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Todas as sensações de frio, calor, dor, pressão… são enviados ao cérebro através dos nervos. Estes, vindos de cada segmento do nosso corpo vão se juntar na medula. A medula está envolvida por um “saco” com três camadas chamadas meninges: a dura-máter, mais exterior, a aracnoide, intermédia, e a pia-máter, que cobre intimamente todas as estruturas nervosas. As meninges estão sobrepostas umas as outras e delimitam diferentes espaços, sendo que dois são os espaços que nos interessam: o espaço epidural, mais exterior, entre as paredes do canal vertebral e a dura-máter, e o espaço subaracnoídeo, situado após a membrana aracnoide, e que é caracterizado por estar preenchido com o líquor que “banha” todo o sistema nervoso. É ao nível destes dois espaços que o anestesista vai atuar, injetando os fármacos para obter a analgesia. Na anestesia epidural, os fármacos são injetados no espaço epidural, logo, sem perfurar qualquer das meninges. Se for injetado no espaço subaracnoideu, chamamos de raquianestesia.
Antes de realizar a analgesia deverá assinar um consentimento informado que lhe será fornecido pelo seu médico.
Vai ser-lhe pedido que adote a posição deitada de lado ou sentada, de acordo com a preferência do anestesista que em seguida vai proceder à desinfeção das costas. Atenção, a sua ajuda é muito importante para facilitar o trabalho do médico e diminuir o risco de falhas.
É colocado um campo esterilizado e o anestesista, através da palpação, vai identificar o espaço entre as vértebras que deverá colocar uma agulha para chegar até ao espaço epidural e assim passar o cateter por dentro dessa agulha que depois será retirada ficando somente o cateter. Às vezes encontrar o espaço ideal pode não acontecer à primeira, não se preocupe, procure adotar a postura solicitada.
Depois de o cateter estar no sítio, é fixado com adesivo e já está. A função do cateter é permitir o acesso contínuo ao espaço epidural para que novas doses de anestésicos sejam dadas sempre que necessário.
De acordo com a intensidade da dor podemos fazer mais ou menos doses. É importante perceber que quanto maior a dose, maior a possibilidade de acontecer um bloqueio motor o que a vai impossibilitar de se mobilizar. Portanto, algumas vezes, poderá ter que decidir se prefere sentir algum incómodo, mas ter a possibilidade de se mobilizar sempre ou não ter qualquer sensação de desconforto, mas ser obrigada a ficar na cama uma vez que foi instalado o bloqueio motor.
A melhor altura para realizar a epidural é quando a mãe solicita, pois, os efeitos desejados e indesejados são exatamente os mesmos, quer seja feita com 1 como com 10 cm de dilatação. Numa fase mais adiantada do trabalho de parto quando estiver provavelmente mais agitada, a sua colaboração poderá não ser a ideal e o anestesista poderá optar por não fazer a epidural por não considerar seguro.
Se o trabalho de parto evoluir para uma cesariana o próprio cateter epidural poderá ser utilizado para “aprofundar” a anestesia e ser possível a cesariana.
A analgesia epidural está contraindicada nos casos de infeção localizada ou generalizada e quando existem alterações na coagulação do sangue ou quando a grávida apresenta um desvio importante da coluna tornando a técnica de difícil ou até impossível execução
A analgesia loco-regional é uma técnica médica invasiva, e como qualquer outra técnica não é isenta de riscos. É importante o conhecimento desses riscos, para que possa tomar a sua decisão de maneira consciente.
Apesar da epidural promover um alívio substancial do desconforto no parto, 1 em cada em 20 casos esta analgesia não é suficiente. Ou porque o cateter se deslocou, ou o bebé está numa posição capaz de exercer alguma pressão sobre as estruturas pélvicas e esta pressão é difícil de eliminar mesmo com a epidural ou porque existem zonas de “janelas”, em que o anestésico não consegue penetrar corretamente sendo impossível uma analgesia completa e eficaz.
Segundo os últimos estudos, a analgesia loco-regional não aumenta a probabilidade do seu parto ser por cesariana. A probabilidade de um parto por via vaginal instrumentado, ou seja, com recurso a ventosa ou fórceps, é ainda discutível.
Esta técnica não irá aumentar o tempo da primeira fase do seu trabalho de parto, a fase de dilatação do colo do útero, mas poderá aumentar a duração da segunda fase do trabalho de parto, a fase expulsiva, principalmente se perder a sensação de puxo.
Após a epidural, poderá haver uma hipotensão transitória às vezes associada a náuseas e vómitos e ainda diminuição da perfusão útero-placentar que poderá ser corrigida com administração de soro.
Pode acontecer também dificuldade no esvaziamento da bexiga uma vez que pode não ter a sensação de bexiga cheia. Alguns hospitais, algaliam por rotina as grávidas que recebem uma analgesia epidural. No entanto, a colocação de uma algália na bexiga pode limitar ainda mais a capacidade de a grávida se movimentar e também aumenta o risco de infeção urinárias. Nestes casos, a vigilância e o esvaziamento pontual da bexiga (com uma sonda semelhante à algália, mas que é retirada após a saída da urina) é muitas vezes suficiente. Numa situação destas, caso a queiram algaliar e não o deseje, poderá discutir as várias opções com o seu médico.
A ocorrência de náuseas, vómitos, prurido (comichão) e raramente dor de cabeça também podem ocorrer.
Muito raramente poderão ocorrer lesões neurológicas transitórias ou permanentes, hematoma epidural, meningite ou infeções do sistema nervoso central. Poderá ainda ocorrer depressão respiratória e cardiovascular, com necessidade de outras intervenções clínicas mais invasivas.
Em relação ao bebé não foi demonstrado que a vitalidade, reflexos do bebé ou necessidade de reanimação após o nascimento estejam aumentados significativamente quando a mãe recebeu este tipo de analgesia durante o parto.