciais/Aromaterapia

Desde há milhares de anos, em diferentes partes do mundo, as plantas aromáticas têm sido usadas para fins medicinais e cosméticos. A aromaterapia, tal como a conhecemos hoje, surgiu no século XX e é uma terapia que utiliza essências, óleos essenciais e hidrolatos extraídos de partes aromáticas de plantas medicinais para tratar problemas físicos, emocionais e mentais. Estes óleos são substâncias altamente concentradas, retiradas de flores, folhas, raízes ou cascas, e possuem propriedades que podem influenciar o corpo e a mente de forma natural.

Os tratamentos com óleos essenciais para estimular o início do trabalho de parto são geralmente iniciados a partir das 39 semanas de gravidez, quando o bebé está a termo e pronto para nascer. Estudos científicos mostram que alguns óleos podem ajudar a relaxar o corpo, estimular contrações uterinas e reduzir a ansiedade, tornando o processo mais confortável para a futura mãe. Os métodos mais comuns incluem massagens e banhos de imersão, nos quais os óleos são misturados com sal marinho e dissolvidos em água morna. No entanto, é fundamental que a sua utilização seja orientada por um aromaterapeuta credenciado, devido às particularidades e precauções necessárias durante este período.

Para garantir a segurança e eficácia, é importante seguir algumas precauções básicas:

  • Não aplique diretamente na pele: Os óleos essenciais devem ser diluídos num óleo vegetal (como amêndoas doces ou jojoba) antes de serem usados, pois são muito fortes e podem irritar a pele.
  • Não injete por via intramuscular (IM) ou endovenosa (EV): Estas formas de administração são perigosas e não recomendadas.
  • Mantenha os frascos bem fechados: Os óleos são voláteis, ou seja, evaporam facilmente se deixados abertos.
  • Prefira óleos essenciais biológicos: Assim, evita-se a presença de químicos ou pesticidas.
  • Escolha óleos certificados: Certifique-se de que os produtos têm garantia de pureza e qualidade.

A Organização Mundial da Saúde reconhece as terapias complementares, como a aromaterapia, como opções de baixo custo que podem melhorar a experiência do parto. Apesar destes benefícios, a ciência alerta que os efeitos podem variar de pessoa para pessoa, e é essencial que o uso seja personalizado e supervisionado.

A aromaterapia oferece uma abordagem suave e natural para apoiar as mulheres no momento do parto, ajudando a criar um ambiente mais tranquilo e harmonioso. Embora não substitua os cuidados médicos, pode ser uma ferramenta valiosa quando usada com responsabilidade. Se está a considerar esta opção, fale com o seu médico ou parteira e procure um aromaterapeuta qualificado para garantir que tudo é feito com segurança. Assim, poderá aproveitar os benefícios das plantas aromáticas, como tantas gerações fizeram antes de nós, com o respaldo da ciência moderna.

 

8. Rebozo

imagem posição grávida O rebozo é uma peça em tecido longo, tipo xaile, usado pelas parteiras tradicionais mexicanas, para envolver o corpo da grávida e realizar movimentos suaves durante a gravidez e o parto. Há muitos anos que mulheres e parteiras o utilizam, acreditando que ajuda a relaxar o corpo, aliviar dores e até facilitar o início do trabalho de parto

As investigações científicas acerca do rebozo é menos comum ainda assim, há algumas pistas interessantes.

Estudos pequenos, feitos com mulheres em países como a Dinamarca, mostram que o rebozo pode trazer conforto durante o trabalho de parto. As grávidas que experimentaram esta técnica disseram sentir menos dor e mais apoio emocional, especialmente quando usada por uma parteira ou pelo companheiro. Algumas referiram que os movimentos do rebozo — como balançar suavemente a pélvis ou ajustar a posição do bebé — pareceram ajudar o parto a avançar. Por exemplo, quando o bebé está numa posição difícil (como virado para trás), o rebozo pode ajudar a reposicioná-lo, o que às vezes facilita o início das contrações.

No entanto, a ciência ainda não tem uma resposta clara sobre se o rebozo pode, sozinho, induzir o trabalho de parto. Não existem estudos grandes ou muito rigorosos que mostrem que ele desencadeia contrações em mulheres que ainda não estão em trabalho de parto. O que se sabe é que ele pode ser um complemento útil, quando combinado com outras técnicas naturais, o rebozo parece criar um ambiente mais favorável para o parto começar naturalmente. Mas, por enquanto, não há provas fortes de que funcione como um “gatilho” direto para as contrações.

Então, é seguro usar o rebozo? Sim, desde que seja feito com cuidado e orientação. Não há relatos de riscos graves associados ao seu uso durante a gravidez ou o parto, o que o torna uma opção atraente para quem prefere métodos naturais. Ainda assim, é importante que seja aplicado por alguém experiente, como uma parteira, para evitar desconforto ou movimentos bruscos.

Em resumo, o rebozo é uma técnica que as mulheres gostam e que pode trazer benefícios, como alívio da dor e uma sensação de controlo durante o parto. Contudo, não há evidências científicas sólidas que provem que ele induz o trabalho de parto por si só.

 

9. Acupuntura

  A acupuntura é uma técnica milenar com origem na região da atual República Popular da China, baseada no princípio do equilíbrio da Energia Vital (Qi) e do Sangue (Xue) que circulam pelo organismo. Há milhares de anos que é usada para tratar diversos problemas, e hoje sabemos que pode ajudar no alívio da tensão, induzir e até acelerar o trabalho de parto. Para muitas grávidas, é uma opção viável e segura, desde que feita por profissionais certificados e com experiência em acompanhar mulheres nesta fase. Mas o que diz a ciência sobre isto? Vamos ver o que os estudos mais recentes revelam.

A acupuntura funciona através da colocação de agulhas muito finas em pontos específicos do corpo. Estes pontos estão ligados a caminhos de energia, e estimular certos deles — como os das pernas, mãos ou costas — pode influenciar o útero e preparar o corpo para o parto. A ideia é simples: ao equilibrar a energia, o corpo fica mais pronto para começar o trabalho de parto de forma natural.

Estudos científicos robustos mostram que a acupuntura pode ser eficaz para induzir o parto, especialmente quando a gravidez já está a termo, ou seja, a partir das 37 semanas. Por exemplo, uma análise grande de vários ensaios clínicos, publicada em 2020, concluiu que mulheres que receberam acupuntura tinham mais probabilidades de entrar em trabalho de parto espontaneamente, comparadas com as que não usaram esta técnica. Outro estudo, feito em 2017, mostrou que a acupuntura pode encurtar o tempo até o parto começar e reduzir a necessidade de medicamentos para induzir contrações, como a ocitocina sintética. Além disso, muitas grávidas relatam menos dor e ansiedade durante o processo, o que é um bónus importante.

Mas como é que isto acontece? A ciência sugere que a acupuntura estimula o sistema nervoso e liberta hormonas, como a ocitocina natural do corpo, que ajudam o útero a contrair. Também pode melhorar o fluxo de sangue na zona pélvica, facilitando a preparação para o parto. Um ponto interessante é que os efeitos parecem ser mais fortes quando a acupuntura é começada um pouco antes do parto — por exemplo, nas últimas semanas de gravidez — e feita em várias sessões.

É seguro? Sim, desde que bem aplicada. Revisões científicas, como uma da Organização Mundial da Saúde, indicam que a acupuntura tem poucos riscos quando feita por profissionais qualificados. Os efeitos secundários são raros e leves, como um pequeno desconforto no local das agulhas. No entanto, é essencial escolher alguém com formação específica em gravidez, porque alguns pontos de acupuntura devem ser evitados antes do parto para não causar problemas.

Vale a pena notar que a acupuntura não funciona igual para todas. Algumas mulheres entram em trabalho de parto logo após uma sessão, enquanto outras precisam de mais tempo ou combinar outras técnicas. Mesmo assim, os estudos mostram que é uma ajuda valiosa, especialmente para quem quer evitar métodos farmacológicos ou ter um parto mais natural.

Em resumo, a acupuntura é uma técnica com provas científicas sólidas de que pode induzir o trabalho de parto de forma segura e eficaz, além de trazer conforto à grávida.

 

10. Estimulação dos Mamilos

A estimulação dos mamilos é uma maneira natural que algumas grávidas usam para tentar começar o trabalho de parto devido a libertação uma hormona chamada ocitocina, que ajuda o útero a contrair-se. Essas contrações são o que faz o bebé começar a querer nascer. É a mesma hormona que aparece quando amamentamos ou estamos relaxados, e os médicos às vezes usam uma versão artificial dela para acelerar o parto.

Como se faz?

  • Com as mãos: A grávida ou alguém pode massajar os mamilos com os dedos, devagarinho, como se fosse imitar um bebé a mamar. Faz-se numa mama de cada vez. Não exagerar.
  • Com um coletor de colostro: o colostro retirado, pode ser armazenado e levado para o hospital. A colheita deve ser feita 1 a 2 vezes por dia, sem desconforto.
  • Quantas vezes: Pode-se tentar uns 15 a 20 minutos, 3 ou 4 vezes por dia, mas sempre descansando entre cada vez e vendo como o corpo reage.

Cuidados a ter

  • Só no fim: Só se deve fazer isto depois das 37 – 38 semanas de gravidez, quando o bebé já pode nascer sem problemas. Antes disso, pode ser arriscado.
  • Atenção às contracções: Se começarem a vir muito seguidas (menos de 3 minutos entre elas) ou durarem muito (mais de 1 minuto), é melhor parar.
  • Falar com o médico: Antes de tentar, pergunte ao seu obstetra/parteira se é seguro para si, porque nem toda a gente pode fazer isto.

Funciona mesmo?

Às vezes sim, às vezes não. Há estudos que dizem que pode ajudar o parto a começar mais cedo em algumas mulheres, mas não é garantido. Depende de o corpo estar pronto.

Conclusão:

A estimulação mamária parece ser benéfica para reduzir o número de mulheres que não entram em trabalho de parto e para diminuir as taxas de hemorragia pós-parto. No entanto, até que questões de segurança sejam totalmente avaliadas, esse método não deve ser utilizado em mulheres com gravidezes de risco. São necessárias mais pesquisas para avaliar sua segurança, incluindo dados sobre taxas de hemorragia pós-parto, número de mulheres que não entram em trabalho de parto e satisfação materna.

11. Outros

Muitas “receitas” são sugeridas para desencadear o início do trabalho de parto. Se funcionam??? Vá-se lá saber. A verdade é que na grande maioria das vezes, elas se não fizerem bem, também não vão fazer mal. Por vezes é necessário muita ousadia, coragem e uma pitada de bom senso.

São exemplos:

Exercício físico – A prática de exercício físico regular durante a gravidez está associada a vários benefícios, incluindo a melhoria da elasticidade, do alongamento e da resistência muscular, fatores que podem facilitar o trabalho de parto.

A atividade física, em geral, promove a libertação de endorfinas e ajuda a relaxar. Movimentar-se, pode fazer com que o bebé se posicione bem, promovendo a descida e o encaixe da apresentação.

No entanto, não existem evidências científicas robustas que comprovem que exercícios físicos específicos possam induzir ou antecipar o início do trabalho de parto. A atividade física é recomendada para a saúde geral da grávida e para a preparação do corpo para o parto, mas não faz sentido ser utilizada com o objetivo de iniciar o trabalho de parto.

É essencial que qualquer programa de exercícios durante a gravidez seja discutido e acompanhado por profissionais especializados, garantindo a segurança tanto da mãe como do bebé.

 

  1. Aquecer-se – A medicina chinesa “prega” que, para entrar em trabalho de parto, a mulher precisa estar rodeada de calor. Daí vem a ideia de ingerir comida apimentada, como gengibre e canela. Na verdade, não existe evidência científica. O que se verifica é que esses alimentos têm efeito termogénico, isto é, aceleram o metabolismo. Outra forma de aquecer o corpo, ficar relaxada, são os banhos quentes onde pode adicionar sais misturados com óleos essenciais. Não exagere na temperatura, pois não é para se torturar!
  2. Óleo de Rícino – O óleo de rícino é um óleo vegetal, derivado da semente de uma planta chamada Ricinus, usado no Egito antigo para induzir trabalho de parto. É um óleo laxante podendo causar náuseas e diarreia. Embora o óleo de rícino seja associado à estimulação da produção de prostaglandinas, o mecanismo exato pelo qual ele induz o trabalho de parto ainda não é completamente compreendido.

Os estudos existentes na atualidade, contém um baixo número de participantes e devem ser interpretados com cautela devido ao risco de viés associado à baixa qualidade metodológica. Portanto, mais pesquisas são necessárias para quantificar a eficácia do óleo de rícino como um agente de amadurecimento cervical e indução do parto.

Se for aconselhada a usar o óleo de ricino, deve fazê-lo sob supervisão profissional e ao adquiri-lo deve certificar-se que o mesmo é próprio para ingestão.

  1. Óleo de Prímula – O óleo de prímula (ou óleo de onagra), conhecido cientificamente como Oenothera biennis, é frequentemente utilizado como suplemento alimentar devido ao seu elevado teor um ácido gordo essencial da série ômega-6. Este ácido gordo é um precursor na biossíntese de prostaglandinas, substâncias que desempenham um papel crucial na maturação do colo uterino e na indução do trabalho de parto.

Os resultados de diversos estudos sobre o efeito do óleo de prímula no amadurecimento do colo uterino são extremamente controversos.

Embora seja amplamente utilizado, a segurança e eficácia do óleo de prímula na indução do parto ainda não são totalmente comprovadas. É importante que as grávidas consultem um profissional de saúde antes de o usarem, especialmente porque pode causar efeitos colaterais como náuseas ou dores de cabeça. Além disso, o óleo de prímula deve ser evitado em casos de epilepsia, problemas de coagulação ou uso de medicamentos anticoagulantes.

  1. Tâmaras – As tâmaras são frutas originárias do Médio Oriente e do Norte da África, ricas em fibras, hidratos de carbono que contém proteínas, potássio, cálcio, ferro, magnésio e vitamina A, C, D e B6. Há alguns trabalhos que mostram que as mulheres que consomem tâmaras na fase final da gravidez, iniciam o trabalho de parto espontaneamente e apresentam condições locais (colo) favoráveis, na chegada à maternidade; embora a qualidade geral dos estudos seja fraca devido ao alto risco de viés, alguns resultados parecem indicar efeitos benéficos do consumo de tâmaras no processo do trabalho de parto.

Independentemente dos resultados dos estudos, o consumo de tâmaras traz diversos benefícios durante a gravidez.

  1. Melhoram o funcionamento do intestino
    A prisão de ventre é uma queixa comum na gravidez. As tâmaras são ricas em fibras, ajudando a regular o trânsito intestinal e prevenindo a constipação.
  2. Fonte de energia natural
    O alto teor de carboidratos saudáveis fornece energia rápida e sustentada, ideal para combater o cansaço típico da gestação.
  3. Ajudam na formação das proteínas do bebê
    As proteínas das tâmaras são quebradas em aminoácidos essenciais, contribuindo para o desenvolvimento saudável do feto.
  4. Reduzem o risco de defeitos congênitários
    Ricas em folato (vitamina B9), auxiliam na prevenção de defeitos do tubo neural, como a mielomeningocele.
  5. Fornecem vitamina K
    Essencial para a coagulação sanguínea e para a saúde óssea do bebê.
  6. Contribuem para a prevenção da anemia
    As tâmaras contêm ferro, ajudando a manter os níveis adequados e reduzindo o risco de anemia, que pode causar complicações na gravidez e no parto.
  7. Auxiliam na formação de ossos e dentes do bebê
    O magnésio presente nas tâmaras é essencial para o desenvolvimento ósseo do feto, além de ajudar a regular a pressão arterial materna.
  8. Possuem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias
    Seus compostos bioativos podem fortalecer o sistema imunológico, beneficiar a memória e reduzir o risco de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer.

Conclusão

As tâmaras são uma opção nutritiva e saborosa para incluir na alimentação durante a gravidez (mas atenção diabéticas!). Com tantos benefícios para a saúde materna e fetal, vale a pena adicioná-las ao seu dia a dia.

 

  1. Abacaxi – Não há evidências científicas sólidas de que o abacaxi ajude a induzir o trabalho de parto. A bromelaína, presente no abacaxi, é uma enzima conhecida por suas propriedades anti-inflamatórias e digestivas. Alguns estudos sugerem que pode ter um efeito sobre a degradação do colágeno no colo do útero, o que teoricamente poderia auxiliar na sua maturação. Porém a quantidade de bromaleina presente no abacaxi é muito pequena para ter um efeito significativo. Além disso, ela é destruída durante a digestão, tornando improvável qualquer impacto direto no parto.

O que pode acontecer é que, ao consumir grandes quantidades de abacaxi, o estímulo no intestino acabe aumentando a atividade uterina, algo semelhante ao que ocorre com o óleo de rícino. Mas isso não significa que o abacaxi seja uma forma eficaz ou segura de indução do parto.

Em resumo, apesar de ser uma fruta deliciosa e nutritiva, o abacaxi não é uma solução comprovada para iniciar o trabalho de parto.

 

  1. Deixamos ainda outras sugestões como o de Chás de folhas de framboesa, de canela, chá da Naoli, entre outros…

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Ambiente

Pode parecer surpreendente, mas o ambiente onde ocorre o trabalho de parto tem uma influência direta na sua evolução. Um espaço tranquilo, acolhedor, com pouca luz, aquecido e familiar, onde a mulher se sinta segura e tenha privacidade, é essencial para que o processo ocorra de forma harmoniosa. Isso acontece porque o trabalho de parto é guiado por um complexo jogo hormonal, e um ambiente favorável potencializa a liberação da ocitocina, a chamada “hormona do amor”, essencial para que as contrações ocorram de maneira eficaz.

A verdade é que, em condições adequadas, a maioria das mulheres é perfeitamente capaz de parir sem necessidade de grandes intervenções, desde que estejam rodeadas por pessoas que as apoiam e confiam na sua capacidade de dar à luz. No entanto, a sensação de segurança varia de mulher para mulher. Enquanto algumas preferem a intimidade de estarem sozinhas ou apenas com o seu companheiro, confiando na presença discreta de uma equipa profissional qualificada, outras podem sentir medo e ansiedade quando estão apenas com o parceiro. E isso importa. Quando uma mulher sente medo ou stress, o seu corpo aumenta a produção de adrenalina, uma hormona que pode inibir o progresso do trabalho de parto, retardando ou até interrompendo as contrações.

A privacidade é uma condição fundamental para um parto fisiológico. As mulheres precisam sentir que não estão a ser constantemente observadas, que têm liberdade para se movimentar e expressar sem receios ou julgamentos. Esse respeito pela sua individualidade e conforto permite que a fisiologia do parto se desenrole como tem acontecido ao longo de milhões de anos na história da humanidade.

A ocitocina, sendo uma hormona sensível, precisa de um ambiente propício para ser liberada em plenitude. Afinal, não conseguimos amar ou relaxar quando nos sentimos ameaçados. Por outro lado, em algumas fases do trabalho de parto, especialmente no início, algumas mulheres podem preferir um ambiente mais animado, com música e interação, o que também é válido. Cada mulher deve ter o direito de escolher o que lhe traz tranquilidade, segurança e respeito.

Por isso, mais do que um ambiente ideal padronizado, o que realmente importa é que a mulher tenha suas preferências respeitadas. O parto é um momento transformador, e criar um espaço que lhe proporcione serenidade e confiança faz toda a diferença na forma como essa experiência será vivida.

 

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Alimentação e Jejum no Trabalho de Parto

Comer e Beber Durante o Trabalho de Parto

Já deve ter ouvido dizer que não se pode comer nem beber durante o trabalho de parto. Esta regra, conhecida como NPO (do latim “nada pela boca”), tem sido questionada nos últimos anos com base em novas descobertas científicas. Vamos explicar-lhe o que sabemos atualmente sobre este tema e como isso pode afetar o seu plano de parto.

De Onde Veio Esta Regra?

A regra de não comer nem beber durante o trabalho de parto surgiu nos anos 40, numa época em que as técnicas de anestesia eram muito diferentes das que conhecemos hoje. Naquele tempo, havia um receio de que as grávidas pudessem aspirar (inalar) o conteúdo do estômago durante a anestesia geral, o que poderia causar complicações graves.

Em 1946, após um estudo com mais de 44.000 mulheres, foram estabelecidas regras rígidas sobre a ingestão de alimentos durante o trabalho de parto. No entanto, é importante notar que as condições da anestesia naquela época eram muito diferentes:

  • Usavam-se misturas de gases como éter e clorofórmio
  • As mulheres ficavam completamente inconscientes
  • Não havia as técnicas modernas para proteger as vias respiratórias

O Que Mudou Desde Então?

Muita coisa mudou na medicina obstétrica desde os anos 40:

  1. A anestesia geral é raramente usada para partos – Menos de 6% das cesarianas usam anestesia geral hoje em dia, comparado com 41% nos anos 80.
  2. O risco de aspiração tornou-se extremamente raro – Estudos mostram que o risco atual é de aproximadamente 1 em 1,4 milhões de nascimentos (para comparar, o risco de ser atingido por um raio é de 1 em 600.000).
  3. Países como o Reino Unido já alteraram as suas regras – Muitos hospitais no Reino Unido e noutros países europeus agora permitem que as mulheres bebam líquidos claros e até comam refeições leves durante o trabalho de parto.

Por Que É Importante Comer e Beber Durante o Trabalho de Parto?

Ter um bebé exige muita energia! Estudos comprovam que o esforço físico de uma mulher durante o trabalho de parto é comparável ao de correr uma maratona. Privar o corpo de energia durante este processo pode levar a:

  • Fadiga excessiva
  • Produção de cetonas (substâncias ácidas produzidas quando o corpo queima gordura por falta de hidratos de carbono)
  • Desidratação
  • Maior stress para a mãe e para o bebé

O Que Dizem as Recomendações Atuais?

As recomendações mais recentes da Sociedade Americana de Anestesiologistas (outubro de 2022) são:

Para a Maioria das Mulheres em Trabalho de Parto:

  • Líquidos claros são recomendados, especialmente aqueles com eletrólitos, como:
    • Água
    • Chá sem leite
    • Café preto
    • Sumos de fruta sem polpa
    • Bebidas desportivas isotónicas
    • Gelo
  • Alimentos sólidos ainda são geralmente evitados durante o trabalho de parto ativo.

Para Mulheres com Fatores de Risco:

Algumas mulheres podem precisar de restrições mais rigorosas se tiverem condições como:

  • Refluxo gastroesofágico grave
  • Diabetes mal controlada
  • Obesidade severa
  • Pré-eclâmpsia
  • Complicações fetais

É importante notar que estas recomendações são para o trabalho de parto ativo. Durante a fase inicial ou de indução do parto, as recomendações podem ser diferentes, e deve-se discutir com a equipa médica sobre as opções disponíveis.

E No Seu Hospital?

A prática pode variar de hospital para hospital em Portugal. Alguns já adotaram políticas mais flexíveis baseadas nas evidências científicas mais recentes, enquanto outros ainda seguem políticas mais restritivas.

Sugerimos que converse sobre este tema com a sua equipa médica durante as consultas pré-natais e inclua as suas preferências no seu plano de parto. Informe-se sobre a política do hospital onde planeia ter o seu bebé.

Opções Práticas para o Trabalho de Parto

Se o seu hospital permitir, considere estas opções para manter a energia durante o trabalho de parto:

Bebidas Recomendadas:

  • Água
  • Bebidas isotónicas (com eletrólitos)
  • Sumos de fruta diluídos sem polpa
  • Chá de frutas

Alimentos Leves (quando permitidos na fase inicial):

  • Gelatina
  • Mel ou compotas
  • Puré de frutas
  • Barras energéticas de fácil digestão

Lembre-se que cada mulher e cada trabalho de parto são únicos. O mais importante é sentir-se confortável e com energia suficiente para viver esta experiência tão especial.

Conclusão

A ciência mais recente mostra que a regra rígida de não comer nem beber durante o trabalho de parto é, em muitos casos, desnecessária e pode até prejudicar o bem-estar da mãe e o progresso do trabalho de parto.

Com os avanços na segurança da anestesia e o conhecimento atual sobre as necessidades energéticas durante o parto, cada vez mais hospitais estão a atualizar as suas políticas para permitir, pelo menos, a ingestão de líquidos claros durante o trabalho de parto.

Como sempre, a comunicação com a sua equipa de saúde é fundamental. Discuta as suas preferências e preocupações durante as consultas pré-natais e inclua-as no seu plano de parto.

Comer e beber são necessidades vitais! O seu corpo precisa de energia para trazer o seu bebé ao mundo.

 

 

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Uso de Objetos Pessoais Durante o Trabalho de Parto

Por que é importante?

Durante o trabalho de parto, poder usar os seus próprios objetos e roupas pode ajudar-lhe a sentir-se mais confortável e segura. Estudos mostram que este conforto emocional pode contribuir para uma experiência de parto mais positiva e até mesmo facilitar o progresso do trabalho de parto, pois ajuda a reduzir os níveis de stress e ansiedade.

O que pode levar para o hospital?

Roupas próprias

Em vez de usar apenas a bata do hospital, pode levar:

  • Um top confortável
  • Um vestido largo ou camisola comprida
  • Uma cueca-fralda (muito prática para o pós-parto)
  • Uma camisa de abertura frontal (facilita a amamentação e o contacto pele a pele)
  • Meias quentes (os pés frios são comuns durante o trabalho de parto)

Estas opções podem dar-lhe mais liberdade de movimentos e tornar o contacto pele a pele com o seu bebé mais fácil e natural após o nascimento.

Objetos de conforto

  • A sua própria almofada
  • Um cobertor ou manta que lhe seja familiar
  • Fotografias ou objetos com valor sentimental
  • Difusor de aromas (se a maternidade permitir)
  • Música que lhe traga boas sensações

Objetos pessoais

  • Não é necessário retirar jóias como brincos ou alianças (a menos que seja solicitado por motivos específicos)
  • Pode usar os seus óculos ou lentes de contacto
  • Pode manter o seu próprio penteado e acessórios de cabelo

Benefícios comprovados

Investigações recentes na área da obstetrícia têm demonstrado que manter o seu ambiente pessoal durante o parto pode:

  • Reduzir a perceção de dor
  • Diminuir a necessidade de intervenções médicas
  • Aumentar a satisfação com a experiência do parto
  • Promover a produção de ocitocina (hormona importante para o trabalho de parto)
  • Reduzir o stress e a ansiedade

Um estudo publicado no Journal of Perinatal Education mostrou que as mulheres que puderam personalizar o ambiente do parto relataram maior sensação de controlo e satisfação com a experiência.

Como incluir no seu plano de parto

  1. Informe-se com antecedência sobre as políticas do hospital ou maternidade
  2. Converse com a sua equipa médica sobre o que é importante para si
  3. Inclua especificamente no seu plano de parto quais os objetos pessoais que gostaria de usar
  4. Prepare uma mala com todos estes itens algumas semanas antes da data prevista para o parto

Lembre-se que o trabalho de parto é um momento seu e do seu bebé. Personalizar este ambiente pode ajudar a torná-lo mais acolhedor e tranquilo, contribuindo para uma experiência mais positiva e significativa.

Dica: Pergunte durante a visita à maternidade quais as políticas específicas sobre objetos pessoais, roupas e outros itens de conforto. Cada instituição pode ter regras diferentes.

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Mobilidade e Liberdade de Movimentos

Porque é importante mover-se durante o trabalho de parto?

Poder movimentar-se livremente durante o trabalho de parto é um dos seus melhores aliados. Quando muda de posição e se mantém ativa:

  • Sente mais conforto e menos dor
  • As contrações tornam-se mais eficazes
  • O bebé desce mais facilmente pelo canal de parto
  • O trabalho de parto pode tornar-se mais curto
  • Sente-se mais no controlo da sua experiência

Estudos científicos mostram que as mulheres que se mantêm ativas durante o trabalho de parto têm, em média, menos 1 hora de duração da primeira fase do parto e menor necessidade de medicação para a dor.

Que posições pode experimentar?

Experimente várias posições para descobrir quais lhe trazem mais alívio:

  • De pé, apoiada no seu acompanhante ou numa parede
  • Sentada numa bola de parto ou cadeira
  • De cócoras (aumenta o diâmetro da bacia até 2 cm!)
  • De gatas, com as mãos e joelhos no chão
  • Deitada de lado
  • De joelhos, apoiada numa cadeira ou cama
  • Inclinada para a frente com os braços apoiados

Cada posição tem vantagens diferentes. Por exemplo, estar de pé ou de cócoras aproveita a força da gravidade, enquanto a posição de gatas alivia a pressão nas costas, especialmente se o bebé estiver virado para trás.

Como preparar-se em casa?

Pode “treinar” estas posições em casa, antes do parto, para descobrir quais se sente mais confortável. Durante as aulas de preparação para o parto, peça à sua enfermeira ou parteira para lhe mostrar diferentes opções e como alternar entre elas.

Como funciona o seu corpo?

A sua bacia não é uma estrutura rígida! É formada por quatro ossos unidos por ligamentos que, graças às hormonas da gravidez, ficam mais elásticos. Podemos compará-los à plasticina: inicialmente dura, mas que se torna maleável quando trabalhada.

Quanto mais se movimentar, mais flexíveis ficam estes ligamentos, permitindo que a sua bacia se ajuste e crie mais espaço para o bebé passar. É como se a sua bacia “dançasse” com o seu bebé!

O bebé também participa ativamente

Muitas pessoas não sabem, mas o bebé é muito ativo durante o parto. Ele faz movimentos de rotação e flexão para se adaptar ao canal de parto. Quando você se movimenta, ajuda o seu bebé a encontrar o melhor caminho.

E se tiver epidural?

Mesmo com epidural, a mobilidade continua a ser importante:

  • Em alguns hospitais, já existe a chamada “epidural que permite caminhar” (walking epidural), que bloqueia a dor, mas permite que se mantenha de pé e se movimente com segurança.
  • À medida que o trabalho de parto avança e as contrações ficam mais fortes, pode ser necessário aumentar a dose do medicamento, o que pode limitar a sua capacidade de andar. Mesmo assim, poderá continuar a mudar de posição na cama.
  • Por vezes, a equipa médica pode sugerir reduzir a dose da epidural para permitir que se movimente mais, especialmente se isso ajudar a progressão do parto. Em alguns momentos, pode valer a pena sentir um pouco mais de dor para poder movimentar-se melhor.

Estudos recentes mostram que mesmo com epidural, as mulheres que mudam regularmente de posição na cama têm trabalhos de parto mais curtos e menor probabilidade de precisar de fórceps ou ventosas.

Uma dança a dois

Lembre-se: o trabalho de parto é um esforço conjunto entre si e o seu bebé. Enquanto o bebé tenta adaptar a sua cabeça à sua bacia, os seus movimentos ajudam a criar mais espaço, facilitando a sua passagem.

Se ficar imóvel, o bebé terá que fazer todo o trabalho sozinho. É como dançar a dois – quando ambos se movem em sintonia, tudo flui melhor!

No entanto, não se trata de fazer uma maratona. Há momentos para se movimentar ativamente e outros para descansar. Escute o seu corpo e alterne entre períodos de atividade e de descanso.

Para incluir no seu plano de parto

Considere incluir no seu plano de parto:

  • O desejo de se movimentar livremente durante o trabalho de parto
  • As posições que gostaria de experimentar
  • Se pretende utilizar equipamentos como bola de parto ou banco de parto
  • As suas preferências quanto à mobilidade caso opte pela epidural

Lembre-se que cada parto é único, e o mais importante é encontrar o que funciona melhor para si e para o seu bebé naquele momento.

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Equipamentos e técnicas de suporte no Trabalho Parto

Durante a preparação para o parto vai descobrir que alguns acessórios ou técnicas poderão aumentar o seu conforto e aliviar a dor durante o trabalho de parto. Vai aprender a usá-los e descobrir quais são aqueles que poderão ajudá-la.

Verifique se a maternidade possui os equipamentos que acha que lhe serão úteis. Contacte a instituição para saber se é possível levar o seu próprio material, se assim o desejar.

Porque são importantes?

Os equipamentos e técnicas de apoio no trabalho de parto não são apenas acessórios – são ferramentas valiosas que podem transformar a sua experiência de parto. Estudos científicos mostram que o uso destes recursos pode:

  • Reduzir significativamente a perceção da dor
  • Diminuir a necessidade de analgésicos
  • Encurtar o tempo de trabalho de parto
  • Aumentar a sua sensação de controlo durante o processo
  • Diminuir a probabilidade de intervenções médicas
  • Promover uma experiência de parto mais positiva

Como escolher o que é melhor para si?

Cada mulher é única, e o que funciona para uma pode não funcionar para outra. Ao preparar-se para o parto, considere:

  • As suas preferências pessoais
  • A sua condição física
  • O tipo de parto que deseja
  • As recomendações do seu médico ou parteira
  • O que está disponível na sua maternidade

Nas aulas de preparação para o parto, poderá experimentar diversos equipamentos e técnicas para descobrir quais lhe trazem mais conforto. Esta experiência prévia será valiosa quando estiver em trabalho de parto.

Como incluir no seu plano de parto?

No seu plano de parto, pode indicar os equipamentos e técnicas que gostaria de utilizar. Por exemplo:

“Gostaria de ter acesso a uma bola de parto durante o trabalho de parto.”

“Pretendo utilizar água quente (chuveiro ou banheira) para alívio da dor.”

“Desejo poder movimentar-me livremente e utilizar diferentes posições durante o trabalho de parto.”

Verificação Prévia com a Maternidade

Diferentes instituições têm diferentes recursos disponíveis. Algumas semanas antes da data prevista para o parto, recomendamos que verifique:

  • Quais os equipamentos disponíveis na maternidade
  • Se pode levar o seu próprio material (como bola de parto, rebozo, etc.)
  • Se existem restrições ao uso de certos equipamentos em determinadas situações
  • Se é necessário fazer alguma reserva prévia (por exemplo, para uma sala com banheira)

Esta verificação pode ser feita durante uma visita à maternidade ou através de um outro contactocom o Serviço de Obstetrícia.

Flexibilidade é a chave

É importante manter a mente aberta e ser flexível durante o trabalho de parto. Algo que pensou que seria muito útil pode não ser tão eficaz como esperava, enquanto outro recurso que não tinha considerado pode revelar-se extremamente valioso.

A equipa de profissionais que a acompanha poderá sugerir alternativas adequadas ao seu caso específico e à forma como o seu trabalho de parto está a progredir.

Nas secções seguintes, vamos explorar em detalhe os diferentes equipamentos e técnicas disponíveis para apoiar o seu trabalho de parto, explicando como funcionam e quais os seus benefícios específicos.

 

BOLA DE PARTO

               imagem posição grávidaimagem posição grávida

O que é?

A bola de parto é uma bola grande e resistente, feita de material antirrebentamento, semelhante às utilizadas em aulas de pilates ou fisioterapia. É um dos instrumentos mais populares e eficazes para ajudar durante o trabalho de parto.

Como pode ajudar?

Qualquer atividade física durante o trabalho de parto é sempre muito bem-vinda, e a bola de parto é uma excelente aliada neste processo. Estudos científicos mostram que usar a bola durante o trabalho de parto pode:

  • Reduzir a intensidade da dor em cerca de 40%
  • Encurtar o tempo de trabalho de parto
  • Diminuir a necessidade de medicação para a dor
  • Facilitar a descida do bebé pelo canal de parto
  • Melhorar a satisfação com a experiência do parto

Como utilizar?

Existem várias formas de utilizar a bola durante o trabalho de parto:

Sentada na bola: Balance-se suavemente para a frente e para trás, ou de um lado para o outro. Pode também fazer movimentos circulares ou em forma de oito com a anca. Estes movimentos ajudam a aliviar as dores e facilitam a descida do bebé, pois permitem um relaxamento na região lombar e um alongamento do pavimento pélvico.

Abraçada à bola: Ajoelhe-se no chão ou na cama, abraçe a bola contra o peito e incline o corpo para a frente, apoiando os ombros e peito na bola. Esta posição pode ser extremamente relaxante para a região lombar e abdominal, especialmente se o bebé estiver posicionado com as costas contra as suas costas.

Encostada à parede: Coloque a bola entre a parede e as suas costas, e dobre ligeiramente os joelhos. Esta posição permite-lhe descansar as costas enquanto se mantém de pé.

Ao libertarmos a tensão dos músculos da região pélvica, melhoramos a circulação sanguínea e os estímulos nervosos, favorecendo o trabalho de parto como um todo.

Qual o tamanho certo para si?

É importante escolher uma bola com o tamanho adequado à sua altura, para que possa sentir-se segura e confortável:

  • Se tiver até 1,60m de altura: bola de 55cm de diâmetro
  • Entre 1,60m e 1,73m: bola com 65cm de diâmetro
  • Mais de 1,73m de altura: bola com 75cm de diâmetro

Quando sentada na bola, os seus joelhos devem estar aproximadamente ao mesmo nível das ancas, ou ligeiramente mais baixos, formando um ângulo de 90° a 100°.

É preferível que a bola não esteja totalmente cheia, pois poderá reduzir a sua sensação de segurança e dificultar os exercícios. Deve conseguir afundar ligeiramente quando se senta, mas não demasiado.

Preparando-se para o grande dia

Informe-se com antecedência se vai precisar de levar a sua própria bola para o hospital, ou se a maternidade disponibiliza este equipamento. Se for comprar uma bola, procure modelos anti-derrapante e anti-perfuração, que são mais seguros.

Pratique com a bola durante a gravidez para se familiarizar com ela. Isto ajudará a fortalecer os músculos das pernas e do pavimento pélvico, e dará mais confiança para a utilizar durante o trabalho de parto.

Dicas úteis

  • Utilize a bola numa superfície não escorregadia
  • Tenha alguém por perto para apoio e segurança
  • Alterne entre diferentes posições para descobrir o que funciona melhor para si
  • Respire profundamente enquanto faz os movimentos
  • Se sentir tonturas ou desconforto, pare e mude de posição

A experiência de outras mães

Muitas mães relatam que a bola foi o seu recurso favorito durante o trabalho de parto. Uma revisão sistemática publicada no Journal of Perinatal Education concluiu que as mulheres que utilizaram a bola sentiram maior controlo sobre o seu parto e uma redução significativa na perceção da dor.

Lembre-se que cada trabalho de parto é único, e o importante é encontrar as posições e técnicas que funcionam melhor para si e para o seu bebé. A bola de parto é apenas uma das muitas ferramentas disponíveis para tornar esta experiência mais confortável.

 

BOLA AMENDOIM

                   imagem posição grávida

O que é a bola amendoim?

A bola amendoim tem este nome porque a sua forma lembra a casca de um amendoim – mais estreita no meio e mais larga nas extremidades. É uma versão adaptada da bola de parto tradicional, especialmente desenhada para oferecer mais estabilidade e conforto durante o trabalho de parto.

Como pode ajudar?

A forma única da bola amendoim, com a parte central mais estreita, permite à grávida envolvê-la confortavelmente com as pernas. Esta característica torna-a especialmente útil para:

  • Manter a mobilidade mesmo quando está na cama
  • Aliviar dores nas costas e na região pélvica
  • Facilitar movimentos que ajudam na descida do bebé
  • Proporcionar maior estabilidade que a bola redonda comum

É uma preciosa ajuda para aquelas mulheres que não querem ou não podem sair da cama, seja por opção pessoal, por indicação médica ou após receberem analgesia epidural.

Benefícios comprovados

Estudos científicos têm demonstrado que a utilização da bola amendoim durante o trabalho de parto pode trazer vários benefícios:

  • Facilita a passagem do bebé: Ao sentar-se sobre a bola, a sua utilização permite modificar os diâmetros da bacia materna, criando mais espaço para o bebé passar pelo canal de parto.
  • Reduz o desconforto: Os movimentos suaves na bola amendoim ajudam a aliviar a dor e a pressão, principalmente na região lombar.
  • Pode encurtar o trabalho de parto: Investigações mostram que a mobilidade proporcionada pela bola amendoim pode ajudar a reduzir a duração do trabalho de parto.
  • Diminui a probabilidade de intervenções: O seu uso está associado a uma menor necessidade de fórceps, ventosas ou cesariana, uma vez que facilita o posicionamento correto do bebé.
  • Melhora a circulação sanguínea: Os movimentos suaves estimulam a circulação, o que beneficia tanto a mãe como o bebé.

Como utilizar a bola amendoim

A bola amendoim pode ser usada de várias maneiras durante o trabalho de parto:

  1. Sentada sobre a bola
  • Sente-se na bola com a parte central estreita entre as suas pernas
  • Balance-se suavemente para a frente e para trás ou de lado a lado
  • Faça pequenos movimentos circulares com a anca
  • Mantenha sempre os pés bem apoiados no chão para maior segurança
  1. Deitada de lado abraçando a bola
  • Deite-se de lado na cama e coloque a bola à sua frente
  • Envolva-a com os braços e a perna de cima
  • Esta posição é especialmente boa para descansar entre contrações
  1. De gatas apoiada sobre a bola
  • Coloque-se de gatas e apoie a parte superior do corpo sobre a bola
  • Esta posição é excelente para aliviar dores nas costas, especialmente se o bebé estiver posicionado com as costas contra as suas costas (posição occipito-posterior)

Quando utilizar

A bola amendoim é versátil e pode ser usada:

  • Durante a fase de dilatação (primeiro estádio do trabalho de parto)
  • Durante a fase de expulsão (segundo estádio, quando faz força para o bebé nascer)
  • Mesmo após receber epidural (com a devida supervisão)
  • Durante a gravidez para treinar e preparar o corpo

Tamanho adequado

Tal como acontece com a bola redonda tradicional, é importante escolher o tamanho adequado:

  • Para mulheres com altura até 1,65m: bola amendoim de 45cm x 90cm
  • Para mulheres com mais de 1,65m: bola amendoim de 55cm x 110cm

A bola deve estar suficientemente cheia para oferecer apoio, mas com alguma elasticidade para maior conforto.

Dicas de segurança

  • Certifique-se que a bola é anti-furo
  • Utilize sempre em superfícies não escorregadias
  • Tenha sempre alguém por perto para ajudar a manter o equilíbrio
  • Se sentir tonturas ou desconforto, pare e mude de posição

Pergunte na sua maternidade

Muitas maternidades já disponibilizam bolas amendoim para utilização durante o trabalho de parto. Informe-se com antecedência se este é o caso na instituição onde planeia ter o seu bebé. Se não estiver disponível e considerar que este recurso poderá ser útil para si, verifique se pode levar a sua própria bola.

Experiência prática antes do parto

Se possível, experimente utilizar a bola amendoim durante a gravidez. Isto irá ajudá-la a familiarizar-se com o equipamento e a descobrir quais os movimentos e posições que lhe são mais confortáveis.

Algumas aulas de preparação para o parto incluem exercícios com a bola amendoim, o que pode ser uma excelente oportunidade para aprender a utilizá-la corretamente antes do grande dia.

 

DISCO DINÂMICO

O que é o disco dinâmico?

O disco dinâmico (também conhecido como disco de parto ou almofada de balanço) é uma pequena almofada de ar ou espuma firme, geralmente com cerca de 30 a 35 cm de diâmetro. A sua superfície ligeiramente instável permite pequenos movimentos mesmo quando está sentada ou deitada, o que pode ser extremamente útil durante o trabalho de parto.

Para que serve?

Os discos dinâmicos são usados nas salas de parto quando a grávida perdeu a capacidade de se mover livremente no chão, geralmente devido à anestesia epidural. Usado com a grávida sentada ou deitada, com as nádegas sobre o disco, permite alguns movimentos da bacia, auxiliando o relaxamento dos ligamentos, a libertação do cóccix e, consequentemente, aumentando os diâmetros da bacia.

Esta mobilidade, mesmo que reduzida, é muito importante pois:

  • Mantém o trabalho de parto ativo
  • Ajuda o bebé a encontrar o melhor caminho para nascer
  • Pode aliviar a pressão e o desconforto
  • Permite que continue a beneficiar dos efeitos da gravidade

Quando é mais útil?

O disco dinâmico é especialmente útil nas seguintes situações:

  • Após a administração da epidural: Quando já não consegue andar, mas ainda pode sentar-se na cama ou numa cadeira
  • Em caso de monitorização contínua: Quando precisa de estar ligada a equipamentos de monitorização fetal
  • Durante períodos de cansaço: Quando precisa de descansar, mas quer manter alguma mobilidade
  • Em fases avançadas do trabalho de parto: Para ajudar na descida do bebé no canal de parto

Como utilizar o disco dinâmico?

Existem várias formas de utilizar o disco dinâmico durante o trabalho de parto:

Sentada na cama:

  • Coloque o disco na cama e sente-se sobre ele
  • Balance suavemente a anca para a frente e para trás ou em movimentos circulares
  • Mantenha as costas apoiadas em almofadas ou no seu acompanhante

Na cadeira de parto:

  • Coloque o disco na cadeira de parto e sente-se sobre ele
  • Segure-se nos apoios laterais para maior estabilidade
  • Faça movimentos suaves com a bacia

Deitada de lado:

  • Coloque o disco entre os joelhos
  • Este posicionamento ajuda a manter a bacia aberta e pode aliviar a pressão nas costas

Benefícios comprovados

Estudos científicos têm demonstrado que manter alguma mobilidade da bacia durante o trabalho de parto, mesmo com epidural, traz diversos benefícios:

  • Trabalho de parto mais curto: A revisão de Lawrence et al. (2013) na Cochrane Library mostrou que manter alguma mobilidade pode reduzir a duração do primeiro estádio do trabalho de parto em cerca de 1,5 horas.
  • Menos intervenções: A mobilidade, mesmo que limitada, está associada a uma menor taxa de partos instrumentados (fórceps ou ventosas) e cesarianas.
  • Melhor posicionamento do bebé: Os pequenos movimentos da bacia podem ajudar o bebé a rodar e a encontrar a melhor posição para nascer.
  • Maior satisfação: As mulheres que conseguem manter alguma mobilidade durante o trabalho de parto relatam maior satisfação com a experiência.

A importância da mobilidade mesmo com epidural

Durante muito tempo, acreditou-se que as mulheres com epidural deveriam permanecer completamente imóveis. No entanto, a investigação atual mostra que manter alguma mobilidade, mesmo com analgesia epidural, pode melhorar os resultados do parto.

As novas fórmulas de epidural (conhecidas como “epidural de baixa dose” ou “epidural móvel”) permitem mais movimento que as fórmulas tradicionais, e o disco dinâmico é um excelente complemento para aproveitar esta vantagem.

Está disponível na sua maternidade?

Nem todas as maternidades disponibilizam discos dinâmicos. Se considera que este recurso pode ser importante para o seu trabalho de parto:

  1. Pergunte durante a visita à maternidade se têm discos dinâmicos disponíveis
  2. Se não tiverem, verifique se pode levar o seu próprio disco
  3. Inclua esta preferência no seu plano de parto

Alternativas ao disco dinâmico

Se a maternidade não dispuser de discos dinâmicos e não puder levar o seu próprio disco, existem algumas alternativas:

  • Almofada enrolada: Uma almofada firmemente enrolada pode proporcionar alguma instabilidade e permitir pequenos movimentos
  • Toalha enrolada: Semelhante à almofada, uma toalha grossa enrolada pode servir como alternativa básica
  • Bola pequena: Uma bola pequena e macia pode ser colocada sob as nádegas para permitir algum movimento

Lembre-se de que qualquer alternativa deve ser discutida com a equipa de profissionais que a acompanha durante o parto para garantir que é segura e adequada à sua situação específica.

Combinação com outras técnicas

O disco dinâmico pode ser combinado com outras técnicas de alívio da dor e promoção do conforto durante o trabalho de parto, como:

  • Respiração controlada
  • Massagem nas costas
  • Aplicação de calor ou frio
  • Técnicas de visualização e relaxamento

A combinação de diferentes abordagens pode proporcionar um alívio mais completo e uma experiência de parto mais positiva.

 

BANCO DE PARTOS

                       

O que é o banco de partos?

O banco de partos é um equipamento especialmente concebido para ajudar no momento do nascimento do bebé. Com uma forma redonda ou semicircular e uma altura normalmente entre 30 e 40 cm, a sua característica mais distintiva é ser aberto na parte da frente, permitindo acesso ao períneo (área entre a vagina e o ânus).

Como ajuda no trabalho de parto?

O banco de partos facilita o nascimento do bebé, uma vez que permite à grávida adotar uma postura mais vertical, o que vai ajudar na fase final do parto. Esta posição vertical traz vários benefícios:

  • Aproveita a força da gravidade: Ajuda o bebé a descer naturalmente pelo canal de parto
  • Aumenta os diâmetros da bacia: A abertura da bacia pode aumentar até 30% em comparação com a posição deitada
  • Melhora a eficácia das contrações: As contrações tornam-se mais fortes e eficientes
  • Reduz a compressão dos vasos sanguíneos: Melhora a circulação e o fornecimento de oxigénio para o bebé

Não é um banco comum, pois é aberto na frente para permitir total liberdade do osso do cóccix (o último osso da coluna) e da bacia. Esta abertura é fundamental, pois permite que o cóccix se mova para trás durante a passagem do bebé, criando mais espaço no canal de parto.

Benefícios comprovados

Vários estudos científicos têm demonstrado os benefícios do uso do banco de partos:

  • Trabalho de parto mais curto: Investigações mostram uma redução média de 20 minutos na duração da fase de expulsão (quando faz força para o bebé nascer)
  • Menor necessidade de episiotomia: A taxa de cortes no períneo pode ser reduzida em até 30%
  • Menor necessidade de intervenções: Menor uso de fórceps ou ventosas
  • Maior satisfação materna: As mulheres relatam uma experiência mais positiva e maior sensação de controlo

Apoio do acompanhante

Uma das vantagens do banco de partos é que permite a participação ativa do acompanhante. A grávida pode ter o acompanhante ou outra pessoa a dar-lhe apoio nas costas, onde pode receber uma massagem relaxante ou de alívio.

O acompanhante pode sentar-se numa cadeira ou num banco ligeiramente mais alto atrás da grávida, dando-lhe suporte físico e emocional. Esta proximidade fortalece a sensação de segurança e apoio durante o momento do nascimento.

Receber o seu próprio bebé

Parir no banco de parto permite à grávida, se assim o desejar, ser ela própria a receber o seu bebé. Por estar numa posição sentada e com visibilidade do períneo, muitas mulheres conseguem tocar a cabeça do bebé à medida que este vai nascendo e, em alguns casos, ajudar a recebê-lo com as próprias mãos.

Esta experiência pode ser muito especial e empoderamento para a mãe, criando uma ligação imediata com o bebé e reforçando o seu papel ativo no nascimento.

Cuidados importantes a ter

É importante ter em atenção que devemos ir para o banco pouco tempo antes do bebé nascer, pois se ficarmos muito tempo ali podemos desenvolver um inchaço importante no períneo. Idealmente, o banco deve ser utilizado apenas na fase final do trabalho de parto, quando sentir vontade de fazer força.

Outra coisa a ter em consideração é não colocarmos todo o peso do corpo no banco, pois isso pode causar uma distensão excessiva do pavimento pélvico e aumentar o risco de lacerações. É recomendável:

  • Distribuir parte do peso nos pés, mantendo-os bem apoiados no chão
  • Apoiar-se parcialmente no acompanhante ou em barras laterais, ou pano preso no teto, se disponíveis
  • Levantar-se periodicamente para mudar de posição e aliviar a pressão

Quando é mais indicado?

O banco de partos pode ser especialmente útil nas seguintes situações:

  • Quando o trabalho de parto está a progredir lentamente
  • Quando o bebé está numa posição que dificulta a descida pelo canal de parto
  • Quando a mulher sente forte desejo de estar numa posição vertical
  • Quando a posição deitada causa muito desconforto ou dor nas costas

Existe na sua maternidade?

Nem todas as maternidades em Portugal dispõem de bancos de parto. Se esta é uma opção que gostaria de considerar para o seu parto:

  1. Pergunte durante a visita à maternidade se têm bancos de parto disponíveis
  2. Verifique se a equipa tem experiência com o uso deste equipamento
  3. Inclua esta preferência no seu plano de parto

Algumas maternidades mais orientadas para o parto natural costumam ter este recurso disponível, mas é sempre melhor verificar com antecedência.

Alternativas ao banco de partos

Se a maternidade não dispuser de um banco de partos, existem outras posições verticais que podem oferecer benefícios semelhantes:

  • Posição de cócoras: Aumenta também os diâmetros da bacia (pode ser auxiliada pelo acompanhante ou por barras de apoio)
  • De joelhos apoiada na cama: Permite alguma verticalidade e alivia a pressão no períneo
  • Em pé apoiada: Aproveita a gravidade e permite movimento livre da bacia

Lembre-se que o mais importante é encontrar posições que sejam confortáveis para si e que ajudem o seu bebé a nascer da forma mais natural possível.

 

HIDROTERAPIA (PISCINA/ CHUVEIRO)

Hidroterapia no Trabalho de Parto: O Conforto da Água Quente

A utilização da água quente durante o trabalho de parto é uma prática muito antiga — conhecida desde a Grécia Antiga — e continua a ser uma das formas naturais mais eficazes para proporcionar conforto físico e emocional à mulher neste momento tão importante.

A hidroterapia (uso da água como terapia) pode ser feita de várias formas: através de duches com água morna, banhos de imersão ou em piscinas próprias para o parto. Esta técnica tem vindo a ganhar cada vez mais reconhecimento por ajudar a reduzir a dor e melhorar a experiência do parto.

O Que a Água Quente Pode Fazer Por Si

  • Alivia a dor: A água morna reduz bastante a dor das contrações, podendo diminuir a necessidade de outros métodos de alívio da dor, como a epidural.
  • Ajuda a relaxar: Dentro de água, sentimos uma sensação de leveza e bem-estar que ajuda a relaxar o corpo e a mente.
  • Facilita os movimentos: Na água, é mais fácil movimentar-se e mudar de posição, o que ajuda durante o trabalho de parto.
  • Melhora a circulação: O calor da água faz com que os vasos sanguíneos se dilatem, melhorando a oxigenação dos tecidos e a elasticidade dos músculos.
  • Reduz a necessidade de intervenções: O relaxamento proporcionado pela água está associado a menos intervenções médicas e a uma melhor preservação do períneo.
  • Aumenta a privacidade: Muitas mulheres sentem-se mais protegidas e menos expostas, o que pode ajudar o parto a progredir melhor.

Como e Quando Usar a Água?

A hidroterapia pode ser utilizada em diferentes momentos do trabalho de parto:

  • Durante a dilatação (fase inicial): Há bons estudos que mostram que a imersão em água morna nesta fase ajuda a aliviar a dor e pode tornar o trabalho de parto mais curto.
  • No momento do nascimento: O bebé pode nascer dentro de água, desde que existam as condições adequadas. Esta opção deve ser avaliada caso a caso, sempre com o acompanhamento de profissionais.

A água deve estar a uma temperatura agradável, entre 35°C e 37°C, e deve cobrir o corpo da grávida até ao nível das mamas (quando sentada).

O tempo que cada mulher passa na água varia conforme o seu conforto. Muitas grávidas ficam cerca de 2 a 3 horas, mas ficar demasiado tempo pode, por vezes, fazer com que as contrações abrandem.

Quando É Preciso Sair da Água?

É necessário interromper a hidroterapia nas seguintes situações:

  • Se tiver febre ou houver suspeita de infeção;
  • Se houver alterações nos batimentos cardíacos do bebé;
  • Se o trabalho de parto parar de progredir;
  • Se ocorrer sangramento vaginal significativo.

Posso usar a Epidural e a Água ao Mesmo Tempo?

Não. A analgesia epidural não é compatível com a imersão em água, pelos seguintes motivos:

  • A diminuição da sensibilidade nas pernas pode ser perigosa ao entrar ou sair da água;
  • O local onde o cateter da epidural é colocado pode permitir a entrada de microrganismos presentes na água;
  • A epidural exige monitorização constante e, muitas vezes, outros equipamentos (como soro na veia ou sonda na bexiga), que não podem ser usados na água.

Posso Ter o Meu Bebé Dentro de Água?

Sim, é possível. No entanto, o parto na água ainda divide opiniões entre os profissionais. Enquanto o uso da água durante o trabalho de parto é amplamente aceite, o nascimento dentro da água deve ser bem avaliado, considerando:

  • Se a gravidez decorreu sem problemas;
  • Se a grávida fez uma preparação específica para este tipo de parto;
  • Se existem profissionais experientes e locais adequados (como piscinas próprias para parto).

Esta Opção Está Disponível em Portugal?

Atualmente, o acesso à hidroterapia no parto em hospitais públicos e privados ainda é limitado. Por isso, se deseja utilizar este recurso, recomendamos:

  • Informar-se com antecedência sobre os hospitais ou clínicas que oferecem esta opção;
  • Incluir esta preferência no seu plano de parto;
  • Conversar sobre isto com a equipa de saúde que acompanha a sua gravidez.

Resumindo

A hidroterapia é uma forma segura e eficaz de aliviar naturalmente a dor durante o trabalho de parto. Permite à grávida viver o parto com mais autonomia, conforto e tranquilidade. O parto na água, quando possível e adequado, pode ser uma extensão deste cuidado — sempre com base em informação clara, segurança e escolhas conscientes.

No seu plano de parto, cada escolha é importante. A água pode ser uma grande aliada na sua experiência de parto.

 

Segue o parecer da Direcção do Colégio da Especialidade de Ginecologia/Obstetrícia sobre o uso de água no trabalho de parto:

 “Não existem evidências científicas que validem a segurança e a eficiência deste tipo de procedimento, particularmente, no que diz respeito ao recém-nascido. De facto, embora uma análise da literatura científica sobre nascimentos subaquáticos identifique alguns estudos positivos, a falta de controlos científicos adequados, um número significativo de mortes e de doenças infantis não permitem recomendar e apoiar os partos na água. Não há nenhuma evidência convincente de benefício para o recém-nascido, mas alguma preocupação de dano grave. Portanto, o trabalho de parto e/ou o nascimento subaquático devem ser considerados procedimentos experimentais, que não devem ser realizados, exceto dentro do contexto de ensaios clínicos, adequadamente concebidos e após o consentimento informado das parturientes.

As apaixonadas alegações a favor do parto/nascimento na água carecem de fundamento, sendo baseadas em evidências anedóticas, sem ensaios clínicos randomizados que permitam uma avaliação baseada em evidências sobre a segurança e os benefícios dos nascimentos em meio aquático.

A introdução de qualquer procedimento clínico num serviço de ação médica pressupõe que o responsável por essa implementação, assegurou uma cobertura em recursos humanos capaz de garantir assistência sem quebras de continuidade até os procedimentos estarem concluídos. Assim, o responsável pela introdução do procedimento clínico num serviço deve ter em consideração o disposto no artigo 3º. do Código Deontológico destinado a médicos:

(Independência dos médicos)

  1. O médico, no exercício da sua profissão, é técnica e deontologicamente independente e responsável pelos seus atos.

Acresce, ainda, que, segundo a nossa interpretação do número 3 do referido artigo 3º., apesar da existência de hierarquias técnicas institucionais, legal ou contratualmente estabelecidas, em nenhum caso, um médico pode ser constrangido a praticar atos médicos contra sua vontade, sem prejuízo do disposto no artigo 7º. e 41º., número

  1. Por outro lado, o Artigo 33º. (Condições de exercício) refere que:
  2. O médico deve exercer a sua profissão em condições que não prejudiquem a qualidade dos seus serviços e a especificidade da sua Acão, não aceitando situações de interferência externa que lhe cerceiem a liberdade de fazer juízos clínicos e éticos e de atuar em conformidade com as leges artis. Ora, o parto em meio aquático não está incluído como um procedimento que esteja de acordo com as leges artis médicas, não se encontrando referido na maioria dos tratados de obstetrícia ou de medicina materno fetal recomendados na formação médica.

Ainda o Artigo 34ª. (Responsabilidade) refere que:

  1. O médico é responsável pelos seus atos e pelos praticados por profissionais sob a sua orientação, desde que estes não se afastem das suas instruções, nem excedam os limites da sua competência.
  2. Nas equipas multidisciplinares, a responsabilidade de cada médico deve ser apreciada individualmente.

Assim, como atribuir responsabilidade a um médico pela execução de um procedimento que não iniciou e com o qual não concorda? Essa responsabilidade teria de ser transferida para o responsável do serviço.

Mesmo tendo em consideração o Artigo 38°. (Objeção técnica) – A recusa de subordinação a ordens técnicas oriundas de hierarquias institucionais, legal ou contratualmente estabelecidas, ou a normas de orientação adotadas institucionalmente, só pode ser usada quando o médico se sentir constrangido a praticar ou deixar de praticar atos médicos, contra a sua opinião técnica, devendo, nesse caso, justificar-se de forma clara e por escrito.

Do exposto, pode concluir-se que o médico tem toda a legitimidade para recusar a realização de procedimentos com os quais não concorda. Em nossa opinião deverá antecipadamente manifestá-lo por escrito, declarando que não aceitará a transferência de responsabilidade de qualquer parturiente que se encontre nas condições referidas. Caberá sempre a quem iniciou o procedimento, terminá-lo ou providenciar a sua substituição por quem esteja de acordo com o procedimento. Em circunstância alguma a parturiente pode ser abandonada, caso o procedimento esteja em curso.

Numa equipa em que nenhum médico esteja de acordo com o procedimento, o mesmo significa que esse procedimento não está disponível, não devendo ser oferecido às parturientes.

Conclusão:

O Colégio da Especialidade de Obstetrícia e Ginecologia da Ordem dos Médicos não recomenda o trabalho de parto e/ou o nascimento em meio subaquático.

 

BARRAS/ ESPALDAR

imagem posição grávida                                                     

O que são as barras de apoio?

As barras de apoio são estruturas fixas ou móveis instaladas nas salas de parto que permitem à grávida apoiar-se, segurar-se e manter posições verticais durante o trabalho de parto. Podem ser barras horizontais fixadas nas paredes, barras verticais ou mesmo estruturas mais complexas como os espaldares.

Como podem ajudar durante o trabalho de parto?

As barras são usadas como apoio para a mulher se sustentar. Agarradas às barras, as grávidas têm toda a bacia livre para se poderem movimentar mais facilmente. Deste modo, ajudam a descida e o encaixe do bebé.

Ao manter-se de pé ou em posição semi-vertical com o apoio das barras, beneficia de:

  • Força da gravidade: Ajuda o bebé a descer naturalmente pelo canal de parto
  • Maior liberdade de movimentos: Pode balançar a anca, fazer agachamentos parciais ou outros movimentos que aliviam a dor
  • Melhor oxigenação: A posição vertical permite uma melhor respiração e circulação sanguínea
  • Contrações mais eficientes: A posição vertical e o movimento tornam as contrações mais eficazes

Tipos de barras disponíveis

Barras horizontais de parede

São barras simples fixadas na parede a uma altura conveniente para que a grávida possa segurar-se enquanto permanece de pé. Pode apoiar-se nelas durante as contrações, fazendo movimentos de balanço ou agachamentos suaves.

Espaldares

Também são usados os espaldares, que são várias barras presas na parede (tipo degraus de uma escada) que facilitam o alongamento e agachamento. Oferecem conforto, algum alívio das dores com o alongamento e facilitam o posicionamento do bebé, ao proporcionarem uma maior atividade durante o trabalho de parto.

Os espaldares são particularmente úteis porque:

  • Permitem apoiar os pés em diferentes alturas
  • Facilitam o estiramento das costas
  • Ajudam a realizar posições que aliviam a dor nas costas
  • Proporcionam estabilidade durante os agachamentos

Barras móveis

Algumas maternidades dispõem de barras móveis que podem ser posicionadas de acordo com as necessidades da parturiente. Estas oferecem maior flexibilidade e podem ser adaptadas a diferentes alturas e posições.

Posições que pode experimentar com as barras

De pé com apoio frontal

  • Fique de pé, virada para a barra
  • Segure a barra com as duas mãos à altura dos ombros
  • Balance suavemente a anca durante as contrações
  • Flexione ligeiramente os joelhos para aliviar a pressão nas costas

Agachamento parcial

  • Segure-se na barra
  • Dobre os joelhos até uma posição confortável de meio agachamento
  • Esta posição aumenta os diâmetros da bacia e facilita a descida do bebé

Alongamento lateral

  • De lado para a barra, apoie uma mão
  • Alongue o corpo para o lado oposto
  • Ajuda a aliviar a tensão na região lombar

Suporte durante o puxo

  • No momento de fazer força, pode agarrar-se às barras para ter mais apoio
  • Esta posição vertical facilita o trabalho com a força da gravidade

Benefícios comprovados cientificamente

Estudos científicos demonstram que o uso de barras de apoio durante o trabalho de parto pode:

  • Reduzir a duração do trabalho de parto: A mobilidade e a posição vertical podem encurtar o primeiro estágio do trabalho de parto em até 1 hora, segundo uma revisão publicada na Cochrane Library.
  • Diminuir a necessidade de analgesia: De acordo com estudos recentes, mulheres que permanecem ativas e utilizam barras de apoio relatam menor necessidade de medicação para a dor.
  • Melhorar a experiência do parto: Investigações mostram maior satisfação com o processo de parto quando as mulheres têm autonomia para se movimentar e assumir posições confortáveis.
  • Reduzir a taxa de partos instrumentados: A posição vertical e a mobilidade estão associadas a menos necessidade de fórceps, ventosas ou cesarianas.

Como incluir no seu plano de parto

Se gostaria de utilizar barras de apoio durante o seu trabalho de parto:

  1. Informe-se se a maternidade onde planeia ter o bebé dispõe deste equipamento
  2. Mencione no seu plano de parto que gostaria de ter acesso a barras de apoio
  3. Discuta com a sua equipa médica como e quando planeia utilizá-las

Dicas para a utilização

  • Pratique a utilização de barras durante a gravidez, se possível em aulas de preparação para o parto
  • Use calçado antiderrapante ou fique descalça com meias antiderrapantes
  • Tenha sempre o acompanhante por perto para ajudar a manter o equilíbrio
  • Alterne entre diferentes posições para descobrir o que funciona melhor para si
  • Respeite os sinais do seu corpo e descanse quando necessário

Alternativas às barras em ambiente hospitalar

Se a maternidade não dispuser de barras específicas, existem alternativas que pode considerar:

  • Segurar-se na cama hospitalar: A maioria das camas tem barras laterais que podem servir de apoio
  • Apoiar-se no acompanhante: O seu parceiro/a ou acompanhante pode oferecer suporte físico
  • Utilizar uma cadeira: Pode apoiar-se no encosto de uma cadeira firme
  • Portáteis de duche: Algumas maternidades têm barras nas casas de banho que podem ser utilizadas

Lembre-se que o mais importante é encontrar formas de se manter ativa e confortável durante o trabalho de parto, adaptando os recursos disponíveis às suas necessidades.

 

REBOZO

imagem posição grávida                                       

O Rebozo na Gravidez e Parto

Uma Tradição Mexicana que Ajuda as Grávidas

O rebozo é um pano ou manta longa e colorida, tradicional do México, que as mulheres têm usado há séculos no seu dia-a-dia, incluindo durante a gravidez e o parto. Este tecido, que normalmente tem entre 2 a 3 metros de comprimento, tem ganho reconhecimento em todo o mundo como uma ferramenta útil para dar conforto e alívio às mulheres em toda a jornada da maternidade.

Como o Rebozo Pode Ajudar Durante a Gravidez

Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por muitas mudanças que podem causar desconforto. O rebozo oferece soluções simples mas eficazes para vários destes problemas:

Alívio das Dores nas Costas

As dores nas costas afetam cerca de 70% das grávidas. Com movimentos suaves e ondulantes usando o rebozo, é possível relaxar os músculos das costas e aliviar a tensão. Esta técnica, chamada “manteado”, consiste em envolver a região lombar com o tecido e fazer movimentos rítmicos para os lados.

Ajuda a Posicionar o Bebé

Uma das aplicações mais importantes do rebozo é a sua capacidade de ajudar a mover o bebé dentro do útero:

  • Quando o bebé está com as costas viradas para as costas da mãe, o “manteado” pode encorajá-lo a rodar para uma posição mais favorável para o parto.
  • Em alguns casos, o rebozo pode ajudar a corrigir posições menos ideais do bebé, embora estes procedimentos devam ser sempre acompanhados por profissionais com experiência.

Observações mostram que estas técnicas podem ter bons resultados em muitas situações, embora ainda faltem estudos científicos mais detalhados sobre a sua eficácia.

Como o Rebozo Ajuda Durante o Trabalho de Parto

Durante o trabalho de parto, o rebozo pode tornar-se um aliado muito versátil:

Alívio da Dor das Contrações

A técnica de “manteado” com o rebozo aplicada na zona da anca durante as contrações estimula pontos de pressão que ajudam a bloquear a sensação de dor. Este efeito baseia-se na ideia de que estímulos não dolorosos podem diminuir a perceção da dor.

Facilita os Movimentos

O rebozo pode ser amarrado a algo fixo (como uma barra ou puxador) permitindo que a mulher se apoie e balance durante as contrações, mantendo posições verticais que ajudam o bebé a descer pelo canal de parto. A liberdade de movimentos durante o trabalho de parto está associada a:

  • Trabalho de parto mais curto
  • Menor necessidade de medicamentos para a dor
  • Menor probabilidade de cesariana

Apoio na Posição de Cócoras

A posição de cócoras é considerada uma das melhores para a fase final do parto, pois:

  • Aumenta o diâmetro da bacia em até 28%
  • Aproveita a força da gravidade
  • Alinha o bebé com o canal de parto

O rebozo pode ser usado como apoio, colocado sob os braços da mulher e segurado por acompanhantes ou profissionais, distribuindo o peso do corpo e tornando a posição mais confortável.

Por Que Funciona?

A eficácia do rebozo baseia-se em princípios bem conhecidos do corpo humano:

  1. Estímulo sensorial: O toque e a pressão ativam recetores na pele que podem modificar a forma como sentimos a dor
  2. Relaxamento muscular: O movimento rítmico ajuda a libertar a tensão nos músculos
  3. Produção de hormonas: O toque reconfortante estimula a libertação de ocitocina, a hormona do bem-estar e das contrações
  4. Facilita o movimento da bacia: O balanço suave permite uma maior mobilidade das articulações da bacia

Estudos recentes sobre como funciona o corpo durante o parto confirmam a importância destes mecanismos para um parto mais natural.

Após o Nascimento do Bebé

Depois do nascimento, o rebozo continua a ser útil:

  • Apoio abdominal: Enrolado firmemente à volta da bacia e abdómen, ajuda a dar suporte aos órgãos internos e aos músculos que foram esticados durante a gravidez
  • Carregar o bebé: Na tradição mexicana, o rebozo é usado para levar o bebé junto ao corpo da mãe, favorecendo a ligação afetiva e deixando as mãos livres
  • Alívio das dores após o parto: As mesmas técnicas de balanço podem ser adaptadas para aliviar o desconforto nos primeiros dias após o parto

Cuidados a Ter

Embora o rebozo seja geralmente seguro, existem algumas situações que requerem cuidado:

  • Gravidezes de risco: Mulheres com problemas como tensão alta na gravidez, bebé com crescimento insuficiente ou descolamento da placenta devem evitar técnicas mais intensas
  • Quando a bolsa de águas rebenta e o bebé ainda está alto: Existe risco de o cordão umbilical sair antes do bebé
  • Hemorragia: Qualquer sangramento vaginal anormal é uma razão para não usar esta técnica
  • Dor abdominal forte: Pode indicar complicações que precisam de avaliação médica

É muito importante salientar que a utilização do rebozo deve ser sempre orientada por profissionais que conheçam bem a anatomia e fisiologia da gravidez e parto.

Disponibilidade em Portugal

Em Portugal, o interesse pelo rebozo tem crescido nos últimos anos, sendo cada vez mais incluído em cursos de preparação para o parto. As doulas (acompanhantes de parto) também estão a integrar esta ferramenta no seu apoio às grávidas.

Algumas maternidades portuguesas já permitem e até incentivam o uso desta técnica, reconhecendo os seus benefícios no conforto da mãe e na progressão do trabalho de parto.

Conclusão

O rebozo representa uma ligação entre a sabedoria tradicional e as práticas modernas de apoio à maternidade. A sua simplicidade, versatilidade e fundamentos biológicos fazem dele uma ferramenta valiosa para mulheres que procuram um acompanhamento mais natural da gravidez e do parto.

Embora ainda seja necessária mais investigação científica sobre os seus efeitos, os relatos de profissionais e a experiência acumulada de parteiras e doulas apontam para benefícios significativos no bem-estar físico e emocional das mulheres durante todo o processo da maternidade.

 

CORDAS E PANOS PARA SUSTENTAÇÃO

                                                     

O que são?

As cordas ou panos para sustentação são dispositivos fixados no teto das salas de parto que permitem à grávida segurar-se ou pendurar-se durante o trabalho de parto e no momento do nascimento. Estes podem ser cordas resistentes com pegas, faixas de tecido ou panos compridos dobrados (como lençóis), devidamente seguros a ganchos no teto especialmente concebidos para esta finalidade.

Como ajudam no trabalho de parto?

As cordas ou panos estão geralmente presos no teto das salas de parto. São usados como apoio para sustentar a mulher que procura ter a bacia completamente solta, livre para se mover em total liberdade.

A bacia livre e em movimento é uma ajuda preciosa para a descida e encaixamento dos bebés, além de aliviarem a dor e ajudarem no relaxamento da mulher.

Quando a grávida se segura nas cordas ou panos, consegue:

  • Manter uma posição vertical, aproveitando a força da gravidade
  • Balançar livremente a anca, o que facilita a progressão do trabalho de parto
  • Aliviar parte do peso das pernas, reduzindo o cansaço
  • Sentir-se mais segura para experimentar diferentes posições

Benefícios comprovados

Investigações científicas têm demonstrado vários benefícios do uso de cordas e panos de sustentação durante o trabalho de parto:

  • Trabalho de parto mais curto: Um estudo publicado no Journal of Perinatal Education mostrou que manter posições verticais com liberdade de movimento pode reduzir o primeiro estádio do trabalho de parto em cerca de 1 hora.
  • Maior alívio da dor: A suspensão parcial do corpo alivia a pressão nas articulações e facilita a libertação de endorfinas naturais, os analgésicos do próprio corpo.
  • Melhor posicionamento do bebé: A liberdade de movimento da bacia ajuda o bebé a encontrar a melhor posição para passar pelo canal de parto.
  • Menos intervenções: De acordo com uma revisão da Cochrane, as mulheres que mantêm posições verticais e mobilidade apresentam menor probabilidade de necessitar de episiotomia ou cesariana.

Como utilizar as cordas e panos

Existem várias formas de utilizar as cordas e panos durante o trabalho de parto:

Suspensão parcial

  • Segure-se nas cordas com os braços esticados acima da cabeça
  • Dobre ligeiramente os joelhos, permitindo que parte do seu peso seja sustentado pelos braços
  • Balance suavemente a anca, fazendo movimentos circulares ou em forma de oito
  • Esta posição é especialmente útil durante as contrações

Agachamento apoiado

  • Segure-se nas cordas para manter o equilíbrio
  • Desça lentamente até à posição de agachamento
  • Use as cordas para ajudar a levantar-se quando quiser mudar de posição
  • Esta posição aproveita ao máximo a força da gravidade e amplia os diâmetros da bacia

Apoio lateral

  • Segure uma corda com apenas uma mão
  • Incline-se para o lado oposto, criando um alongamento lateral
  • Alterne para o outro lado periodicamente
  • Este movimento pode aliviar tensões na zona lombar e ajudar o bebé a posicionar-se

Pêndulo ou balanço

  • Segure-se nas cordas e faça um movimento pendular para a frente e para trás
  • Este movimento suave pode ser muito relaxante e ajuda a lidar com a dor das contrações
  • O ritmo do movimento pode ajudar a regular a respiração

Quando são especialmente úteis?

As cordas e panos de sustentação podem ser particularmente benéficos em situações específicas:

  • Trabalho de parto prolongado: Quando precisa de mudar frequentemente de posição para estimular a progressão
  • Dor nas costas: Especialmente quando o bebé está em posição posterior (com as costas contra as suas costas)
  • Fase de transição: Quando as contrações são muito intensas e a suspensão parcial pode oferecer alívio
  • Segundo estádio do trabalho de parto: Durante a fase de expulsão, algumas mulheres sentem-se mais confortáveis agarradas às cordas enquanto fazem força

Segurança em primeiro lugar

Para utilizar as cordas e panos com segurança:

  • Assegure-se que estão bem fixados ao teto e testados para suportar peso
  • Tenha sempre alguém por perto para ajudar em caso de perda de equilíbrio
  • Não se pendure completamente na corda (não é como um baloiço)
  • Se sentir tonturas ou fraqueza, pare imediatamente e procure apoio

Disponibilidade nas maternidades

Infelizmente, nem todas as maternidades em Portugal dispõem de cordas ou panos de sustentação. Se gostaria de utilizar este recurso:

  1. Pergunte durante a visita à maternidade se este equipamento está disponível
  2. Informe-se sobre quais as salas que possuem este tipo de instalação
  3. Inclua esta preferência no seu plano de parto
  4. Em alguns casos, pode ser possível improvisar uma solução com a ajuda da equipa de saúde

Alternativas às cordas e panos fixos

Se a maternidade não dispuser de cordas ou panos instalados no teto, existem algumas alternativas:

  • Apoio do acompanhante: O seu acompanhante pode oferecer suporte físico enquanto se mantém em posições semelhantes
  • Barras de apoio: Podem proporcionar alguma sustentação, embora não permitam o mesmo tipo de movimento
  • Cachecol ou tecido resistente: Em alguns casos, um cachecol longo e resistente pode ser usado como apoio quando segurado pelo acompanhante (sempre com supervisão da equipa)

Experiências de outras mães

Muitas mulheres que utilizaram cordas ou panos durante o trabalho de parto relatam:

“Quando me segurava nas cordas, sentia um alívio imediato nas contrações.”

“Poder balançar a anca livremente enquanto me segurava no pano ajudou-me a manter o ritmo da respiração.”

“Foi a única posição que me deu alívio da dor nas costas durante o trabalho de parto.”

Cada experiência é única, por isso o importante é experimentar e descobrir o que funciona melhor para si e para o seu bebé.

 

AROMATERAPIA

 

O que é a aromaterapia?

A aromaterapia é uma terapia complementar que utiliza óleos essenciais extraídos de plantas para promover o bem-estar físico e emocional. Estes óleos contêm compostos aromáticos que, quando inalados ou aplicados na pele (devidamente diluídos), podem proporcionar diversos benefícios para a saúde.

Como pode ajudar durante a gravidez e o parto?

Na gravidez e parto, os óleos essenciais podem ser usados para alívio de alguns sintomas incómodos. São usados também para ajudar a iniciar o trabalho de parto. Durante este, podem ser auxiliares preciosos no alívio da dor e como relaxantes para aliviar o stress e a ansiedade.

Estudos científicos têm demonstrado que certos óleos essenciais podem:

  • Reduzir a ansiedade durante o trabalho de parto
  • Diminuir a perceção da dor
  • Aliviar náuseas e enjoos
  • Melhorar o humor e promover sensação de bem-estar
  • Estimular as contrações em alguns casos

Óleos essenciais mais utilizados durante o trabalho de parto

Para relaxamento e alívio da ansiedade:

  • Lavanda: Um dos óleos mais versáteis e seguros, com propriedades calmantes comprovadas. Estudos mostram que pode reduzir a ansiedade durante o trabalho de parto e melhorar a qualidade do sono nos dias anteriores ao parto.
  • Camomila romana: Possui propriedades calmantes e anti-inflamatórias. É especialmente útil para acalmar a mente e relaxar os músculos.
  • Ylang-ylang: Conhecido pelo seu aroma floral, ajuda a reduzir a tensão e a pressão arterial, promovendo uma sensação de tranquilidade.

Para alívio da dor:

  • Jasmim: Investigações sugerem que pode ajudar a reduzir a perceção da dor durante o trabalho de parto e possui propriedades que podem fortalecer as contrações.
  • Cravo: Tem propriedades analgésicas naturais, embora deva ser usado com precaução e sempre diluído adequadamente.
  • Eucalipto: Pode ajudar a aliviar desconfortos musculares e promover uma sensação de frescura e abertura das vias respiratórias.

Para estimular o trabalho de parto:

  • Salvia sclarea (Sálvia-esclareia): Alguns estudos sugerem que pode ajudar a estimular contrações. No entanto, por este motivo, deve ser evitada durante a gravidez até à data prevista do parto.
  • Rosa: Tradicionalmente utilizada para equilibrar as hormonas e fortalecer as contrações uterinas.

Como utilizar a aromaterapia durante o trabalho de parto?

Existem várias formas de beneficiar da aromaterapia durante o trabalho de parto:

Difusão no ar

Utilizando um difusor apropriado para dispersar os óleos essenciais no ambiente. Esta é uma das formas mais seguras e eficazes, pois permite beneficiar dos aromas sem contacto direto com a pele.

Inalação direta

Algumas gotas do óleo essencial podem ser colocadas num lenço ou numa bola de algodão para inalação nos momentos de maior ansiedade ou desconforto.

Compressas

Adicionar algumas gotas de óleo essencial em água morna e embeber uma toalha pequena, que pode ser aplicada na zona lombar ou noutras áreas de desconforto.

 

 

MASSAGEM

 

  Os óleos essenciais podem ser adicionados a um óleo de base (como o óleo de amêndoas doces) para massagem nas costas, ombros ou pés. A massagem com aromaterapia combina os benefícios do toque com as propriedades dos óleos.

Importante: Para massagem ou aplicação direta na pele, os óleos essenciais devem ser sempre diluídos num óleo de base, geralmente numa proporção de 1 a 3 gotas de óleo essencial para cada 10ml de óleo de base.

Cuidados importantes

Os óleos essenciais usados devem ser certificados e só podem ser usados/indicados por especialistas em aromaterapia. Embora sejam naturais, são também muito potentes e concentrados, por isso:

  • Converse sempre com o seu médico antes de utilizar qualquer óleo essencial durante a gravidez ou parto
  • Certifique-se de que os óleos são de qualidade terapêutica e certificados
  • Evite o uso direto na pele sem diluição adequada
  • Alguns óleos são contraindicados durante a gravidez (como o alecrim, zimbro, canela e hortelã-pimenta)
  • Pessoas com asma, epilepsia ou outras condições médicas devem consultar um especialista antes de utilizar aromaterapia
  • Se sentir qualquer desconforto, irritação ou reação alérgica, interrompa imediatamente o uso

Planeamento para o trabalho de parto

Se deseja incluir a aromaterapia no seu trabalho de parto:

  1. Consulte um aromaterapeuta qualificado ainda durante a gravidez
  2. Experimente diferentes óleos com antecedência para descobrir quais são mais agradáveis para si
  3. Verifique se a maternidade onde vai ter o bebé permite o uso de difusores ou outros métodos de aromaterapia
  4. Inclua esta preferência no seu plano de parto
  5. Prepare um kit com os óleos recomendados para o seu caso específico

Aromaterapia nas maternidades portuguesas

Em Portugal, a disponibilidade e aceitação da aromaterapia nas maternidades varia significativamente. Algumas maternidades mais orientadas para o parto natural já disponibilizam este recurso, enquanto outras podem permitir que leve o seu próprio kit.

Informe-se antecipadamente sobre as políticas da sua maternidade e discuta com a equipa médica a possibilidade de incluir esta terapia complementar no seu trabalho de parto.

Conclusão

A aromaterapia pode ser um recurso valioso para tornar a experiência do parto mais confortável e positiva. Quando utilizada com conhecimento e orientação adequada, pode complementar outros métodos de alívio da dor e ajudar a criar um ambiente mais relaxante.

Lembre-se que a aromaterapia funciona melhor como parte de uma abordagem integrada ao trabalho de parto, em conjunto com outras técnicas de conforto e, se necessário, métodos convencionais de alívio da dor.

Massagem durante o Trabalho de Parto

Uma ajuda natural para aliviar a dor

Durante o trabalho de parto, a massagem poderá ser uma aliada poderosa, que acalma a mãe, alivia o cansaço e transmite segurança, carinho e força. Os nervos presentes na pele levam as sensações geradas por esse contacto até ao cérebro, aliviando dores e tensões, principalmente na fase inicial do trabalho de parto.

Como funciona a massagem durante o parto?

A massagem funciona por vários mecanismos que ajudam a tornar o trabalho de parto mais confortável:

  • Reduz o stress: O toque relaxante diminui a produção de hormonas do stress (como o cortisol) e aumenta as hormonas do bem-estar (como a ocitocina), que também ajudam nas contrações.
  • Alivia a dor: Através da “teoria do portão da dor”, onde o estímulo do toque compete com o sinal de dor, bloqueando parcialmente a sua perceção pelo cérebro.
  • Melhora a circulação: Promove melhor fluxo sanguíneo para os músculos tensos, o que reduz a sensação de desconforto.
  • Cria conexão emocional: O toque do acompanhante reforça a sensação de segurança e apoio durante todo o processo.

Principais tipos de massagem úteis no trabalho de parto

Massagem lombar

A zona lombar é onde muitas mulheres sentem mais desconforto durante as contrações. Para aliviar:

  • Faça pressão firme com os polegares ou os nós dos dedos em movimentos circulares na parte inferior das costas
  • Aplique pressão constante durante as contrações nas zonas mais dolorosas
  • Movimentos de deslizamento das mãos ao longo de toda a coluna também podem ser muito relaxantes

Massagem nos ombros e pescoço

A tensão acumula-se frequentemente nesta área durante o trabalho de parto:

  • Movimentos suaves de amassar os músculos dos ombros e pescoço
  • Pressão circular com os polegares na base do crânio
  • Deslizamento das mãos desde o pescoço até aos ombros

Massagem nos pés

Os pés contêm pontos de pressão que podem ajudar a relaxar todo o corpo:

  • Massagem com pressão moderada na planta dos pés
  • Movimentos circulares no calcanhar e na bola do pé
  • Alongamento suave dos dedos dos pés

Massagem no baixo-ventre

Em alguns momentos, principalmente entre contrações:

  • Movimentos circulares muito suaves na parte inferior da barriga
  • Esta massagem pode ajudar a relaxar o útero entre contrações

Como preparar-se para a massagem

Se gosta de massagem, combine com o seu acompanhante para que este possa fazê-la. É aconselhável praticar algumas técnicas ainda durante a gravidez para descobrirem juntos o que funciona melhor para si.

Use um óleo vegetal biológico. Poderá associar aromaterapia se juntar um óleo essencial com propriedades relaxantes, como por exemplo a Lavanda. Mas atenção que a qualidade do óleo é muito importante (veja se o mesmo é certificado) e o tipo de óleo a ser usado faz toda a diferença.

Boas opções de óleos de base:

  • Óleo de amêndoas doces (leve e adequado para a maioria das peles)
  • Óleo de coco (sólido à temperatura ambiente, derrete com o calor das mãos)
  • Óleo de jojoba (muito parecido com os óleos naturais da pele)

Óleos essenciais relaxantes (1-2 gotas por 10ml de óleo base):

  • Lavanda (comprovadamente relaxante)
  • Camomila (calmante e anti-inflamatória)
  • Bergamota (reduz a ansiedade)

 

Técnicas alternativas

Nem sempre é necessário usar as mãos para fazer massagem:

Pode usar também uma bola de ténis e fazer movimentos circulares nas costas (ombro e lombar). Esta técnica é particularmente útil para pressão mais profunda em pontos específicos de tensão.

Outras ferramentas que podem ser úteis:

  • Rolos de massagem
  • Sacos de sementes aquecidos (o calor combinado com a pressão pode ser muito eficaz)
  • Pinhas de massagem (disponíveis em lojas de produtos naturais)

Quem pode ajudar?

A massagem pode ser feita pelo acompanhante ou por qualquer outra pessoa disposta a mimar a mulher nesta hora tão importante na sua vida. Pode ser o pai do bebé, uma doula, um familiar ou amigo próximo.

O importante é que seja alguém com quem se sinta confortável e que esteja disposto a adaptar-se às suas necessidades, que podem mudar rapidamente durante o trabalho de parto.

Quando e como usar a massagem

Durante o trabalho de parto, as suas preferências podem mudar. Em algumas fases, pode querer uma massagem suave; noutras, uma pressão mais firme; e há momentos em que pode não querer ser tocada de todo.

Dicas importantes:

  • Comunique claramente o que está a funcionar e o que não está
  • Não tenha receio de pedir para parar ou mudar a técnica
  • Respirações profundas durante a massagem aumentam o efeito relaxante
  • A massagem pode ser mais eficaz se combinada com outras técnicas de alívio da dor, como respiração, visualização ou uso da bola de parto

O que dizem os estudos científicos?

Investigações recentes confirmam os benefícios da massagem durante o trabalho de parto:

  • Um estudo publicado no Journal of Perinatal Education mostrou uma redução de 28% na perceção da dor nas mulheres que receberam massagem durante o trabalho de parto.
  • Outro estudo na revista Pain Management Nursing descobriu que 20 minutos de massagem durante o trabalho de parto reduziram significativamente os níveis de ansiedade e aumentaram os níveis de satisfação com a experiência do parto.
  • Uma revisão sistemática de vários estudos concluiu que a massagem é um dos métodos não farmacológicos mais eficazes para aliviar a dor durante o parto.

Como incluir no seu plano de parto

Se deseja incluir a massagem como parte do seu trabalho de parto, considere adicionar ao seu plano:

  • Quem será responsável por fazer a massagem
  • Se pretende utilizar óleos e quais
  • Áreas do corpo onde prefere receber massagem
  • Se deseja combinar com outras técnicas de relaxamento

Verifique também se a maternidade tem alguma restrição quanto ao uso de óleos ou aromaterapia.

Lembre-se

A massagem é uma ferramenta valiosa, mas é apenas uma parte do conjunto de recursos que pode utilizar durante o trabalho de parto. O mais importante é sentir-se confortável e apoiada durante todo o processo.

 

CROMOTERAPIA

                                          

A cromoterapia, ou terapia das cores, é uma prática que utiliza cores para promover equilíbrio físico, emocional e mental. No contexto do trabalho de parto, ela pode ser uma ferramenta complementar para ajudar a gestante a lidar com o processo, reduzindo o estresse, a ansiedade e até mesmo a percepção da dor. Aqui estão algumas formas como a cromoterapia pode ser aplicada nesse momento:

  1. Relaxamento e redução da ansiedade:           Cores como o azul e o verde são frequentemente associadas à calma e à tranquilidade. Expor a gestante a luzes ou ambientes com essas cores (por meio de iluminação suave, tecidos ou visualizações guiadas) pode ajudar a diminuir a tensão e criar um estado de maior serenidade durante as contrações.
  2. Estímulo à energia e força:            Tons quentes, como o vermelho ou o laranja, são considerados energizantes. Em fases do trabalho de parto em que a mulher precisa de mais vigor ou motivação, essas cores podem ser usadas de forma sutil (como em objetos no ambiente) para estimular a resistência física e mental.
  3. Alívio da dor:            O roxo ou violeta é frequentemente ligado à purificação e ao alívio de desconfortos. Algumas práticas de cromoterapia sugerem que focar nessas cores, seja por visualização ou luz direcionada, pode ajudar a gestante a se distrair da dor ou a reinterpretá-la de forma menos intensa.
  4. Equilíbrio emocional:      O amarelo, associado à clareza mental e à positividade, pode ser útil para manter o ânimo da mulher, especialmente em momentos de exaustão ou dúvida.

Na prática, a cromoterapia pode ser aplicada de maneiras simples durante o trabalho de parto:

  • Iluminação: Usar luzes coloridas suaves no ambiente da sala de parto.
  • Visualização: Orientar a gestante a imaginar uma cor específica que a conforte ou fortaleça.
  • Objetos: Incorporar toalhas, roupas ou itens pessoais nas cores desejadas.

Embora não haja evidências científicas robustas que comprovem a eficácia da cromoterapia isoladamente no trabalho de parto, muitos profissionais de saúde holística e doulas relatam benefícios anedóticos, especialmente quando combinada com técnicas como respiração, aromaterapia ou meditação. O mais importante é que a gestante se sinta confortável e apoiada com o uso dessas cores, respeitando suas preferências e necessidades durante o processo.

 

BOLA DE MASSAGEM

imagem posição grávida

O que é a bola de massagem?

A bola de massagem é um pequeno acessório esférico, geralmente com saliências ou pontas, que pode ser utilizado para aliviar tensões musculares e dores durante o trabalho de parto. Estas bolas têm normalmente entre 7 a 10 centímetros de diâmetro e podem ser feitas de diversos materiais, como borracha, plástico ou silicone.

A sua textura especial permite estimular diferentes pontos de pressão no corpo, aliviando dores e relaxando músculos tensos sem necessidade de aplicar força excessiva.

Como a bola de massagem pode ajudar durante o trabalho de parto?

Durante o trabalho de parto, é comum acumular-se tensão em diversas zonas do corpo, especialmente nas costas, ombros e região lombar. A bola de massagem pode ser uma ferramenta simples e eficaz para:

  • Aliviar a dor e tensão muscular nas costas durante as contrações
  • Estimular pontos de acupressão que ajudam a reduzir a perceção da dor
  • Melhorar a circulação sanguínea em áreas de desconforto
  • Proporcionar uma sensação de relaxamento e bem-estar
  • Dar ao acompanhante uma forma concreta de ajudar e participar no processo

Estudos científicos mostram que a pressão aplicada em determinados pontos das costas pode estimular a libertação de endorfinas naturais do corpo – as nossas próprias “hormonas do bem-estar” que ajudam a reduzir a sensação de dor.

Como utilizar a bola de massagem?

Pode usar também uma bola de massagem e fazer movimentos circulares nas costas (ombro e região lombar). Pode ser feita pelo acompanhante ou por qualquer outra pessoa disposta a mimar a mulher nesta hora tão importante na sua vida.

Algumas técnicas específicas para usar a bola de massagem durante o trabalho de parto:

Massagem lombar

  • Peça ao seu acompanhante para aplicar a bola na parte inferior das costas
  • Movimentos circulares lentos são geralmente mais confortáveis
  • Durante as contrações, uma pressão mais firme pode ajudar a contrabalançar a sensação de dor
  • Entre contrações, movimentos mais suaves podem ajudar a relaxar

Massagem nos ombros

  • A tensão acumula-se frequentemente nos ombros e no pescoço
  • A bola pode ser usada para fazer movimentos circulares na zona dos trapézios (os músculos entre os ombros e o pescoço)
  • Movimentos descendentes ao longo da coluna podem ajudar a “libertar” a tensão acumulada

Massagem nos pés

  • Rolar a bola de massagem na planta dos pés pode ser extremamente relaxante
  • Esta técnica baseia-se em princípios de reflexologia, onde determinados pontos nos pés estão ligados a outras partes do corpo
  • Pode ser particularmente útil nos intervalos entre contrações

Que tipo de bola de massagem escolher?

Existem vários tipos de bolas de massagem que podem ser utilizadas durante o trabalho de parto:

  • Bolas com pontas macias: Ideais para uma massagem mais suave e para peles sensíveis
  • Bolas com pontas firmes: Proporcionam uma massagem mais profunda e intensa
  • Bolas aquecíveis: Podem ser aquecidas (seguindo as instruções do fabricante) para combinar os benefícios do calor com a massagem
  • Rolos de massagem: Não são esféricos, mas funcionam de forma semelhante e podem ser mais fáceis de manusear em algumas áreas

Benefícios comprovados

Investigações científicas têm demonstrado que as técnicas de massagem, incluindo a utilização de bolas de massagem, podem:

  • Reduzir significativamente a percepção da dor durante o trabalho de parto
  • Diminuir os níveis de ansiedade e stress
  • Reduzir a necessidade de analgésicos
  • Aumentar a satisfação geral com a experiência do parto
  • Fortalecer o vínculo entre a mãe e o acompanhante

Um estudo publicado no Journal of Perinatal Education observou que mulheres que receberam massagem durante o trabalho de parto reportaram níveis de dor significativamente mais baixos e uma experiência mais positiva do que aquelas que não receberam massagem.

Como preparar-se antecipadamente

Se pretende utilizar a bola de massagem durante o trabalho de parto:

  1. Experimente diferentes tipos antes: Durante a gravidez, experimente vários tipos de bolas de massagem para descobrir qual é mais confortável para si
  2. Ensine o seu acompanhante: Pratiquem juntos para que o seu acompanhante se sinta confiante na utilização da bola
  3. Identifique os pontos-chave: Descubra quais as áreas do seu corpo que respondem melhor à massagem com a bola
  4. Leve a sua própria bola: Inclua-a na mala que vai preparar para levar para a maternidade

Combinação com outras técnicas

A bola de massagem pode ser combinada com outras técnicas de alívio da dor para um efeito ainda mais positivo:

  • Com aromaterapia: A massagem com bola pode ser mais eficaz quando combinada com óleos essenciais relaxantes
  • Com calor: Uma compressa quente aplicada antes da massagem com bola pode ajudar a relaxar os músculos
  • Com respiração controlada: Sincronizar a massagem com técnicas de respiração pode amplificar os efeitos de ambas

Para incluir no seu plano de parto

Se deseja utilizar a bola de massagem como parte da sua estratégia de alívio da dor durante o trabalho de parto, considere incluir esta preferência no seu plano de parto. Pode mencionar:

  • Que pretende utilizar uma bola de massagem
  • Quem será responsável por aplicar a massagem
  • Se deseja combinar com outras técnicas (como aromaterapia ou compressas quentes)
  • As áreas do corpo onde prefere que seja aplicada a massagem

Lembre-se que durante o trabalho de parto as suas preferências podem mudar. O importante é ter várias opções disponíveis e sentir-se à vontade para comunicar o que está a funcionar e o que não está.

 

MUSICOTERAPIA

Música no Trabalho de Parto

Como a música pode ajudar?

A música pode oferecer momentos de grande satisfação, relaxamento e uma maior tolerância a todo o processo do trabalho de parto. Ajuda a diminuir o stress, reduz o cansaço, promove uma sensação de tranquilidade e segurança. Mas atenção, para algumas mulheres a música pode ser um elemento perturbador.

O nosso cérebro responde à música de forma profunda e imediata. Durante o trabalho de parto, esta resposta pode ser particularmente benéfica, alterando a nossa perceção da dor e ajudando-nos a manter um estado emocional mais calmo.

Benefícios da música durante o trabalho de parto

Investigações científicas têm demonstrado vários benefícios da utilização da música durante o trabalho de parto:

  • Reduz os níveis de ansiedade e stress: Estudos mostram que ouvir música durante o trabalho de parto pode reduzir significativamente os níveis de cortisol (hormona do stress) no organismo.
  • Alivia a perceção da dor: A música atua como uma distração positiva, ajudando o cérebro a focar-se em algo agradável em vez da sensação de dor.
  • Regulariza a respiração e batimentos cardíacos: O ritmo da música pode ajudar a manter uma respiração mais regular, especialmente se escolher músicas com um ritmo calmo.
  • Cria um ambiente mais familiar e acolhedor: Transformar a sala de parto num espaço mais pessoal através da música pode aumentar a sensação de controlo e conforto.
  • Melhora a produção de endorfinas: A música prazerosa estimula a libertação de endorfinas, que são analgésicos naturais do nosso corpo.
  • Fortalece a ligação com o bebé: O bebé já reconhece sons a partir do segundo trimestre, por isso, músicas ouvidas durante a gravidez podem acalmá-lo durante e após o nascimento.

Como preparar a sua seleção musical

Se for o seu desejo, durante a gravidez, selecione melodias que possam promover sensações de bem-estar, relaxamento e que produzam uma boa energia.

A partir do 3º trimestre da gravidez deverá fazer sessões de relaxamento com a sua seleção musical para ir treinando. Se gosta de dançar, poderá escolher algumas músicas “mais mexidas” (ou às vezes, mais lentas). Os movimentos, assim como pausas de relaxamento são ambos bem-vindos durante o trabalho de parto (dependendo da fase).

Dicas para criar a sua playlist:

  1. Inclua músicas significativas: Canções que tenham um significado especial para si ou que estejam associadas a memórias positivas podem ser particularmente eficazes.
  2. Varie os ritmos: Prepare algumas faixas mais lentas para momentos de relaxamento e outras mais rítmicas para quando precisar de energia.
  3. Considere músicas instrumentais: Algumas mulheres preferem músicas sem letra durante o trabalho de parto, pois permitem que a mente “flutue” sem se prender às palavras.
  4. Experimente sons da natureza: Som de ondas, chuva suave ou floresta podem criar um ambiente muito relaxante.
  5. Pense no volume: Prepare faixas que soem bem mesmo em volume baixo, pois poderá preferir sons mais subtis durante algumas fases.

Tipos de música que podem ser benéficos

Para relaxamento profundo:

  • Música clássica suave (Mozart, Debussy, Bach)
  • Música ambiente ou new age
  • Sons da natureza
  • Cânticos ou mantras

Para motivação e energia:

  • Músicas positivas e estimulantes
  • Ritmos que incentivam o movimento
  • Canções que lhe dão força emocional

Para conexão emocional:

  • Canções de embalar que planeia cantar ao seu bebé
  • Músicas que tocam no seu coração
  • Melodias que têm um significado especial para si e para o seu parceiro

Como utilizar a música durante o trabalho de parto

Sabe-se que a primeira leitura que fazemos do mundo que nos rodeia é definida pelos sons, assim acreditamos que a música tem um papel primordial no controlo e alívio da ansiedade e do stress. Pode ter música ambiente previamente escolhida por si. Deve para tal, trazer a sua “playlist” que a poderá acompanhar para o Bloco Operatório se for necessária uma cesariana programada.

Aspetos práticos:

  • Escolha equipamento adequado: Colunas bluetooth pequenas, auscultadores confortáveis ou até um pequeno rádio pessoal.
  • Verifique as regras da maternidade: Confirme antecipadamente se pode usar dispositivos eletrónicos e em que condições.
  • Controle o volume: Mantenha o volume num nível que seja confortável para si, para o seu bebé e para a equipa médica.
  • Seja flexível: Esteja preparada para mudar ou desligar a música se sentir que já não está a ajudar.
  • Delegue o controlo: Peça ao seu acompanhante para gerir a música, para que possa concentrar-se no trabalho de parto.

O que dizem os estudos científicos?

Uma revisão sistemática publicada no Journal of Obstetric, Gynecologic & Neonatal Nursing analisou vários estudos sobre música durante o trabalho de parto e concluiu que:

  • As mulheres que ouviram música durante o trabalho de parto relataram níveis significativamente mais baixos de dor e ansiedade.
  • O trabalho de parto pode tornar-se até 2 horas mais curto quando a música é utilizada como método de relaxamento.
  • A necessidade de analgésicos foi reduzida em cerca de 30% em grupos que utilizaram música como parte da sua estratégia de gestão da dor.

Quando a música pode não ser adequada

Apesar dos muitos benefícios, é importante reconhecer que a música não funciona da mesma forma para todas as pessoas:

  • Algumas mulheres podem sentir-se irritadas ou distraídas com a música durante o trabalho de parto intenso.
  • Em certos momentos, pode preferir silêncio total para se concentrar.
  • Se tem sensibilidade auditiva aumentada, tenha cuidado com a escolha e volume das músicas.

Lembre-se: não há problema em mudar de ideias durante o trabalho de parto. Se sentir que a música está a incomodá-la em vez de ajudar, peça para a desligar.

Como incluir no seu plano de parto

Se deseja utilizar música durante o trabalho de parto, considere incluir no seu plano:

  • A sua intenção de utilizar música como método de relaxamento
  • Quem será responsável por gerir o equipamento de som
  • Se tem preferência por utilizar música em determinadas fases
  • Se deseja que a música continue durante uma possível cesariana
  • Quaisquer músicas específicas que gostaria de ouvir no momento do nascimento

Preparando o seu kit de música para o parto

Alguns itens que poderá incluir na sua mala para a maternidade:

  • Coluna bluetooth com bateria de longa duração (e respetivo carregador)
  • Telemóvel com a sua playlist já preparada
  • Auscultadores confortáveis (para momentos em que prefira uma experiência mais íntima)
  • Lista impressa das suas músicas favoritas (caso precise comunicar preferências específicas)
  • Pilhas sobresselentes, se necessário

A música pode ser uma ferramenta poderosa para tornar o seu trabalho de parto mais tranquilo e personalizado. Prepare-se com antecedência, mas mantenha-se aberta à possibilidade de que as suas preferências possam mudar no momento.

 

SACO DE SEMENTES AQUECIDO/ BOLSA ÁGUA QUENTE

                                

O poder do calor durante o trabalho de parto

O calor quando aplicado em algumas regiões estratégicas promove conforto e algum alívio da dor. Este método simples e natural tem sido utilizado há séculos por diferentes culturas para ajudar as mulheres durante o trabalho de parto, e estudos científicos recentes confirmam os seus benefícios.

Como funciona?

A aplicação de calor durante o trabalho de parto funciona através de vários mecanismos:

  • Relaxa os músculos tensos – O calor ajuda a diminuir a tensão muscular, especialmente na região lombar e abdominal
  • Melhora a circulação sanguínea – Promove a dilatação dos vasos sanguíneos, aumentando o fluxo de sangue e oxigénio para os tecidos
  • Bloqueia sinais de dor – Estimula os recetores de temperatura na pele, que competem com os sinais de dor enviados ao cérebro
  • Proporciona conforto psicológico – A sensação de calor está associada a sensações de aconchego e segurança

Tipos de aplicação de calor

Saco de Sementes Aquecido

Os sacos de sementes são almofadas de tecido preenchidas com sementes como linhaça, trigo ou cereja, que retêm o calor e o libertam gradualmente. As suas vantagens incluem:

  • Molda-se facilmente ao corpo
  • Mantém o calor por períodos prolongados (geralmente 20-30 minutos)
  • Tem peso que pode proporcionar alívio adicional através da pressão
  • É reutilizável e ecológico
  • Pode ser perfumado com ervas como lavanda para efeito relaxante adicional

Saco de Água Quente

O tradicional saco de borracha que é preenchido com água quente também é uma excelente opção:

  • Fácil de usar e reaquecer
  • Mantém o calor de forma constante
  • Pode ser utilizado com uma capa de tecido para maior conforto
  • Disponível em vários tamanhos para diferentes áreas do corpo

Compressas Quentes

Toalhas ou compressas embebidas em água quente:

  • Podem ser aplicadas diretamente na região a tratar
  • Fáceis de preparar em qualquer ambiente
  • Podem ser particularmente úteis no períneo durante a fase final do trabalho de parto

Onde aplicar durante o trabalho de parto?

Região Lombar (Parte Inferior das Costas)

Esta é a área onde muitas mulheres sentem dor intensa durante as contrações, especialmente se o bebé está em posição posterior (com as costas contra as costas da mãe). A aplicação de calor nesta zona pode:

  • Aliviar a dor das contrações
  • Diminuir a pressão na coluna
  • Relaxar os músculos das costas que podem estar em espasmo

Parte Inferior do Abdómen

Em alguns momentos entre contrações, o calor aplicado na parte inferior da barriga pode:

  • Ajudar a relaxar o útero
  • Reduzir o desconforto geral
  • Promover a circulação na área

Virilhas e Ancas

A aplicação de calor nestas áreas pode:

  • Ajudar a abrir a pelve
  • Relaxar os músculos que ligam a pélvis às pernas
  • Facilitar posições como o agachamento

Ombros e Pescoço

Estas áreas acumulam muita tensão durante o trabalho de parto:

  • O calor pode aliviar o cansaço e tensão
  • Promove uma sensação geral de relaxamento
  • Ajuda a manter a parte superior do corpo relaxada

Benefícios comprovados

Investigações científicas têm demonstrado vários benefícios da aplicação de calor durante o trabalho de parto:

  • Estudos publicados no Journal of Obstetrics and Gynaecology Research mostram que a aplicação de calor na região lombar pode reduzir a perceção da dor em até 40% durante o primeiro estágio do trabalho de parto.
  • Uma revisão sistemática na Cochrane Library concluiu que as terapias com calor são métodos seguros e eficazes para o alívio da dor durante o trabalho de parto, com alto nível de satisfação das mulheres que o utilizaram.
  • Investigadores descobriram que as mulheres que usaram aplicação de calor necessitaram de menos medicação para a dor comparativamente aos grupos de controlo.

Como utilizar durante o trabalho de parto

Preparação antecipada

  • Se planeia usar um saco de sementes, confirme como pode aquecê-lo na maternidade (geralmente no micro-ondas)
  • Para o saco de água quente, verifique se a maternidade possui água quente facilmente acessível
  • Leve mais do que uma opção, se possível, para poder alternar enquanto uma arrefece

Durante o trabalho de parto

  • Aplique o calor por períodos de 15-20 minutos, seguidos de uma pausa
  • Verifique sempre a temperatura antes de aplicar para evitar queimaduras
  • Peça ajuda ao seu acompanhante para colocar e remover as aplicações
  • Comunique se estiver demasiado quente ou se já não estiver a ajudar

Cuidados importantes

  • Nunca aplique calor diretamente na pele; use sempre uma proteção como uma toalha
  • Se sentir dormência ou vermelhidão excessiva, remova imediatamente
  • Não use após a administração de analgésicos como a epidural, pois a sensibilidade ao calor pode estar diminuída
  • Verifique com a equipa médica se tem alguma condição que contraindique a aplicação de calor

Combinação com outras técnicas

A aplicação de calor funciona muito bem quando combinada com:

  • Massagem (o calor prepara os músculos para um maior benefício da massagem)
  • Movimentação e mudanças de posição
  • Respiração controlada
  • Banho de chuveiro ou imersão em água
  • Aromaterapia

Como incluir no seu plano de parto

Se pretende utilizar o calor como método de alívio da dor, pode incluir no seu plano de parto:

  • Que deseja usar sacos de sementes aquecidos ou sacos de água quente
  • As áreas do corpo onde prefere a aplicação
  • Quem será responsável por preparar e aplicar (acompanhante ou equipa)
  • Se planeia levar o seu próprio material

O que levar para a maternidade

  • Saco de sementes (de preferência mais do que um, para poder alternar)
  • Saco de água quente com capa protetora
  • Toalhas pequenas para envolver e proteger a pele
  • Informação sobre como aquecer o saco de sementes (tempo no micro-ondas)

Uma opção simples e eficaz

A beleza da aplicação de calor durante o trabalho de parto está na sua simplicidade e eficácia. É um método natural, não invasivo, que pode ser facilmente implementado em qualquer ambiente de parto e que tem pouquíssimas contraindicações.

Muitas mulheres descobrem que este simples recurso faz uma grande diferença na sua capacidade de gerir o desconforto do trabalho de parto, proporcionando não apenas alívio físico, mas também conforto emocional numa altura de grande intensidade.

 

TAPETE YOGA NO TRABALHO DE PARTO

Benefícios do Yoga na Gravidez e Parto

São conhecidos os benefícios que o Yoga pode trazer para a gravidez, parto e pós-parto. O Yoga, entre outras coisas, melhora a flexibilidade do corpo, aumenta o tónus muscular e a oxigenação da mãe e do bebé; ajuda a diminuir a ansiedade e o stress, aumenta a serenidade e confiança em si própria. Facilita a assimilação das mudanças da gravidez e auxilia na preparação a todos os níveis, sem medo, para o nascimento e maternidade.

A prática de Yoga na gravidez proporciona autoconhecimento, concentração, energia e confiança na intuição e instinto. Ajuda a descobrir que a força para a gestação, o parto e para cuidar do bebé vêm de dentro.

Como o Tapete de Yoga Pode Ajudar Durante o Trabalho de Parto

O tapete de yoga não é apenas um acessório – pode ser uma ferramenta valiosa durante o trabalho de parto por várias razões:

  • Oferece uma superfície confortável e higiénica para realizar diferentes posições durante o trabalho de parto
  • Proporciona isolamento térmico do chão frio do hospital
  • Cria um espaço pessoal que pode trazer sensação de segurança e familiaridade
  • Permite praticar posturas aprendidas durante a gravidez
  • Facilita a mobilidade e a adoção de posições verticais, que favorecem a descida do bebé pelo canal de parto

Posições de Yoga Úteis Durante o Trabalho de Parto

Um tapete de yoga pode ser particularmente útil para realizar estas posições que ajudam no trabalho de parto:

  1. Posição de gatas (Marjaryasana)

Esta posição alivia a pressão nas costas, especialmente quando o bebé está em posição posterior (com as costas contra as costas da mãe). No tapete, pode apoiar confortavelmente os joelhos e as mãos sem machucar-se.

  1. Agachamento com apoio (Malasana adaptada)

O agachamento ajuda a abrir a pelve e a aproveitar a força da gravidade. Com o tapete, pode ajoelhar-se e levantar-se com mais facilidade, além de ter uma superfície antiderrapante que oferece segurança.

  1. Postura da criança (Balasana)

Esta posição de descanso pode proporcionar alívio entre contrações. O tapete oferece acolchoamento para os joelhos e conforto para a testa ao apoiar-se.

  1. Alongamento lateral sentada

Sentada no tapete com as pernas abertas, pode fazer alongamentos laterais que aliviam a tensão nas costas e facilitam a respiração profunda.

Evidências Científicas

A utilização de técnicas de yoga durante o trabalho de parto está associada a vários benefícios comprovados cientificamente:

  • Um estudo publicado no Journal of Alternative and Complementary Medicine demonstrou que mulheres que praticaram yoga durante a gravidez experimentaram trabalhos de parto mais curtos e menos dolorosos.
  • Uma revisão sistemática na Cochrane Library concluiu que posições verticais e a mobilidade durante o primeiro estágio do trabalho de parto (facilitadas pelo uso de um tapete) podem reduzir a duração do trabalho de parto em cerca de uma hora.
  • Investigações mostram que as técnicas de respiração do yoga praticadas num ambiente confortável (como um tapete familiar) podem reduzir a perceção da dor e diminuir a necessidade de analgésicos.

Preparar o Seu Tapete para o Grande Dia

Se pretende usar um tapete de yoga durante o trabalho de parto:

  1. Escolha um tapete adequado: De preferência, opte por um tapete específico para yoga, com boa aderência e fácil de limpar. Existem tapetes ecológicos feitos de materiais naturais, se preferir.
  2. Familiarize-se com o tapete: Use o mesmo tapete durante as práticas na gravidez para criar uma associação positiva.
  3. Considere a higiene: Leve um spray de limpeza natural ou toalhitas para higienizar o tapete antes e após o uso no hospital.
  4. Pense na espessura: Um tapete mais espesso (cerca de 6mm) oferece melhor acolchoamento para os joelhos e articulações.

Combinação com Outras Técnicas

O tapete de yoga pode ser utilizado em conjunto com outras técnicas de alívio da dor:

  • Bola de parto: O tapete oferece uma superfície segura para apoiar a bola
  • Massagem: O acompanhante pode fazer massagens enquanto está em diferentes posições no tapete
  • Técnicas de respiração: O espaço definido pelo tapete ajuda a focar nas técnicas aprendidas
  • Visualização: O tapete pode servir como “âncora” para práticas de meditação e visualização

Como incluir no seu plano de parto

Portanto, se é praticante de yoga e acha que esta prática poderá ajudá-la durante o trabalho de parto, pergunte à equipa do hospital onde vai ter o seu bebé se poderá levar o seu tapete ou se o hospital tem tapetes disponíveis.

No seu plano de parto, pode mencionar:

  • Que deseja utilizar um tapete de yoga durante o trabalho de parto
  • As posições específicas que gostaria de explorar
  • Se pretende levar o seu próprio tapete ou utilizar um fornecido pelo hospital
  • Que gostaria de ter espaço suficiente para utilizar o tapete

Dicas Práticas

  • Dobre o tapete para criar mais acolchoamento em posições que exigem apoio nos joelhos
  • Leve uma toalha pequena para colocar sobre o tapete, caso necessário
  • Verifique o espaço disponível na sala de parto durante a visita à maternidade
  • Considere um tapete de viagem mais fino e leve se o espaço for uma preocupação
  • Prepare o seu acompanhante para ajudar com o tapete, especialmente durante as contrações mais intensas

Para Quem Não Praticou Yoga na Gravidez

Mesmo que não tenha praticado yoga durante a gravidez, um tapete ainda pode ser útil para proporcionar uma superfície confortável e limpa para se movimentar durante o trabalho de parto. Converse com a sua parteira sobre posições simples que pode adotar para facilitar o progresso do trabalho de parto e aumentar o conforto.

A utilização de um tapete de yoga durante o trabalho de parto é uma forma simples de trazer mais conforto, familiaridade e possibilidades de movimento para a sua experiência de parto, ajudando a conectar-se com a sabedoria interior que todas as mulheres possuem para trazer uma nova vida ao mundo.

 

ACUPUNTURA NO TRABALHO DE PARTO

  

O que é a acupuntura?

A acupuntura é uma técnica milenar com origem na região da atual China, baseada no princípio do equilíbrio de energia que circula pelo organismo e pode ser usada para alívio da tensão, para iniciar ou acelerar o parto.

Esta prática tradicional, com mais de 3.000 anos de história, faz parte da Medicina Tradicional Chinesa e consiste na inserção de agulhas muito finas em pontos específicos do corpo, conhecidos como pontos de acupuntura ou meridianos.

Como pode ajudar durante o trabalho de parto?

Durante a gravidez e o trabalho de parto, a acupuntura pode oferecer diversos benefícios:

  • Alívio natural da dor durante as contrações
  • Redução da ansiedade e stress, promovendo relaxamento
  • Estímulo ao início do trabalho de parto, quando este está atrasado
  • Ajuda a posicionar o bebé de forma mais favorável
  • Melhora a eficiência das contrações, potencialmente encurtando o trabalho de parto
  • Reduz náuseas e enjoos que podem ocorrer durante o trabalho de parto

Uma das grandes vantagens é que esta técnica não altera os níveis de consciência materna, permitindo o seu envolvimento durante todo o processo de parto, melhorando a interação mãe-filho, principalmente logo após o nascimento; ajuda a libertar endorfinas e melhora os processos naturais de mãe e bebé; por ser minimamente invasiva, não impede o uso de outras técnicas de alívio da dor.

O que dizem os estudos científicos?

Investigações recentes têm demonstrado resultados promissores sobre o uso da acupuntura durante o trabalho de parto:

  • Estudos publicados na revista Birth mostraram que mulheres que receberam acupuntura durante o trabalho de parto necessitaram de menos medicação para a dor.
  • Uma revisão sistemática na Cochrane Library concluiu que a acupuntura pode ajudar a reduzir a dor durante o trabalho de parto quando comparada com cuidados habituais ou placebo.
  • Investigações da Universidade de Adelaide, na Austrália, descobriram que a acupuntura pré-parto pode reduzir a necessidade de indução médica em gravidezes pós-termo.
  • Em estudos comparativos, mulheres que receberam acupuntura relataram maior satisfação com a experiência do parto e melhor capacidade de lidar com a dor.

Como funciona durante o trabalho de parto?

A acupuntura trabalha de várias formas durante o trabalho de parto:

  1. Estimula a libertação de endorfinas – os analgésicos naturais do corpo
  2. Melhora o fluxo sanguíneo para o útero e a placenta
  3. Equilibra o sistema nervoso, reduzindo o stress e a ansiedade
  4. Regula as hormonas envolvidas no trabalho de parto
  5. Relaxa os músculos tensos, facilitando a descida do bebé

Os pontos de acupuntura mais comumente utilizados durante o trabalho de parto estão localizados nas mãos, pés, pernas e região lombar – todos acessíveis mesmo quando está numa cama de parto.

É seguro para mim e para o meu bebé?

Portanto, a acupuntura é uma opção viável economicamente e parece ser uma técnica segura, já que não há registo de efeitos secundários na sua aplicação.

Quando realizada por um profissional devidamente qualificado, a acupuntura é considerada segura durante a gravidez e o trabalho de parto. As agulhas utilizadas são esterilizadas e descartáveis, eliminando o risco de infeções.

Vale ressaltar que:

  • Não interfere com os sinais vitais do bebé
  • Não causa efeitos adversos no desenvolvimento fetal
  • Não interage negativamente com medicamentos ou procedimentos médicos
  • Pode ser utilizada em conjunto com outras formas de alívio da dor

Quando começar a acupuntura?

A acupuntura pode ser útil em diferentes momentos:

  • Durante a gravidez: Sessões regulares a partir das 36 semanas podem preparar o corpo para o trabalho de parto
  • Para induzir o parto natural: A partir das 40 semanas, pode ajudar a iniciar o trabalho de parto de forma natural
  • Durante o trabalho de parto ativo: Para alívio da dor e promoção da progressão
  • Após o parto: Para ajudar na recuperação e promover a produção de leite

Como incluir a acupuntura no seu plano de parto?

Se estiver interessada em incorporar a acupuntura no seu trabalho de parto:

  1. Consulte um acupunturista especializado em obstetrícia durante a gravidez
  2. Discuta esta opção com o seu médico ou parteira
  3. Verifique se o hospital permite a presença de um acupunturista durante o trabalho de parto
  4. Inclua este desejo no seu plano de parto
  5. Considere ter algumas sessões prévias para se familiarizar com a sensação

Disponibilidade em Portugal

Em Portugal, a acupuntura está cada vez mais disponível em contexto obstétrico:

  • Alguns hospitais públicos já oferecem acupuntura como parte dos cuidados complementares
  • Várias maternidades privadas permitem a presença de acupunturistas durante o trabalho de parto
  • Existem acupunturistas especializados em obstetrícia em várias cidades portuguesas

Se esta é uma opção que lhe interessa, recomendamos que se informe com antecedência sobre a disponibilidade deste serviço na unidade de saúde onde planeia ter o seu bebé.

Combinação com outras técnicas

Uma das grandes vantagens da acupuntura é a possibilidade de combiná-la com outras estratégias de alívio da dor:

  • Respiração e relaxamento
  • Massagem
  • Hidroterapia (uso de água quente)
  • Movimentação e mudanças de posição
  • Medicação, se necessário

Esta abordagem integrada permite personalizar o alívio da dor de acordo com as suas necessidades específicas durante o trabalho de parto.

Perguntas frequentes

A acupuntura dói durante o trabalho de parto?
A sensação da inserção da agulha é mínima comparada com a intensidade das contrações. Muitas mulheres mal notam as agulhas quando aplicadas durante o trabalho de parto.

Quanto tempo dura o efeito?
O alívio da dor pode durar de 1 a 2 horas, e as agulhas podem ser reajustadas ou novos pontos podem ser estimulados conforme necessário.

É preciso ter experiência prévia com acupuntura?
Não, embora seja útil fazer algumas sessões durante a gravidez para se familiarizar com a técnica.

A acupuntura oferece uma abordagem natural e eficaz para o alívio da dor e promoção do progresso do trabalho de parto. Como uma técnica que respeita os processos fisiológicos do nascimento, permite que permaneça presente e participativa durante toda a experiência de trazer o seu bebé ao mundo.

 

 

 

HIPNOSE E HYPNOBIRTHING NO TRABALHODE PARTO

   

O que é realmente a hipnose?

Quando falamos de hipnose, a primeira coisa que nos vem à mente são aqueles programas de televisão com cenas engraçadas, como por exemplo pessoas a imitar animais… Estas imagens contribuíram para a criação de mitos e crenças acerca do seu uso. A verdade é que atualmente, com a evolução da tecnologia, conseguimos fazer uso desta ferramenta com muita segurança.

A hipnose é uma sugestão, ou um conjunto de sugestões que a pessoa aceita e através das quais é capaz de ser influenciada. Ao contrário da ideia popular, não se trata de um estado de perda de controlo ou de consciência, mas sim de um estado de atenção focada e relaxamento profundo, no qual a pessoa permanece consciente e no comando das suas decisões.

 

Hypnobirthing: hipnose aplicada ao parto

O Hypnobirthing é um método de hipnose orientada para o trabalho de parto, usado para recuperar a simplicidade do mesmo. São trabalhados o medo e a dor. Ajuda a mãe a libertar-se dos medos, a estar consciente para o parto de forma positiva e alegre. Este método valoriza o que há de bonito no parto e procura desvalorizar a parte difícil, como as contrações, que são chamadas de “ondas” que vão e vêm.

Este método foi desenvolvido pela americana Marie Mongan na década de 1980 e baseia-se no trabalho do Dr. Grantly Dick-Read, que introduziu o conceito de “parto sem medo” na década de 1930. O Dr. Dick-Read observou que quando as mulheres estavam relaxadas e sem medo, os seus partos eram mais rápidos e menos dolorosos.

Como funciona?

O Hypnobirthing trabalha com quatro elementos principais:

  1. Respiração profunda

Técnicas de respiração específicas que promovem o relaxamento e ajudam a oxigenar o corpo da mãe e do bebé. Uma respiração calma e controlada ajuda a manter os músculos do útero a receber o oxigénio necessário para trabalhar eficientemente.

  1. Relaxamento profundo

Aprender a relaxar o corpo completamente, mesmo entre contrações, permite conservar energia e reduzir a tensão muscular que pode aumentar a dor.

  1. Visualização

Utilização de imagens mentais positivas para ajudar a mente a influenciar o corpo, como imaginar o colo do útero a abrir-se suavemente como uma flor.

  1. Reprogramação mental

Substituição de pensamentos negativos sobre o parto por afirmações positivas e confiantes que ajudam a eliminar o medo.

Benefícios comprovados

Estudos científicos têm mostrado que o Hypnobirthing pode oferecer vários benefícios:

  • Redução significativa da dor: Uma investigação publicada no British Journal of Anaesthesia demonstrou que mulheres que usaram hipnose relataram níveis de dor significativamente menores.
  • Trabalhos de parto mais curtos: Um estudo na revista Birth mostrou que mulheres que praticaram Hypnobirthing tiveram, em média, trabalhos de parto cerca de 3 horas mais curtos que o grupo de controlo.
  • Menor necessidade de medicação: A mesma investigação encontrou uma redução de 60% no uso de epidural no grupo que utilizou hipnose.
  • Menor ansiedade: Diversos estudos documentaram níveis mais baixos de ansiedade pré-natal e durante o parto em mulheres que praticaram Hypnobirthing.
  • Experiência mais positiva: As mães relatam maior satisfação com a experiência do parto, independentemente de como o bebé acabou por nascer.

Como aprender Hypnobirthing?

O curso poderá ser iniciado a partir do 2º trimestre da gravidez. O ideal é começar entre as 20 e 30 semanas para ter tempo suficiente para praticar as técnicas aprendidas.

Um curso típico de Hypnobirthing inclui:

  • Sessões presenciais (geralmente 4 a 6) com um instrutor certificado
  • Material para estudo e prática em casa
  • Gravações de relaxamento e afirmações positivas para ouvir diariamente
  • Exercícios práticos para fazer com o acompanhante de parto

É importante que o seu acompanhante de parto participe nas sessões, pois terá um papel fundamental em ajudá-la a manter o estado de relaxamento durante o trabalho de parto.

O que esperar de um parto com Hypnobirthing?

As mulheres que utilizam Hypnobirthing durante o trabalho de parto frequentemente:

  • Mantêm-se calmas e focadas
  • Movimentam-se livremente, seguindo os instintos do corpo
  • Utilizam vocalizações profundas em vez de gritos
  • Parecem estar “noutro mundo”, profundamente concentradas
  • Recuperam mais rapidamente após o nascimento
  • Descrevem o parto como uma experiência transformadora e positiva

É importante salientar que o Hypnobirthing não garante um parto sem dor ou sem intervenções médicas. O seu objetivo é proporcionar ferramentas para que a mulher possa enfrentar qualquer caminho que o seu parto tome, mantendo-se calma e presente.

Hypnobirthing e plano de parto

Se pretende utilizar o Hypnobirthing, considere incluir no seu plano de parto:

  • O desejo de utilizar técnicas de respiração e relaxamento específicas
  • A importância de um ambiente calmo e tranquilo
  • A preferência por uma linguagem positiva (por exemplo, “ondas” em vez de “contrações”)
  • O papel do seu acompanhante como guardião do ambiente e apoio nas técnicas aprendidas

Compatibilidade com outras abordagens

O Hypnobirthing combina bem com:

  • Parto natural em meio hospitalar
  • Parto na água
  • Parto domiciliar
  • Uso de outras técnicas de alívio da dor não farmacológicas
  • E, se necessário, pode complementar intervenções médicas

Mesmo que acabe por precisar de intervenções não planeadas, como cesariana, as técnicas de Hypnobirthing podem ajudá-la a manter-se calma e presente durante o processo.

Como encontrar um curso em Portugal?

Em Portugal, existem cada vez mais profissionais certificados em Hypnobirthing. Pode encontrar instrutores através de:

  • Recomendações da sua parteira ou médico obstetra
  • Grupos de apoio à gravidez e parto
  • Doulas e outros profissionais de apoio ao parto
  • Pesquisa online por cursos certificados

Experiências reais

“Nunca imaginei que conseguiria estar tão calma durante o trabalho de parto. As técnicas de respiração e as afirmações positivas fizeram toda a diferença. Mesmo quando o parto se tornou mais intenso, consegui manter-me focada e presente.” – Maria, mãe de primeira viagem

“Como acompanhante, o curso de Hypnobirthing deu-me ferramentas concretas para apoiar a minha companheira. Em vez de me sentir impotente, tinha um papel claro e importante.” – João, pai pela segunda vez

Uma nota final

O Hypnobirthing não é apenas uma técnica para o momento do parto – é uma filosofia que pode transformar toda a sua perspetiva sobre a gravidez e o nascimento. Ao substituir o medo por confiança e a tensão por relaxamento, muitas mulheres descobrem uma força interior que não sabiam possuir.

Independentemente do tipo de parto que acabar por ter, as ferramentas do Hypnobirthing podem ajudá-la a enfrentar cada momento com calma, consciência e uma sensação de empoderamento.

 

 

ACUPRESSÃO NO TRABALHO DE PARTO

 

O que é a acupressão?

A acupressão é um método alternativo para alívio da dor usado pela Medicina Tradicional Chinesa. Possui os mesmos princípios da acupuntura: manter o equilíbrio de energia nos diversos canais que circulam pelo corpo – os chamados meridianos – que estão ligados a algum órgão, mas sem o uso de agulhas. Os estímulos são feitos através das mãos e dedos em pontos específicos ou, em algumas circunstâncias, combinando esses pontos para alcançar um efeito maior no alívio da dor ou para proporcionar um estado de relaxamento.

Em termos simples, a acupressão consiste em pressionar determinados pontos do corpo para ajudar a aliviar a dor e promover o bem-estar. É como uma massagem muito localizada e específica, baseada nos conhecimentos milenares da medicina chinesa.

Como pode ajudar durante o trabalho de parto?

Há relatos de que a acupressão pode diminuir a dor e encurtar o tempo da primeira fase do trabalho de parto. Portanto, pode ser uma alternativa não invasiva a ser utilizada como meio de obter melhoria na qualidade do atendimento às parturientes.

Estudos científicos têm mostrado que a acupressão pode:

  • Reduzir significativamente a intensidade da dor durante as contrações
  • Diminuir a duração do trabalho de parto em cerca de 1 a 2 horas
  • Reduzir a ansiedade e promover uma sensação de calma
  • Estimular contrações mais eficientes
  • Ajudar na descida do bebé pelo canal de parto
  • Oferecer uma sensação de controlo à mulher durante o processo

O melhor de tudo é que esta técnica é completamente natural, não tem efeitos secundários e pode ser aplicada pelo acompanhante, o que promove o envolvimento ativo do parceiro ou da pessoa de apoio.

Pontos principais de acupressão para o trabalho de parto

Existem vários pontos que podem ser estimulados durante o trabalho de parto. Apresentamos aqui os mais comuns e eficazes:

  1. Ponto B32 (Parte inferior das costas)
  • Localização: Nas pequenas depressões de cada lado da coluna, na altura da região sagrada (cerca de 4 dedos acima da linha onde termina a nádega)
  • Benefícios: Alivia a dor lombar durante as contrações, especialmente quando o bebé está em posição posterior
  • Como aplicar: Pressão firme com os polegares ou os nós dos dedos durante as contrações
  1. Ponto SP6 (Três Yin Cruzados)
  • Localização: Quatro dedos acima do tornozelo interno, na parte interna da perna
  • Benefícios: Pode ajudar a iniciar o trabalho de parto, aliviar a dor e harmonizar a energia do útero
  • Como aplicar: Pressão firme durante 1 minuto, seguida de descanso, repetindo várias vezes
  1. Ponto LI4 (Junção do Vale)
  • Localização: Na parte carnuda entre o polegar e o indicador
  • Benefícios: Alívio geral da dor e estímulo às contrações
  • Como aplicar: Pressão firme seguida de movimentos circulares
  1. Ponto BL67 (Chegar ao Yin)
  • Localização: No canto externo da base da unha do dedo mínimo do pé
  • Benefícios: Pode ajudar a posicionar o bebé e a estimular o trabalho de parto
  • Como aplicar: Pressão suave mas consistente
  1. Ponto GB21 (Poço do Ombro)
  • Localização: No ponto mais alto do ombro, entre o pescoço e a ponta do ombro
  • Benefícios: Ajuda na descida do bebé e alivia a tensão nos ombros
  • Como aplicar: Pressão para baixo com os polegares ou com a palma das mãos

Nota importante: O ponto SP6 e o ponto LI4 não devem ser estimulados durante a gravidez antes do trabalho de parto, pois podem induzir contrações.

Como utilizar a acupressão durante o trabalho de parto?

A acupressão pode ser utilizada de várias formas durante o trabalho de parto:

  1. Durante as contrações: Peça ao seu acompanhante para aplicar pressão nos pontos B32 (parte inferior das costas) quando as contrações começarem a intensificar-se.
  2. Entre contrações: Os pontos nas mãos, pés e tornozelos podem ser estimulados entre contrações para ajudar a manter o fluxo de energia e o relaxamento.
  3. Em diferentes fases: Alguns pontos são mais úteis em determinadas fases do trabalho de parto. Por exemplo, o SP6 pode ser mais eficaz no início, enquanto o B32 costuma ajudar durante a fase ativa.
  4. Em combinação com outras técnicas: A acupressão funciona bem quando combinada com respiração profunda, movimento e outras técnicas de relaxamento.

Preparação para usar acupressão no seu parto

Para tirar o máximo proveito da acupressão durante o trabalho de parto:

  1. Pratique antecipadamente: Familiarize-se com os pontos e técnicas durante a gravidez, para que se torne mais fácil encontrá-los durante o trabalho de parto.
  2. Ensine o seu acompanhante: O seu parceiro ou acompanhante de parto deve saber como localizar e estimular corretamente os pontos principais.
  3. Considere consultar um especialista: Uma sessão com um acupunturista ou terapeuta especializado em medicina tradicional chinesa pode ajudar a aprender as técnicas corretas.
  4. Prepare materiais visuais: Algumas mulheres acham útil ter um guia visual ou diagrama dos pontos de acupressão para referência durante o trabalho de parto.

O que dizem os estudos científicos?

A investigação científica sobre a acupressão no trabalho de parto tem mostrado resultados promissores:

  • Um estudo publicado no Journal of Midwifery & Women’s Health descobriu que mulheres que receberam acupressão durante o trabalho de parto relataram menos dor e maior satisfação com a experiência do parto.
  • Uma revisão sistemática na revista Birth encontrou que a acupressão pode reduzir a duração do trabalho de parto em cerca de 1,5 horas, em média.
  • Investigadores da Universidade de Teerão (Irão) demonstraram que a acupressão no ponto SP6 reduziu significativamente a intensidade da dor durante a fase ativa do trabalho de parto.
  • Um estudo na Coreia do Sul mostrou que a aplicação de acupressão em múltiplos pontos foi mais eficaz que a acupressão num único ponto para o alívio da dor.

Vantagens da acupressão

  • Não invasiva: Não requer agulhas ou equipamento especial
  • Sem efeitos secundários: Método natural e seguro tanto para a mãe como para o bebé
  • Pode ser aplicada a qualquer momento: Não interfere com outros procedimentos médicos
  • Promove a participação ativa: Dá ao acompanhante uma forma concreta de ajudar
  • Sem custos: Não requer recursos financeiros adicionais
  • Complementar: Pode ser usada em conjunto com outras formas de alívio da dor

Incluir a acupressão no seu plano de parto

Se gostaria de utilizar a acupressão durante o trabalho de parto, considere incluir no seu plano de parto:

  • A sua intenção de utilizar acupressão como método de alívio da dor
  • Os pontos específicos que gostaria que fossem estimulados
  • Quem será responsável por aplicar a acupressão (parceiro, doula, etc.)
  • Se deseja combinar a acupressão com outras técnicas de alívio da dor

Uma ferramenta acessível e eficaz

A acupressão oferece uma abordagem simples, natural e eficaz para o alívio da dor durante o trabalho de parto. O mais bonito nesta técnica é que coloca literalmente o conforto nas mãos de quem mais ama e apoia a mulher no seu momento especial.

Lembre-se que cada mulher é única, e os pontos que funcionam melhor podem variar. Esteja aberta a explorar diferentes pontos e técnicas para descobrir o que funciona melhor para si durante o seu trabalho de parto.

 

ESTIMULAÇÃO NERVOSA (TENS) NO TRABALHO DE PARTO

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O que é o TENS?

O TENS (Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea) é um método complementar não farmacológico e não invasivo utilizado no alívio da dor do trabalho de parto. Consiste em aplicar pequenos elétrodos na região lombar da grávida durante o trabalho de parto. Estes elétrodos geram estímulos elétricos de baixa tensão (a sensação é de formigueiro local) que podem impedir o envio dos estímulos dolorosos para a medula espinhal.

Em termos simples, é um pequeno aparelho portátil que envia impulsos elétricos suaves através da pele para “confundir” as mensagens de dor que o corpo está a enviar ao cérebro. É como criar um “desvio” no caminho da dor.

Como funciona?

O TENS funciona baseado em dois princípios principais:

  1. Teoria do Portão da Dor

Quando sentimos dor, o nosso corpo envia sinais através dos nervos até à medula espinhal e daí para o cérebro. A teoria do “portão da dor” sugere que podemos bloquear estes sinais de dor ao estimular os mesmos nervos com outras sensações (neste caso, os impulsos elétricos suaves). É como se fechássemos um portão, impedindo que a mensagem de dor chegue ao cérebro.

  1. Libertação de Endorfinas

O alívio das dores pode ser sentido em média vinte minutos após a colocação do aparelho. A intensidade dos estímulos pode ser controlada pela própria grávida. Parece que o TENS também pode promover a produção de endorfinas, causando uma sensação de bem-estar. As endorfinas são as “hormonas da felicidade” naturais do nosso corpo, que funcionam como analgésicos naturais.

Benefícios do TENS durante o trabalho de parto

Diversos estudos científicos têm demonstrado que o TENS pode oferecer vários benefícios:

  • Alívio da dor sem medicamentos: É uma alternativa completamente natural, sem os efeitos secundários associados a analgésicos
  • Controlo nas mãos da mãe: A intensidade pode ser ajustada pela própria mulher, dando-lhe maior sensação de controlo sobre o processo
  • Mobilidade mantida: Ao contrário de algumas formas de alívio da dor, o TENS permite que a mulher se movimente livremente durante o trabalho de parto
  • Pode ser usado em casa: Nos estágios iniciais do trabalho de parto, pode ser utilizado em casa antes de ir para a maternidade
  • Compatível com outras técnicas: Pode ser usado em conjunto com outras estratégias de alívio da dor, como respiração, massagem ou hidroterapia
  • Não afeta o bebé: Os impulsos elétricos não atravessam a placenta e não têm efeito conhecido sobre o bebé

Eficácia comprovada

Uma revisão de estudos publicada na Cochrane Library indica que:

  • O TENS parece ser mais eficaz no alívio da dor durante a fase inicial do trabalho de parto
  • Mulheres que usaram TENS relataram maior satisfação com o método de alívio da dor
  • A necessidade de outras formas de alívio da dor foi reduzida em algumas mulheres que usaram TENS
  • O método mostrou-se particularmente eficaz para dores nas costas durante o trabalho de parto

Como é utilizado?

A aplicação do TENS é bastante simples:

  1. Colocação dos elétrodos: Normalmente, quatro pequenos elétrodos adesivos são colocados de cada lado da coluna, na região lombar (parte inferior das costas). Em alguns casos, podem ser colocados também na parte superior das costas.
  2. Ligação ao aparelho: Os elétrodos são ligados por fios a uma pequena máquina portátil, geralmente do tamanho de um telemóvel.
  3. Ajuste da intensidade: A intensidade dos impulsos elétricos pode ser aumentada ou diminuída pela própria mulher, conforme a sua necessidade e conforto.
  4. Utilização durante as contrações: Algumas mulheres preferem aumentar a intensidade durante as contrações e diminuí-la nos intervalos. Outras mantêm um nível constante.

Quando começar a usar?

O TENS pode ser utilizado:

  • No início do trabalho de parto: Muitas mulheres começam a usar assim que sentem as primeiras contrações regulares
  • Durante a fase ativa: Pode continuar a ser útil, embora algumas mulheres sintam necessidade de métodos adicionais de alívio da dor nesta fase
  • Em caso de dor lombar: É especialmente eficaz para aliviar dores nas costas, comuns quando o bebé está em posição posterior (com as costas contra as costas da mãe)

Contraindicações: quando não deve ser usado

Nem todas as mulheres podem usar o TENS. Algumas contraindicações são:

  • Mulheres que usam pacemaker
  • Aquelas que têm arritmias cardíacas
  • Dores não diagnosticadas
  • Alergias de contacto aos elétrodos adesivos
  • Epilepsia (em alguns casos)
  • Nas primeiras 37 semanas de gravidez (não deve ser usado antes do trabalho de parto a termo)

Limitações a considerar

Além das contraindicações, existem algumas limitações a ter em conta:

  • Durante a realização da monitorização fetal ou outros equipamentos que utilizam corrente elétrica para o diagnóstico, o TENS pode alterar os resultados
  • Não pode ser utilizado na água (banheira ou duche)
  • Pode não proporcionar alívio suficiente durante as fases mais avançadas do trabalho de parto
  • A eficácia varia de mulher para mulher

Como conseguir um aparelho TENS

Existem várias opções para obter um aparelho TENS para o trabalho de parto:

  • Alugar: Algumas clínicas, farmácias e algumas maternidades oferecem o serviço de aluguer de TENS
  • Comprar: Existem modelos disponíveis para compra, mas verifique se são específicos para trabalho de parto
  • Verificar com a maternidade: Algumas maternidades têm aparelhos disponíveis para uso durante o trabalho de parto

É aconselhável familiarizar-se com o aparelho antes do início do trabalho de parto, para que se sinta confortável com a sua utilização quando realmente precisar.

Incluir no seu plano de parto

Se estiver interessada em utilizar o TENS durante o seu trabalho de parto, considere incluir no seu plano de parto:

  • A sua intenção de utilizar TENS como método de alívio da dor
  • Se planeia levar o seu próprio aparelho
  • Em que fase do trabalho de parto pretende começar a utilizá-lo
  • Se deseja combiná-lo com outros métodos de alívio da dor

Testemunhos reais

“No início do trabalho de parto, o TENS foi uma verdadeira salvação. Aquela sensação de formigueiro nas costas distraía-me da dor das contrações. Consegui ficar em casa muito mais tempo antes de ir para a maternidade.” – Joana, mãe de primeira viagem

“O que mais gostei foi ter o controlo na minha mão. Podia aumentar a intensidade quando a contração ficava mais forte. Fez-me sentir que estava a fazer algo ativo para gerir a dor.” – Marta, mãe pela segunda vez

Conclusão

O TENS é uma opção de alívio da dor durante o trabalho de parto que vale a pena considerar, especialmente se procura alternativas naturais e não invasivas. Embora possa não ser suficiente como único método de alívio da dor para todas as mulheres, oferece a vantagem de ser controlado pela própria mulher, sem efeitos secundários e compatível com muitas outras técnicas.

Como qualquer método de alívio da dor, a sua eficácia varia de pessoa para pessoa. O mais importante é estar informada sobre todas as opções disponíveis e escolher as que mais se adequam às suas preferências e circunstâncias.itta Nápoles

Licenciada em Medicina pela Universidade Federal do Espírito Santo, no Brasil, com pós-graduação em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Universitário Cassiano António de Moraes, em Vitória, Espírito Santo. Detém o título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.

Em 1992, por razões familiares, estabeleceu-se em Portugal, onde realizou o Internato Complementar da especialidade no Hospital de Famalicão, instituição onde exerce atualmente como Assistente Graduada e Responsável pelo Bloco de Partos.

Em 2016, ao perceber que poderia oferecer uma assistência de maior qualidade durante o parto, decidiu reconsiderar os conhecimentos adquiridos na sua formação inicial no Brasil e investir naquilo em que sempre acreditou: na força, no poder e na fisiologia da mulher, colocando-a no centro de todo o processo. Frequentou diversos cursos para aprofundar conhecimentos que pudessem fundamentar esta sua abordagem de posicionar a mulher como elemento central em todo o processo do seu parto.

Atualmente, lidera a implementação do projeto de Assistência ao Parto Humanizado na Unidade Local de Saúde do Médio Ave (Hospital de Famalicão). Neste âmbito, procura promover entre todos os elementos do Serviço, com resultados muito positivos, o respeito pela fisiologia da gravidez e do parto, a liberdade de movimentos durante o trabalho de parto, assim como a liberdade de escolha da posição para parir. Acreditando que as verdadeiras mudanças nascem da mente e do coração, é com enorme satisfação que as vê a acontecer efetivamente na instituição.

Criou e impulsionou, juntamente com profissionais de saúde do bloco de partos da ULSMAVA e dos Centros de Saúde responsáveis pelas sessões de preparação para o parto, o projeto “Plano de Parto no CHMA”. Foi neste contexto que surgiu a consulta do Plano de Parto na instituição, já uma realidade consolidada.

No último ano, fundo, em conjunto com um grupo multidisciplinar o Grupo de Apoio ao Luto Peri-Natal” que presta assistência aos casais que sofreram a perda de um bebé, desde o primeiro trimestre até 28 dias após o nascimento. Este grupo, extremamente proativo desde a sua criação, atua desde o setor de diagnóstico pré-natal, passando pela sala de partos, internamento e acompanhamento após a alta hospitalar.

Produziu, com a equipa do serviço, o Programa “GravidAtiva”, que incentiva a prática de atividade física durante a gravidez.

O seu mais recente projeto foi a abertura da Clínica Dra. Saritta Nápoles, onde reúne 24 profissionais criteriosamente selecionados pelo modo como encaram o utente: com respeito, carinho e consideração, partilhando uma forma única de viver a medicina. A clínica dispõe de especialistas em diversas áreas, proporcionando um leque alargado de cuidados para toda a família num único espaço.

A Clínica promove diversos cursos voltados para a comunidade, incluindo preparação para o parto, amamentação e primeiros socorros pediátricos. Paralelamente, aposta fortemente na formação contínua dos seus profissionais, organizando regularmente ações formativas em diversas áreas.

Entre os projetos inovadores da Clínica, destaca-se o “Projeto Raízes”, através do qual cada criança que nasce recebe mudas de árvores primitivas da região, como o carvalho e a oliveira, fomentando desde cedo a consciência sobre a importância de cuidar do meio ambiente.

Igualmente relevante é o “Projeto Florir”, uma iniciativa direcionada para jovens adolescentes, criando um espaço seguro onde podem conversar sobre as transformações físicas e emocionais que estão a vivenciar, as relações interpessoais e os cuidados essenciais com o corpo e a mente.

Como acredita que o conhecimento não tem limites, continua a frequentar formações complementares pós-graduadas na área da assistência à mulher, no acompanhamento pré-natal e na preparação e assistência ao parto. Mantém a convicção de que ainda vamos a tempo de voltar a admirar a magia e a beleza natural do nascimento, mesmo que, para isso, seja necessário começar de novo!

Mais projetos hão de vir, pois o compromisso com a humanização dos cuidados de saúde e o bem-estar integral dos seus utentes permanece como o pilar fundamental da sua prática profissional.

 

 

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Intervenções durante o trabalho de parto

Qualquer intervenção feita durante e após o seu trabalho de parto deve ser baseado nas evidências científicas e não devem ser usadas por rotina. O uso indiscriminado de certos procedimentos do mais simples ao mais complexo, poderá desencadear uma cascata de intervenções em que uma leva a outra e  outra… elevando progressivamente o nível de complexidade dos procedimentos e o risco obstétrico e perinatal. As pesquisas mostram que a adoção de procedimentos desnecessários ou inadequadamente utilizados, como amniotomia precoce, infusão endovenosa de ocitocina, imobilidade e analgesia, estão enraizadas em convicções empíricas dos profissionais, sem que existam claras evidências científicas dos benefícios de seu emprego e podem alterar o curso fisiológico do parto. A sua adoção indiscriminada na assistência ao parto pode levar a complicações, que por vezes exigem a realização de cesariana para preservar o bem-estar materno-fetal.  

TRICOTOMIA

A tricotomia é o corte dos pelos corporais. Não há benefício neste procedimento (por rotina) e pode até aumentar o risco de infeção, pois torna a pele mais frágil e menos eficaz no seu papel de barreira aos microrganismos. Se preferir, poderá realizar a depilação prévia, em casa, se a fizer sentir bem e a deixar mais confortável.

 

ENEMA DE LIMPEZA

É a aplicação de uma solução no intestino, através do ânus, para que o seu conteúdo seja eliminado em seguida. A sua realização não dá certeza de que não haverá saída de fezes durante o parto, podendo mesmo aumentar a probabilidade de isto acontecer pois aumenta a fluidez das mesmas. Poderá efetuar este clister de limpeza em casa se isto a deixar mais confortável. Há cada vez menos instituições que têm esta prática por rotina.

 

ACESSO VENOSO (com ou sem administração de soros)

O objetivo é ter um acesso venoso para administração de soro ou medicamentos, caso seja necessário. Alguns serviços iniciam soros a todas as grávidas, outros apenas deixam o cateter para o caso de ser necessário. Numa gravidez de baixo risco, este procedimento não é essencial, desde que compreenda que na eventualidade de uma emergência (rara neste contexto), poderá demorar um pouco mais a administração da medicação por ter que se cateterizar a veia nesse momento.

 

ALGALIAÇÃO

A sonda de Foley (algália) é usada para manter a bexiga vazia, quando não conseguir urinar espontaneamente (às vezes pode acontecer depois da epidural). A bexiga cheia pode ser um obstáculo à descida do bebé. Nalguns serviços a sua colocação faz parte do protocolo da epidural. Numa situação destas, caso a queiram algaliar e não o deseje, poderá questionar outras opções (ida à casa de banho, colocação de aparadeira ou cateterismo vesical intermitente). Nos partos por cesariana a algaliação é feita para controle do débito urinário que poderá estar comprometido por razões relacionadas com a anestesia, tensão arterial entre outras.

 

ACELERAÇÃO DO TRABALHO DE PARTO

Enquanto ambos estiverem bem (mãe e bebé) e o trabalho de parto estiver a evoluir, não haverá necessidade de acelera-lo. Assim, poderá parir a seu tempo, sem pressa e sem pressões. Antigamente existia uma “fórmula” aplicada a todas mulheres que relacionava a velocidade da dilatação com as horas em que a mulher estava em trabalho de parto. Atualmente este conceito está em desuso, pois cada mulher evolui ao seu ritmo. A UNICEF lançou uma campanha para o trabalho de parto cujo slogan é “Quem Espera, Espera” alertando para a necessidade de aguardar a hora que o bebé escolhe para nascer. O tempo do trabalho de parto é importante para o amadurecimento final do feto, havendo a libertação de substâncias, como os corticosteroides, que agem, p. ex.  nos pulmões do bebê, promovendo a sua maturação assim como de outros órgãos. A dilatação não é o único indicador de que o trabalho de parto está a evoluir. Deve-se estar atento também à posição e grau de progressão do bebé através do canal de parto. Não adianta estar com a dilatação completa e a cabeça do bebé ainda estar alta, fora da bacia. É sabido que um ambiente de tranquilidade e segurança oferecido durante todo o processo do parto auxilia na progressão do mesmo. Assim, se grávida ficar  sob stress vai ocorrer libertação de adrenalina que, pode retardar a progressão do trabalho de parto ao inibir a produção de ocitocina e diminuir as contrações uterinas. Salvaguardam-se situações como a rotura prolongada das membranas com risco de infeção, exaustão materna onde poderá estar indicado acelerar ou mesmo induzir com o uso de ocitocina ou prostaglandinas. É importante que as escolhas sejam feitas de maneira consciente e informada.

 

ROTURA ARTIFICIAL DE MEMBRANAS (RAM)

Na gravidez, o feto fica envolvido em membranas dentro do útero, que contém um líquido produzido inicialmente pelo corpo da mãe e a partir do 4º mês, pelo bebé. Esse líquido, entre outras funções, tem efeito de proteção ao equalizar a pressão sobre o bebé, o que resulta em menor pressão na cabeça e no colo do útero. A RAM, também chamada de amniotomia é indicada por alguns com o objetivo acelerar o trabalho de parto ou quando se deseja analisar as características do líquido amniótico, uma vez que quando o líquido tem mecónio (líquido esverdeado), em cerca de 1/5 dos casos pode ser indicador de algum compromisso do bem-estar fetal. Ao rompermos a bolha de água, a barreira entre a vagina contaminada e a cavidade uterina estéril desaparece. Isso pode aumentar o risco de infeção e criar um limite de tempo para o parto. Existe ainda um risco de prolapso do cordão – esta situação constitui uma emergência obstétrica. Na RAM assim como qualquer outro procedimento, devem ter avaliados os riscos e benefícios da sua realização para tentarmos perceber se os últimos superam os primeiros. Quando não se rompe as membranas artificialmente elas, na grande maioria dos casos, acabam por romperem-se espontaneamente. Quando raramente isso não acontece, os bebés nascem dentro da bolsa d’água – chamado de parto empelicado (acontece 1 em 90.000 partos). A amniotomia, como qualquer outro procedimento, só deve ser realizada após o seu consentimento.   ANTIBIOTERAPIA Existem certas situações em que o uso de antibiótico está protocolado nos diferentes serviços durante o trabalho de parto para prevenir ou tratar infeção, como por exemplo, na rotura prolongada da bolsa d’água, na presença da bactéria Estreptococos do Grupo B na vagina/reto da grávida. Os protocolos podem variar de hospital para hospital. Por outro lado, o uso de antibiótico pode alterar o ecossistema vaginal e, o bebé ao passar pela vagina poderá não entrar em contacto com toda a flora que habitualmente ali existe, levando a uma diminuição do estímulo da sua imunidade. Estudos mostram que o bebé ao entrar em contacto com a flora vaginal da mãe, será colonizado pela mesma o que vai estimulará a sua imunidade e melhor adaptação à vida extrauterina, quando comparados aos bebés que nascem de cesariana eletiva.

 

ANÁLISES

Normalmente são feitas, durante a gravidez um conjunto de análises em cada trimestre. Quando é admitida na maternidade para ter o seu bebé, pode ser necessário a colheita de sangue para a realização de alguma análise eventualmente em falta. Durante o trabalho de parto, nos casos de rotura prolongada da bolsa d’água, febre materna também pode rá ser necessário a realização de análises para rastreio de eventual infeção.  

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Monitorização fetal

A avaliação da frequência cardíaca fetal (FCF) é um indicador do bem-estar do bebé. Ao longo do trabalho de parto, poderá ser avaliada de uma maneira contínua ou intermitente. A cardiotocografia, vulgarmente chamado de “cintas”, consiste no registro gráfico da frequência cardíaca fetal e das contrações uterinas pelo cardiotocógrafo. É colocado um transdutor no abdómem da mãe para registo da FCF e outro no fundo uterino para registo da atividade uterina. Estes transdutores ficam presos por cintas. A monitorização contínua da FCF acaba por levar a alguma restrição dos movimentos da mulher, mesmo que ela não fique na cama. Contudo é possível fazer monitorização intermitente se o exame apresentado previamente for tranquilizador. Esta avaliação intermitente é feita a intervalos determinados ou, sempre que o profissional assim o entenda ou seja solicitado pela grávida. Na verdade, não existe nenhuma evidência científica da necessidade de monitorização contínua da FCF nas gravidezes de baixo risco. Nestas, a monitorização da FCF deve ser feita de forma intermitente, até com um aparelho portátil, uma vez que poderá haver traçados cardiotocográficos falsos positivos que poderão levar a intervenções desnecessárias. No período expulsivo, pode ser necessário passar para monitorização contínua da FCF.

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O Toque vaginal

O toque vaginal consiste na introdução de dois dedos na vagina para avaliar a progressão do trabalho de parto através de:

  1. a dilatação do colo – numa fase inicial fala-se em dedos, 1 ou 2 dedos – e depois em centímetros de dilatação;
  2. comprimento/extinção – resultados em percentagem: 50% de extinção, 80%;
  3. consistência do colo – duro, mole;
  4. a posição do colo (anterior, intermédio ou posterior);
  5. altura do bebé na pelve.

   Alguns profissionais conseguem perceber através das atitudes da grávida, (como por ex. a capacidade de conversação, o seu comportamento, o tom de voz, as vocalizações), altura da auscultação do foco fetal, frequência das contrações uterinas, a evolução do trabalho de parto sem necessidade de efetuar esta observação. O fato do colo estar fechado hoje, não quer dizer que o bebé não vá nascer hoje. Da mesma maneira, se houver dilatação, não quer dizer que o parto não demore semanas… e às vezes, a dilatação completa não quer sempre dizer que “falta pouco”… Os toques vaginais podem ser desconfortáveis ou dolorosos, e sabe-se que quantos mais toques forem realizados, maior o risco de infeção. Mas por vezes, é a própria grávida que se sente mais confiante se forem realizados toques vaginais com mais frequência. A grávida tem a possibilidade de solicitar ser examinada por um único profissional se isto for importante para ela. Ás vezes os próprios profissionais que a estão a acompanhar, podem solicitar uma “segunda opinião” a um colega. A OMS orienta que, num trabalho de parto que esteja a evoluir normalmente, a avaliação pode ser feita por toque vaginal de 4 em 4 horas. O toque vaginal deverá ser efetuado somente após a grávida tomar conhecimento dos seus riscos (rotura das membranas, hemorragia e infeção – que acontecem raramente) e dar o seu consentimento.  

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O papel da dor no trabalho de parto

A dor, quer seja física ou psicológica, é um dos sintomas mais importantes sentido pelo ser humano e, tem sido alvo de muitos estudos e mensurações. Ela sofre influencias de fatores extrínsecos e intrínsecos variados tais como sono, fome, experiência prévia com a dor, fatores culturais, pessoais, sociais e religiosos. A dor no trabalho de parto, assim como qualquer outra dor, habitualmente é vista com uma conotação muito negativa e por norma, nem grávidas nem profissionais de saúde lidam muito bem com ela. Contudo, a dor é uma grande aliada da grávida e, é importante que a mesma a compreenda e aceite, no sentido de que a capacidade de passar por ela é um fator de empoderamento da mulher. Também os profissionais de saúde que trabalham em obstetrícia a devem compreender e aceitar, se esta for a vontade da mulher. O papel dos profissionais deve ser o de auxiliarem a grávida nesta promoção da autonomia da mulher. Se retrocedermos uns 20 anos, quando a analgesia do parto não era oferecida por rotina, notamos que as grávidas pariam mais rápido… talvez de forma mais “violenta, agressiva e barulhenta”. O certo é que as mulheres, ainda que instintivamente, ou com os ensinamentos das matriarcas, se mantinham mais por casa no início do trabalho de parto, na zona de conforto a aguardar que as dores aumentassem e, quando não conseguiam controlar os sinais que o corpo dava, é que procuravam ajuda dos profissionais de saúde a nível hospitalar. E mesmo aí, sempre que possível, tentavam manter-se em movimento. Não existia o efeito bloqueador da epidural.  As mulheres tinham melhor perceção do trabalho de parto, da descida da apresentação e pressentiam o momento do nascimento… quando tinha chegado a hora… Ao avançarmos para este milénio, onde a analgesia epidural se tornou rotineira, verificamos que grávida permanece na maioria das vezes deitada, sob o efeito do bloqueio epidural ou, para monitorização da frequência cardíaca fetal (FCF) com as cintas. Essa diminuição da mobilidade da mulher durante o trabalho de parto,  faz com que a evolução todo o processo seja mais lenta… Se refletirmos um pouco, conseguimos constatar vários factos:

  • a dor faz com que as mulheres se mobilizem e procurem posições mais verticalizadas, fazendo com que a gravidade ajude o bebé a descer através da pelve;
  • a dor faz desencadear a libertação de hormonas que ajudam na evolução do trabalho de parto e parto e na vinculação mãe/ bebé;
  • a mulher sem analgesia epidural consegue percecionar melhor o bebé dentro de si, mobilizar-se para diminuir a dor e ajudar o mesmo a posicionar-se e descer.

Atenção, não queremos com isto dizer que a grávida não deve fazer epidural! A analgesia do parto é importante e deve ser disponibilizada para quando a mulher quiser devendo entretanto, ser ponderado se a mesma não deve ser feita , depois de esgotadas outras formas de alívio da dor e oferecida em doses mais baixas de concentração do fármaco, para evitar o bloqueio motor. Sugestão de leituraA dor, uma aliada?

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Métodos não farmacológicos de alívio da dor

Alívio da dor

É possível que queira optar por um parto natural e não fazer qualquer tipo de analgesia farmacológica. Conseguir ultrapassar a dor depende muito da mulher, mas também do meio envolvente e da forma como os cuidados lhe são oferecidos.   É importante descobrir ferramentas que poderão ser úteis e procurar apoio na equipa e no(s) acompanhante(s) que a ajudem a manter a calma e o controle. Tem que perceber o tamanho da sua motivação e quais as suas expectativas em relação ao parto natural. Deve perceber também, que na passagem do 1º(dilatação) para o 2º (expulsão) período do trabalho de parto, é muito frequente achar que já não vai aguentar mais. Nesta fase, às contrações alia-se uma vontade irresistível de fazer força. Isto poderá deixá-la um pouco confusa. É essencial ter a noção de que dentro de pouco tempo, tudo vai ter valido a pena. Pontualmente, pode desligar-se de tudo o que está a acontecer à sua volta, ficar num estado alterado de consciência, apelidado por alguns de “Partolândia”.   É comum também ficar assustada, com muito medo ou até sem qualquer medo… Mas atenção, é importante que tenha consciência de que, se vai para o parto decidida a não fazer epidural e em determinada altura sente que já não aguenta mais, apesar de todas medidas de conforto que lhe são oferecidas, poderá sempre mudar de ideia e solicitar a analgesia epidural. Portanto, é importante que não tome nenhuma decisão definitiva, o Plano de Parto é mesmo isso, um plano que poderá e deverá ser alterado sempre que for necessário para tornar a sua experiência de parto o mais positiva e inesquecível possível.   Algumas técnicas não farmacológicas poderão ajudá-la a ter um parto sem epidural: Técnicas de respiração, massagem, parto na água, terapias complementares (meditação, yoga, hypnobirthing, Reiki).   Agora, uma dica: se alguma pessoa questionar a sua decisão de não querer epidural, pode perguntar na mesma medida, o que leva uma mulher correr uma maratona até ao final?

Mobilização

A liberdade de movimento durante o trabalho de parto, permitir-lhe-á alternar as posições, proporcionando assim maior conforto, alívio da dor, aumento da eficácia da contratilidade uterina, encurtando o tempo de duração do mesmo, ao favorecer a descida do bebé. Deve adotar posições que lhe proporcionem maior conforto: sentada, deitada de lado, de gatas, de cócoras, de joelhos, de pé… Estas escolhas, favorecem a autonomia e o seu sentimento de capacitação. Todas as posições podem ser “treinadas” em casa para tentar perceber qual/quais são aquelas que lhe oferecerão mais conforto. Algumas mulheres alcançam uma conexão tão grande com o seu corpo e com o seu bebé que conseguem, através de movimentos da pelve, criar mais espaço para o seu bebé nascer, uma vez que a pelve não é rígida. Na verdade, os quatro ossos da bacia estão conectados entre si através de ligamentos, que com o movimento se tornam menos rijos e mais flexíveis o que facilitará a abertura da pelve, aumentado os seus diâmetros, facilitando consequentemente a passagem do bebé. Ao contrário do que muita gente pensa, o bebé é muito ativo durante o trabalho de parto. Se lhe for permitido, ele fará a sua parte também.

Massagem

   Durante o trabalho de parto, a massagem poderá ser uma aliada poderosa, que acalma a mãe, alivia o cansaço e transmite segurança, carinho e força. As fibras nervosas presentes na pele carregam os impulsos nervosos gerados por meio desse contato até o cérebro, aliviando dores e tensões principalmente na fase latente do trabalho de parto. Se gosta de massagem, combine com o seu acompanhante para que este possa fazê-la. Use um óleo vegetal biológico. Poderá associar aromaterapia se usar um óleo essencial com poderes relaxantes como p. ex. a Lavândula angustifólia. Mas atenção que a qualidade do óleo é muito importante (veja se o mesmo é certificado) e o tipo de óleo a ser usado faz toda a diferença. Auxilia a amenizar as tensões do corpo, proporcionando um relaxamento muscular suficientemente adequado para atenuar o stress e a ansiedade. Ao optar por esse tipo de atividade, seja por meio de um profissional contratado ou uma clínica especializada, é importante confirmar se o mesmo possui experiência em aplicar as técnicas em gestantes. A massagem durante o trabalho de parto deve ser feita no intervalo das contrações de modo a ajudar no relaxamento da musculatura lombar e pélvica para quando chegar a próxima contração, esta possa ser recebida com maior conforto. A sensação de dor vai ser menor (sim, porque um músculo já tenso, ao contrair-se, a dor será muito maior). Como já referido anteriormente deverá usar um óleo vegetal biológico e poderá associar aromaterapia.

Acupuntura

   É uma técnica milenar chinesa que se caracteriza pela estimulação das estruturas nervosas do corpo da grávida por meio da utilização de finas agulhas que atravessam a pele sem causar dor, libertando substâncias neurotransmissores, com ação analgésica, antidepressiva e anti-inflamatória. Como resposta a esses estímulos o corpo relaxa, gerando uma sensação de bem-estar para a gestante. Não altera os níveis de consciência materna, permitindo o seu envolvimento durante todo o processo de parto, facilitando a interação mãe-filho. Por ser minimamente invasiva, não impede o uso de outras técnicas de analgesia. Portanto, a acupuntura é uma opção viável economicamente e ao que tudo indica, é uma técnica que até o momento, parece segura já que não há registro de efeitos colaterais na sua aplicação.

Acupressão

imagem posição grávida   A acupressão é um método alternativo para alívio da dor usado pela Medicina Tradicional Chinesa. Possui os mesmos princípios da acupuntura: manter o equilíbrio de energia nos diversos canais que circulam pelo corpo – chamados meridianos – que estão ligados a algum órgão alvo, mas sem o uso de agulhas. Os estímulos são feitos através das mãos e dedos em pontos específicos ou em algumas circunstâncias, combinando esses pontos para alcançar um efeito maior no alívio da dor ou para proporcionar um estado de relaxamento. Há relatos que a acupressão pode diminuir a dor e encurtar o tempo da primeira fase do trabalho de parto. Portanto, pode ser uma alternativa não invasiva a ser utilizada como meio de obter melhoria na qualidade do atendimento às parturientes.

Hidroterapia

  O parto na água não é uma novidade, uma vez que remonta à Grécia Antiga. O uso da água está relacionada com uma significativa redução da dor e do desconforto durante todo o processo de nascimento do bebé, reduzindo a necessidade de analgesia epidural. Em Portugal, o acesso à imersão em água durante o trabalho de parto e parto nas instituições de saúde é ainda bastante limitado. Água pode ser usada nas diversas fases do trabalho de parto. O bebé pode ou não nascer dentro da água, mas é necessário que, até ao período expulsivo, a mãe esteja dentro de uma piscina, submersa até ao nível das mamas, quando estiver sentada. Parece ainda não haver consenso no nosso país, em relação ao período expulsivo ser dentro d’água. Não há evidência científica que demonstre um acréscimo de efeitos adversos para a saúde da mãe e do feto. Num parto aquático, a administração da analgesia epidural está contra indicada, pelo risco de dificultar os movimentos das pernas e não ser possível à grávida suportar o seu próprio peso, movimentar-se, entrar ou sair da piscina; pelo risco infecioso, pois o local da punção para colocação de cateter epidural é uma porta de entrada para microrganismos, circulantes na água da piscina. Além disso, no caso de analgesia epidural, a mãe terá que estar ligada a monitores, sendo necessária a colocação de um cateter endovenoso numa veia para o soro e talvez uma algália no meato urinário, o que seria incompatível com um parto na água. Se pretende ter um parto na água, deve inicialmente fazer uma preparação específica para tal e procurar instituições e/ ou profissionais (parto no domicílio) que disponibilizem os meios necessários.

Terapias térmicas

A utilização do calor ou do frio foi sempre um recurso terapêutico no alívio da dor desde há milhões de anos. As compressas frias podem ser aplicadas nas costas e na região inferior do abdómen uma vez que ela pode suavizar a dor durante toda a fase ativa do trabalho de parto e período expulsivo. Do mesmo modo, o calor pode ser utilizada na região lombar, assim como no períneo durante o período expulsivo. Além do efeito relaxante, o calor liberta endorfinas, bem como estimula recetores de toque e temperatura, amenizando a sensação de dor. Vale a pena ressaltar que embora tenha bons resultados, o método possui mais efeito quando utilizado em associação a outros, como a bola suíça. A irrigação do períneo com soro morno no período expulsivo pode ajudar o relaxamento do mesmo modo diminuindo a ocorrência das lacerações perineais.

Técnicas de relaxamento

   O termo “relaxado” é usado para referir-se ao relaxamento muscular, mas também a um estado de consciência caracterizado por sentimentos de paz e alívio de tensão, de ansiedade e medo. Muitos dos desconfortos da gravidez e do parto (dor lombar, edema, náuseas, falta de ar, ansiedade e, principalmente nas últimas semanas de gestação, stress) podem ser aliviados com técnicas de relaxamento. Consoante os sintomas existem atividades específicas que ajudam a amenizá-los, p. ex. alongamento, yoga, massagem, respiração profunda, hypnobirthing, relaxamento muscular, relaxamento mental, acupuntura.   Sugestão de leitura Técnicas de relaxamento

TENS (estimulação nervosa)

   A estimulação elétrica transcutânea (EET) é um método coadjuvante não invasivo, que consiste em aplicar elétrodos na região lombar da gestante durante o trabalho de parto, com o objetivo de alívio da dor.

Estes elétrodos geram estímulos elétricos de baixa tensão (a sensação é de formigueiro local) que podem inibir o envio dos estímulos dolorosos para a medula espinhal.

O alívio das dores pode ser sentido em média vinte minutos após a colocação do aparelho. A intensidade dos estímulos pode ser controlada pela gestante. Parece que o TENS também pode promover a produção de endorfinas, causando uma sensação de bem-estar.

Nem todas as mulheres podem usar o TENS. Algumas contraindicações são: mulheres que usam pacemaker, que têm arritmias cardíacas, dores não diagnosticadas e alergias de contato.

Durante a realização da cardiotocografia ou outros exames que utilizam correntes elétricas para o diagnóstico, a TENS pode alterar os resultados.

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Métodos farmacológicos de alívio da dor

A analgesia de parto é algo recente na história da obstetrícia. Passou por várias e profundas transformações, desde a sua introdução. No início, a grávida tinha o seu bebé, permanecendo inconsciente e chegava a não se lembrar de o ter tido, até aos dias de hoje, em que a grávida sofre bloqueio/ analgesia epidural e consegue caminhar e parir em movimento. O mesmo acontece nas cesarianas atualmente: a mãe pode ver o seu bebé nascer, tocar-lhe, fazer contacto pele a pele, amamentar. Assim, há várias possibilidades de analgesia/ anestesia. Podem ser usados medicamentos por via oral, intramuscular, endovenosa ou inalatória e ainda num espaço da coluna (epidural). Estes procedimentos podem, por vezes, alterar o decurso do trabalho de parto, uns porque restringem a mobilidade, outros porque interferem com as contrações uterinas, o que obriga ao uso da ocitocina sintética aumentando a probabilidade de partos instrumentados (ventosas e fórceps).

Bloqueio loco-regional

Todas as sensações de frio, calor, dor, pressão… são enviados ao cérebro através dos nervos. Estes, vindos de cada segmento do nosso corpo vão se juntar na medula. A analgesia/ anestesia loco-regional é uma técnica médica invasiva, que induz a supressão da sensação de dor, em determinada parte do corpo. Executa-se através da inserção de uma agulha na região lombar da coluna materna, através da qual se injeta anestésico local na proximidade dos nervos que conduzem a sensação dolorosa. Pode ser de 3 tipos: epidural, raquianestesia e combinada (raquianestesia-epidural), dependendo do local onde vai ser injetado o medicamento. Antes de realizar a analgesia é importante que os conheça os riscos para que possa tomar a sua decisão de maneira consciente e deverá assinar o consentimento informado que lhe será fornecido pelo médico. Vai-lhe ser pedido que adote a posição deitada de lado ou sentada, de acordo com a preferência do anestesista. A sua ajuda é muito importante para facilitar o trabalho do médico e diminuir o risco de falhas. Contudo, encontrar o espaço ideal pode não acontecer à primeira; não se preocupe, procure adotar a postura solicitada para facilitar o trabalho do anestesista. Depois de o cateter estar no sítio, é fixado com adesivo. A função do cateter é permitir o acesso contínuo ao espaço epidural para que novas doses de analgésicos sejam dadas sempre que necessário. De acordo com a intensidade da dor podemos fazer mais ou menos doses. É importante perceber que quanto maior a dose, maior a possibilidade de acontecer um bloqueio motor que a impede de se mobilizar. Portanto, algumas vezes, poderá ter que decidir se prefere sentir algum incómodo, mas ter a possibilidade de se mobilizar sempre ou não ter qualquer desconforto e ser obrigada a permanecer na cama. A melhor altura para realizar a epidural é quando a grávida solicita, quer esteja com 1 ou 10 cm de dilatação. Porém, numa fase mais adiantada do trabalho de parto quando estiver provavelmente mais agitada, a sua colaboração poderá não ser a ideal e o anestesista poderá optar por não fazer, por não considerar seguro. Se o trabalho de parto evoluir para uma cesariana o mesmo cateter epidural poderá ser utilizado para “aprofundar” a anestesia e ser possível esta cirurgia. A analgesia epidural está contraindicada nos casos de infeção localizada ou generalizada, quando existem alterações na coagulação do sangue ou a grávida apresenta um desvio importante da coluna tornando a técnica de difícil ou até impossível execução. Apesar da epidural promover um alívio substancial do desconforto no parto, 1 em cada em 20 casos a analgesia pode não ser eficaz. São várias causas: cateter deslocado, pressão das estruturas pélvicas maternas pela apresentação fetal, existência de zonas de “janelas” onde a analgesia não atinge. Todos estes são fatores para que não haja uma impregnação completa pelo analgésico. Não há evidência científica que demonstre que a analgesia loco-regional aumente o número de partos por cesariana. O aumento da probabilidade de um parto instrumentado por via vaginal, ou seja, com recurso a ventosa ou fórceps, é ainda discutível. Esta técnica não aumenta a duração da primeira fase do trabalho de parto (dilatação do colo do útero), mas poderá aumentar a duração da segunda (período expulsivo), principalmente se perder a sensação de puxo e a mobilidade. Poderá surgir uma hipotensão transitória, por vezes associada a náuseas e vómitos e ainda diminuição da perfusão útero-placentar que é corrigida com administração de soro. Pode acontecer também dificuldade no esvaziamento da bexiga uma vez que pode não ter a sensação de bexiga cheia. Em alguns serviços, está protocolado algaliação das grávidas que fazem analgesia epidural. A ocorrência de náuseas, vómitos, prurido (comichão) e raramente dor de cabeça também podem ocorrer. Muito raramente poderão ocorrer lesões neurológicas transitórias ou permanentes, hematoma epidural, meningite ou infeções do sistema nervoso central. Poderá ainda ocorrer depressão respiratória e cardiovascular, com necessidade de outras intervenções clínicas mais invasivas. Em relação ao bebé, não foi demonstrado alteração na vitalidade e nos reflexos ou aumento da necessidade de reanimação após o nascimento, nas mulheres que receberam este tipo de analgesia durante o parto.

Óxido Nitroso

O óxido nitroso, protóxido de nitrogênio, ou protóxido de azoto, também conhecido como gás hilariante ou gás do riso (porque provoca uma sensação de bem-estar) é usado há mais de um século. Apresenta propriedades anestésicas e é muito popular em países como Canadá, Suécia e Inglaterra, mas ainda pouco usado em Portugal. É mais uma opção para as mulheres em trabalho de parto menos invasiva e com menos riscos que uma anestesia como a epidural. O gás usado no trabalho de parto é uma mistura com o oxigénio (metade oxido nitroso e metade oxigénio) e é a própria mulher que controla quando e por quanto tempo necessita usar. Após ser inalado, o gás alcança os pulmões, rapidamente entra na corrente sanguínea alcançando o sistema nervoso central. O gás atua no córtex cerebral, região relacionada com sentimentos de medo, ansiedade e autocensura. Acredita-se que ele reduza as transmissões nervosas no córtex. Alguns estudos mostram que o acido nitroso não parece reduzir a dor de uma maneira importante, mas ele é capaz de proporcionar um estado de espírito em que as pacientes se concentram menos na dor que estão a sentir. Vantagens:

  1. É uma opção segura à epidural;
  2. Oferece à mulher a possibilidade de estar sempre no controle do seu parto, inclusive no controle da dor pois é ela quem determina quando e quanto inalar;
  3. Não interfere com a cascata hormonal fisiológica que acontecem ao longo do trabalho de parto (dança das hormonas);
  4. A sua administração é simples e segura e não requer supervisão médica;
  5. Não é tóxico;
  6. Ajuda a reduzir a ansiedade e o medo;
  7. Rápida eliminação do gás da corrente sanguínea;
  8. Não apresenta complicações pós-parto;
  9. Não provoca doença hepática e renal.

Desvantagens:

  1. Náuseas;
  2. Tonturas;
  3. Vómitos;
  4. Sonolência;
  5. Tem menor eficácia que a epidural pelo que algumas mulheres acabam por solicitar a epidural.

 

Anestesia geral
Técnica que permite o alívio da dor, de forma rápida, mas também induz a perda de consciência.
É utilizada em situações de emergência/urgência obstétrica, embora cada vez menos. Também pode ser realizada a pedido da grávida, se esta se sentir muito ansiosa, receosa ou quando a anestesia loco-regional está contraindicada. Para ser executada é necessário que haja um acesso venoso permeável e, a administração dos fármacos é feita através de injeção endovenosa e pelo tubo oro-traqueal. É uma técnica segura. Há medicamentos usados neste tipo de anestesia que passam para o bebé, através da barreira da placenta, mas o seu efeito desaparece rapidamente.
Quando é realizada anestesia geral, habitualmente não é permitida a presença de acompanhante no bloco operatório.

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Liberdade de Movimentos

A liberdade de movimento durante esta fase permite-lhe alternar as posições, proporcionando-lhe assim maior conforto, alívio da dor, aumento da eficácia da contratilidade uterina, que inevitavelmente ajudarão no progressão do trabalho de parto e na descida do bebé, encurtando o período expulsivo. Os movimentos da sua pelve, ajudarão o bebé a adaptar-se aos maiores diâmetros da sua bacia mais facilmente. Atenção que nesta fase, se optou pela epidural, uma vez que as contrações são mais intensas, poderá vir a solicitar uma dose maior de anestésico o que poderá impedi-la de movimentar-se. Uma solução passará por optar por uma dose menor de analgesia epidural, sentir algum desconforto, mas ter a possibilidade de movimentar-se livremente.

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Liberdade de posicionamento

Na hora do bebé nascer, deve adotar posições que lhe proporcionem maior conforto: sentada, deitada de lado, de gatas, de cócoras, de joelhos, de pé… A posição “ideal” é na verdade, aquela que a mulher escolher naquele momento. Estas escolhas, favorecem a autonomia e sentimento de capacitação da mulher. As posições verticalizadas (cócoras, sentada) podem ajudar na descida do bebé. Algumas mulheres estão bem deitadas de lado ou na posição de gatas. A “posição tradicional” para parir (deitada de costas pernas afastadas sobre perneiras), oferece ao profissional uma visão facilitada para efetuar procedimentos como a episiotomia, manipulações perineais, por exemplo. No entanto, esta posição provoca geralmente mais dor, diminui a oxigenação do bebé, prolonga o período expulsivo e diminui a participação da mulher. Mais uma vez deverá ser levada em consideração a possibilidade de adotar posições confortáveis para si, uma vez que a dose da epidural poderá impedi-la de movimentar-se livremente. Sugestão de leituraPosições maternas durante o trabalho de parto e parto

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Episiotomia

Classicamente, a definição de episiotomia é “um corte cirúrgico na região vulvar, com indicação obstétrica para impedir ou diminuir o trauma dos tecidos do canal do parto, favorecer a liberação do feto e evitar lesões desnecessárias do polo cefálico”. A incisão costuma ser feita quando a cabeça do bebé já está a distender o períneo. Pode ser lateral, médio-lateral e mediana. As episiotomias medianas são as que menos provocam danos no assoalho pélvico e a recuperação é menos dolorosa. Porém, nas últimas décadas, as evidências científicas demonstraram que a episiotomia deveria ser usada apenas em “casos especiais” e não “por rotina” como ainda acontece em muitos serviços. Contudo, estudos mais recentes concluem que nem nos “casos especiais” existem vantagens na sua execução. Atualmente a OMS desaconselha vivamente a prática da episiotomia, sendo esta considerada por alguns, uma mutilação genital. Se não fizer episiotomia, pode acontecer uma laceração perineal de 1º e até 2º grau. É importante que saiba que estes tipos de lacerações não resultam em alterações funcionais adversas. As lacerações perineais do 3º grau (que envolvem o esfíncter anal) são raras. O que é “esperado” das episiotomias é uma diminuição do risco de lacerações graves na região perineal que pode danificar o esfíncter anal. Mulheres com episiotomia podem ter um período pós-parto bastante desconfortável e a cicatriz poderá ser causa de dores durante as relações sexuais. Algumas atitudes podem diminuir os riscos de lacerações perineais, são ex.: permitir que a cabeça do bebé nasça vagarosamente, uso de compressas de água morna, massagens pré-parto, bem como exercícios de relaxamento direcionados para a região perineal. Assim, deverá conversar com os profissionais da maternidade onde irá ter o bebé, bem como no dia do parto referir as suas preferências quanto a este procedimento. Estudos recentes concluíram que a episiotomia, quando comparada a qualquer laceração espontânea de segundo grau, mostrou-se uma lesão mais grave, com complicações mais severas a longo prazo. Sugestão de leitura: A episiotomia à luz da lei

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Manobra de Kristeller/ “Toco-braçal”

A manobra de Kristeller é uma técnica que consiste na aplicação de pressão no fundo uterino com as mãos, os punhos ou os antebraços para acelerar o nascimento do bebé. Esta manobra pode provocar dor, hematomas, fraturas de costela, rotura uterina, roturas musculares e danos graves no pavimento pélvico. Em alguns países a sua execução é ilegal.

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Parto Instrumentado – Ventosa/ Fórceps

            O parto vaginal instrumentado refere-se à aplicação de um instrumento obstétrico (ventosa, espátulas ou fórceps) para auxílio da extração fetal. O parto distócico por ventosa visa a aplicação de um sistema de vácuo, por pressão negativa, que faz flexão e tração na apresentação cefálica. O fórceps é um dispositivo metálico semelhante a umas colheres, que se aplica sobre ambos os lados da cabeça do bebé e que permite, mediante suaves manobras de rotação e extração, auxiliar a saída do mesmo. Graças à sua forma curva, “abraça” a cabeça do bebé, mas sem a comprimir em demasia. Funcionam como um prolongamento das mãos do obstetra. A sua aplicação visa encurtar o período expulsivo. Tanto os fórceps quanto a ventosa, em mãos experientes, não fazem mal ao bebé (senão, não estariam à disposição num bloco de partos). O seu uso deve obedecer a algumas regras fundamentais uma vez que pode acarretar riscos, que deverão ser analisados na decisão final da via do parto. A realização de uma cesariana com o bebé numa posição muito baixa no canal do parto, não é de todo um procedimento de fácil execução. Deverá sempre questionar os profissionais de saúde da maternidade, se esses recursos fazem parte da prática da instituição e, ponderar se a instituição que escolheu é a melhor de acordo com o que tinha idealizado. Num trabalho de parto fisiológico, natural, sem intervenções, muito raramente haverá necessidade de usar estes instrumentos.

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Cesariana durante o Trabalho de Parto

A cesariana que acontece durante o trabalho de parto, não tem qualquer relação com a cesariana programada, com ou sem indicação médica. O facto de, de alguma maneira, o bebé “estar sendo avisado que vai nascer” promove mudanças importantes no seu organismo como p. ex. a produção de cortisol responsável pelo amadurecimento de alguns órgãos do bebé, a produção de ocitocina, a hormona do amor, responsável pela proteção das células cerebrais do bebé diminuindo a sua sensibilidade às baixas de oxigénio, vinculação mãe/bebé, entre outras coisas. A cesariana é um procedimento cirúrgico originalmente desenvolvido para salvar a vida da mãe e/ou da criança, quando ocorrem complicações durante o parto. É, portanto, um recurso utilizado em situações de urgência, quer por risco materno, quer por risco fetal ou de ambos. Como qualquer procedimento cirúrgico, a cesariana como cirurgia que é, não é isenta de riscos, acarreta maior morbilidade e mortalidade quando comparada ao parto vaginal. Se já estiver com cateter de analgesia epidural, provavelmente usará a mesma via para a anestesia epidural (a diferença vai estar na dose do anestésico usado que será maior). Quando a cesariana é de emergência e não há tempo desta dose maior fazer o efeito anestésico, opta-se pela anestesia geral cuja instalação é imediata. A desvantagem é que estará a dormir e não vai ver o seu bebé nascer. Durante o procedimento a sensação de tato persiste – vai sentir mexer, pressionar… como a anestesia no dentista, mas não deverá sentir qualquer dor. Às vezes pode ter tremores e até uma sensação de mal-estar, náuseas ou vómitos que são sintomas facilmente revertidos com uso de medicação própria. Os riscos e as complicações das cesarianas serão discutidas na secção de “cesariana programada”. A escolha de qualquer intervenção médica, em termos éticos, deve basear-se no resultado da equação riscos e benefícios.

Relato e Extração
Tem como objetivo descrever todos os procedimentos e técnicas que estão a ser executadas durante a cesariana. Não é prática corrente, contudo se assim o desejar, o obstetra ou outro profissional de saúde, pode narrar os acontecimentos. É uma forma de diminuir a ansiedade materna. O facto de relatar a cesariana, diz à mulher o preciso momento, em que o bebé vai ser retirado de dentro dela e esta pode solicitar que a manobra, desde que não seja urgente/emergente, seja feita de forma suave, tranquila e lenta.

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O parto em Apresentação de Pelve

Porque é que alguns bebés ficam sentados? Existem muitas teorias sem que haja ainda um consenso: pode ser porque o rabo do bebé é mais pesado que a cabeça, ou porque o bebé não teve muito espaço para se virar na altura que deveria fazê-lo (porque o bebé está maior que habitual ou porque o volume do líquido amniótico é menor que o necessário), seria por hiper-reactividade uterina (a mulher tem muitas contrações de treino)… Quando chega ao fim da gravidez, 96% dos bebés estão com a cabeça para baixo e 4% estão sentados e muito raramente (0.01%) os bebés poderão estar também atravessados (situação transversa ou em apresentação córmica (de ombro). Atualmente, numa primeira gravidez com o bebé sentado, está indicado a realização de um parto por cesariana. A discussão poderia ser: quando fazer esta cesariana? Deixar iniciar o trabalho de parto (neste caso data do parto torna-se escolha do bebé que “avisa” que está pronto) ou programar a cirurgia na ausência de um trabalho de parto. Numa segunda gravidez, com um parto vaginal anterior, desde que exista uma equipa treinada em partos pélvicos, este é perfeitamente possível de acontecer via vaginal. Se está no 3º trimestre e o seu bebé não “deu a volta”, caso pretenda, existem várias maneiras de tentar virar o bebé para evitar uma cesariana: versão cefálica externa (ver sugestão de leitura), acupuntura, spinning babies, entre outros. Sugestão de leitura Versão Cefálica Externa

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