Com o avanço da tecnologia farmacológica, a ocitocina foi sintetizada artificialmente e hoje é utilizada largamente na obstetrícia, principalmente para acelerar o trabalho de parto. É maravilhoso ter uma hormona tão espetacular como esta numa ampola, para poder utilizá-la e gozar de todos os benefícios de sua ação celular não fosse, ao mesmo tempo, tão arriscado. Extremamente eficaz a provocar contratilidade uterina, porém é só um dos muitos efeitos desta hormona maravilhosa!

Se por um lado, o uso da ocitocina artificial é capaz de corrigir partos disfuncionais, por outro, pode causar disfunção em partos fisiológicos que evoluiriam perfeitamente só com a ocitocina natural.

Usar ocitocina artificial, durante o trabalho de parto que está a evoluir naturalmente, aumenta a probabilidade de surgirem complicações para a gestante: quando ela é administrada durante o trabalho de parto, ocorre uma redução no número de recetores de ocitocina no útero para prevenir uma hiperestimulação. Isso significa que no pós-parto, o risco de hemorragia será maior, pois mesmo que a administração de ocitocina se mantenha, será inútil devido ao baixo número de recetores. Uma vez que produção de ocitocina natural foi inibida, no pós-parto não haverá também produção de ocitocina em quantidade necessária para manter a contração do útero após a saída da placenta, o que causará perda aumentada de sangue.

O uso de ocitocina artificial durante o trabalho de parto também aumenta o risco de complicações para o recém-nascido: a ocitocina materna atravessa a placenta e entra no cérebro do bebé durante o trabalho de parto. A sua função aqui será proteger as células cerebrais fetais “desligando-as”, prevenindo a hipóxia numa altura em que os níveis de oxigénio disponíveis para o feto são naturalmente baixos. Por um lado, a ocitocina sintética, não tem a capacidade de atravessar a parede placentária, logo não atingirá o organismo do bebé, consequentemente não oferecerá proteção às suas células cerebrais; por outro, o uso desta irá diminuir a produção ocitocina natural, diminuindo a proteção das células cerebrais fetais contra níveis diminuídos de oxigénio.

Além disto, muito do prazer descrito pelas mulheres após o parto, está relacionado com a cascata de hormonas como endorfina e adrenalina, que são produzidas sinergicamente com a ocitocina natural, numa espécie de dança fisiológica. O mesmo não acontece com a ocitocina artificial.

O vínculo mãe/bebé, a sua capacidade de entrega, de vencer o cansaço e o sono, também tem relação com a ocitocina que ela produz. Desta forma, a enxurrada de hormonas que a mulher produz durante o trabalho de parto parece ser essencial para dar início a esta nova parceria. O uso inadequado de ocitocina artificial poderá dificultar o processo de vinculação.

O grande problema do uso da ocitocina artificial, é que o corpo diminui a produção própria: “se já tenho, não produzo mais”.  Isto pode explicar problemas como o insucesso no aleitamento materno; aumento da incidência de depressão pós-parto e baby-blues, com o uso de indiscriminado desta.

Diminuir o tempo do trabalho de parto, parece um argumento sedutor para o uso da ocitocina e outras técnicas artificiais. Quando se pode diminuir custos e riscos com o uso da hormona natural, parece um raciocínio paradoxal sobre a eficácia da tecnologia médica.

O relógio não pode ser mais importante do que o tempo que o bebé necessita para nascer e, uma mulher precisa para se tornar mãe.

 

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